Para coordenador de Campanhas Climáticas da 350.org e Fundador da Coalizão Não Fracking Brasil, já passou da hora dessa temática entrar como prioridade nas pautas universitárias

 

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Durante palestra a alunos do curso de Engenharia Ambiental da Universidade Federal do Paraná (UFPR) na manhã desta terça-feira (23), o coordenador de Campanhas Climáticas da 350.org e Fundador da COESUS – Coalizão Não Fracking Brasil pelo Clima, Água e Vida – Juliano Bueno de Araujo, cobrou mais espaço na comunidade acadêmica para discutir o fraturamento hidráulico, método não convencional para extração de gás de xisto (shale gas), também chamado de Fracking.

“Não é possível que mesmo depois do governo brasileiro vender o subsolo para exploração do gás de xisto à indústria do hidrocarboneto, colocando em perigo a vida de milhões de brasileiros, nossa biodiversidade e as principais reservas de água, a academia brasileira se mantenha alheia ao debate”, afirmou Juliano.

Desde 2013, a COESUS, 350.org Brasil e Fundação Cooperlivre Arayara, com o apoio de dezenas de entidades e movimentos sociais, realizam a campanha Não Fracking Brasil para impedir que o fraturamento hidráulico aconteça no país. Dos 15 estados que tiveram o subsolo leiloado pela Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e biocombustíveis (ANP), o Ministério Público Federal já obteve liminar suspendendo os efeitos dos leilões em seis e outros pedidos tramitam na Justiça Federal.

Além de conhecer os meandros da tecnologia, os riscos e perigos do Fracking, os alunos puderam entender qual a relação da extração do gás de xisto por fraturamento hidráulico com o agravamento das mudanças climáticas, seus impactos para produção de alimentos, segurança hídrica, elevação do nível do mar, saúde das pessoas e animais, e ocorrência de terremotos.

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Juliano Bueno de Araujo com a Professora Ana Flávia Godói.

Ao final da palestra, todos os participantes da Semana Acadêmica manifestaram sua indignação diante do silêncio das autoridades brasileiras em relação à intenção de se explorar comercialmente o gás de xisto por Fracking. A professora do curso, Ana Flavia Godói, foi categórica ao afirmar que “as universidades não podem permanecer herméticas e em silêncio a essa grave questão que pode afetar a todos num futuro bem próximo”. Ela contou que viu de perto os impactos do Fracking quando morou na Califórnia, nos Estados Unidos, período em que cursou seu doutorado. “Lá a situação é muito grave e desalentadora, com falta de água crônica e um cenário de devastação que mais parece um filme de ficção. Não posso acreditar que querem trazer isso para cá e a gente não sabe de nada”, lamentou.

Apoio da comunidade acadêmica

A Campanha Não Fracking Brasil realiza periodicamente palestras, seminários, oficinas de capacitação e sensibilização nas instituições de ensino, mas sempre de forma isolada graças ao apoio de professores e especialistas contrários à tecnologia. Pela importância e relevância, é fundamental que as universidades promovam um amplo debate interno que mobilize alunos, professores e funcionários para ampliar a discussão e levar esse tema para a sociedade.

“Afinal, o Brasil precisa investir numa matriz energética ultrapassada, poluente e injusta socialmente dos hidrocarbonetos quando temos um enorme potencial para a geração de energia limpa, renovável e segura? A Academia pode e deve contribuir para acharmos o caminho para um futuro sustentável”, questionou Juliano.

Agente de contaminação e destruição

FRACKING é a tecnologia utilizada para a extração do gás de xisto. Milhões de litros de água são injetados no subsolo a altíssima pressão misturados com areia e um coquetel de mais de 720 substâncias químicas, muitas delas cancerígenas e radioativas. Parte dos resíduos permanece no subsolo contaminando os aquíferos. O que retorna à superfície contamina os rios e nascentes, o solo e o ar, além de provocar câncer nas pessoas e animais.

Onde o fraturamento hidráulico ocorre não há água para consumo humano, o solo torna-se infértil para a agricultura e são registrados severos problemas de saúde, como má formação congênita, esterilidade nas mulheres e homens, abortos e doenças crônicas respiratórias.

A tecnologia também está associada a terremotos pelas fortíssimas explosões na rocha do folhelho pirobetuminoso de xisto e ao agravamento do aquecimento global pela emissão do metano, 86 mais danoso à camada de ozônio que o dióxido de carbono.

Por seus impactos severos e irreversíveis para o ambiente, produção de alimentos e saúde, o fraturamento hidráulico já foi proibido em dezenas de países e deixa um legado de devastação e destruição onde é utilizado.

 

Para saber tudo sobre a campanha basta acessar www.naofrackingbrasil.com.br. Envie para[email protected] seu endereço de e-mail e seja um voluntário da campanha pela Vida. 

 

Por Silvia Calciolari

Fotos: COESUS/350Brasil