Mais de uma semana após a 13ª Rodada de leilões da ANP para a exploração de gás de xisto no Brasil por fraturamento hidráulico, conhecido como FRACKING, continua a repercutir na imprensa internacional o protesto realizado pela COESUS – Coalizão Não Fracking Brasil, 350.org Brasil,  Fundação Cooperlivre Arayara e parceiros.

Na abertura da rodada realizada no último dia 7 de Outubro no Rio de Janeiro, integrantes da Coalizão, líderes indígenas e ativistas contra o fracking realizaram um protesto no auditório onde estavam os representantes das empresas petroleiras e do governo brasileiro.

Segurando cartazes e falando palavras de ordem, o objetivo foi mostrar aos participantes do leilão que os brasileiros não vão aceitar silenciosamente operações de fracking. Isto porque sem promover uma discussão nacional, a Agência Nacional de Petróleo e Gás Natural (ANP) insiste em vender blocos para exploração de gás de xisto, muitos localizados em áreas de florestas, de grande produção agrícola e pecuária e sobre os principais aquíferos.

A ação também teve como finalidade alertar sobre mudanças climáticas, já que o fracking contribui para o aquecimento global com a liberação sistemática do metano, requerer respeito aos direitos indígenas, promover o desinvestimento em combustíveis fósseis e, por fim, promover a justiça climática.

Campanha contra o fracking continua

“Vamos lutar até o fim para impedir que esta tecnologia nociva ao meio ambiente, à agricultura e à saúde das pessoas e animais seja implantada no Brasil”, afirmou o coordenador da COESUS – Coalizão Não Fracking Brasil, Dr. Eng. Juliano Bueno de Araujo para a plateia.

Junto com lideranças de vários povos indígenas impactados, sindicatos rurais patronais de diversos estados , cooperativas agrícolas, lideranças do movimento climático e ambientalista, parlamentares, cientistas e especialistas em energias renováveis que apoiam a campanha nacional e internacional, o alerta foi dado: A sociedade brasileira NÃO quer fracking e NÃO vai permitir que ele aconteça aqui e em lugar nenhum.

O protesto da Coalizão Não Fracking Brasil e seus parceiros na 13ª Rodada ganhou as páginas de jornais e sites de notícias do Brasil e do mundo. Acompanhe a repercussão aqui (https://www.scoop.it/t/clipping-nao-fracking-brasil)

O Brasil não precisa de fracking

“De todas a ações da campanha, a mais importante que temos feito é informar e mobilizar as comunidades nas cidades, no campo e em áreas onde vivem indígenas isolados contra o fracking”, apontou Nicole Figueiredo de Oliveira, líder da equipe 350.org Brasil e parte da Coalizão Não Fracking Brasil.

Sobre a população indígena, Nicole informa que oito grupos participam desta campanha para manter o fracking longe de suas terras, das florestas e dos recursos hídricos preciosos do nosso país. “Vamos dar voz à população indígena e condições para serem ouvidos pelo governo brasileiro”.

No final daquele dia, uma conferência de imprensa foi organizada, onde chefes indígenas puderam falar contra o fracking e compartilhar sua experiência com a exploração de petróleo nas regiões da Amazônia e do Paraná.

Conferencia de imprensaMaria Valdenice Silva de Souza, representante dos Nukini que vivem no Acre, deu um depoimento emocionado sobre a luta de seu povo contra a Petrobrás e a exploração de petróleo: “Eu era criança quando a Petrobrás chegou em nossa aldeia. Vivemos os impactos até hoje, com muito sofrimento e doenças graves como câncer. Sem a natureza, o que vai ser de nós? Pelos meus filhos e netos, jamais vou desistir de lutar”.

O Cacique João Dias Nawa, de Mâncio Lima também no Acre, enfatizou sua disposição em lutar: “Estou aqui firme e forte para somar. Não queremos as bacias contaminadas como acontece no Peru após 40 anos de exploração”. Para o cacique, “é difícil imaginar a nossa natureza sendo ameaçada, e não só a dos povos indígenas, mas dos não índios também. Temos que enfrentar essa luta, todos unidos”.

Para o presidente da Associação dos Povos Indígenas Brasileiros (Apib), Kretã Kaingang, o Estado está reduzindo os direitos dos povos indígenas e também dos tradicionais: “Não somos contra o crescimento, mas temos o direito de sermos ouvidos”.

O representante do povo Guarani, que vive no Norte Velho do Paraná, Eloi Jacinto, “o fracking é uma nova forma de colonização, mais um tentativa de dizimar o nosso povo. Vereador em Santa Amélia, Eloi assegurou que o mandato estará voltado para mobilizar seu povo e toda a população não índio que devem ser atingidos pela exploração de gás de xisto por fraturamento hidráulico.

Descrito pela imprensa especializada como um retumbante fracasso, foram comercializados 37 dos 266 blocos ofertados.

Seminários

Seminario de coordenacaoPara promover a discussão e demonstrar aos participantes do leilão os impactos nocivos que o fraturamento hidráulico poderá provocar em nosso país, a Coalizão Não Fracking Brasil promoveu simultaneamente ao leilão dois seminários.

“Fracking = A ameaça para Amazônia” reuniu lideranças e representantes de povos indígenas do Acre, São Paulo e Paraná que debateram os impactos que o fracking trará para as suas comunidades.

Contaminação da água, eliminação da biodiversidade, fim da economia local são alguns dos danos irreversíveis se esta tecnologia for implantada no Brasil, assim como está acontecendo em diversas partes do mundo onde esse modelo minerário é utilizado.

O outro seminário, “Fracking = O fim da agricultura brasileira”, reuniu agricultores e engenheiros agrônomos e ambientais para discutir os efeitos nocivos à água e ao solo, que pela contaminação estarão impróprios para a produção de alimentos, agropecuária e até para abrigar pessoas e animais.

O que é Fracking

Fracking é um processo destrutivo usado para extrair gás da rocha de xisto que se encontra no subsolo. É preciso perfurar um poço profundo e injetar milhões de litros de água misturados a centenas de produtos tóxicos e cancerígenos e toneladas de areia a uma pressão alta o suficiente para fraturar a rocha e liberar o gás metano.

Em todo o mundo, as comunidades estão exigindo a proibição imediata desta prática perigosa, pois contamina a água que serviria para o consumo humano, indústria e agricultura e também os lençóis freáticos com centenas de produtos químicos utilizados no processo. Além dos impactos ambientais, econômicos e sociais, o fracking já está associado a terremotos e também contribuiu para as mudanças climáticas.