Os brasileiros – e o mundo – vem ouvindo constantemente que o País está no caminho certo para cumprir seus compromissos internacionais em mudanças climáticas, mas será que isso é verdade? O Observatório do Clima (OC) desenvolveu uma estimativa, com base nos dados do Sistema de Estimativas de Emissões de Gases de Efeito Estufa (SEEG) e chegou a conclusão que o cenário é outro. 

De acordo com a nota divulgada (em inglês), o Brasil não deverá cumprir nem mesmo a generosa meta que impôs para o ano de 2020 na Política sobre Mudança do Clima. E, além disso, também não terá instrumentos para cumprir com o que se comprometeu para 2025 no Acordo de Paris, definido durante a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP21).

A projeção resultante dessas premissas era uma emissão de 3,236 bilhões de toneladas de CO2 equivalente em 2020. O esforço nacional, sacramentado em 2010 num decreto que regulamentou a política, seria de chegar a 2020 emitindo algo entre 2,068 bilhões de toneladas (36,1% de redução) e 1,977 bilhão de toneladas (38,9% de redução).

Porém, segundo os cálculos apresentados, baseados nas emissões de 2017, no melhor cenário, o Brasil terminaria 2020 com emissões de carbono 2,3% maiores do que as previstas no compromisso menos ambicioso e 7% superiores ao mais ambicioso. E ainda, se levarmos em conta que existe um aumento de 8,5% no desmatamento da Amazônia em 2018 – fator que deve elevar as emissões – e os casos frequentes deste ano, os números deverão ser ainda mais distantes das metas. 

A nota ainda explica que o Brasil nem sequer apresentou um plano para implementar a Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC) a partir do ano que vem, além do governo ter extinguido as instituições que deveriam cuidar desse tema. O Plano Nacional de Adaptação à mudança do clima, que é parte integral da meta brasileira em Paris, também está parado. O resultado de tudo isso? O País já deve entrar endividado no período de cumprimento do Acordo de Paris, tornando sua NDC ainda mais cara e difícil de cumprir. 


Com informações do Observatório do Clima