Moradores de Peruíbe presentes na segunda votação da emenda

Por Daiana Lopes

Movimentos populares de Peruíbe estão mobilizados para comparecer, na tarde desta quarta-feira,  à Câmara Municipal da cidade. O objetivo é acompanhar a reapresentação do projeto de Emenda à Lei Orgânica do Município,  que impede a instalação de grandes empreendimentos que emitam gases poluentes e causadores de chuva ácida. O propósito maior da medida é barrar a instalação de uma usina termoelétrica no município.

Na semana passada, em segunda votação, o projeto não foi aprovado porque seis dos 15 vereadores se ausentaram do pleito – não conseguindo a Frente Parlamentar, que defende a emenda, atingir os dez votos mínimos necessários. “Nos vimos diante de uma grande manobra arquitetada pelos grupos de poder, que vem influenciando a nossa política local com interesses econômicos escusos. Perdemos a votação mas não perdemos nossa ação mobilizadora. Pelo contrário, estamos cada vez mais fortes”, afirma Marcelo Carvalho Saes ativista do Coletivo Ativista Litoral Sustentável (CALS)

A comunidade, que é a contra a instalação da usina, e que lotou o plenário para acompanhar a votação, revoltou-se com a postura dos representantes. Os vereadores a favor da emenda decidiram reapresentá-la nesta quarta-feira. Segundo a vereadora da Frente Parlamentar, Milena Bargieri, nesta quarta-feira será feita novamente a leitura do projeto, que depois seguirá o trâmite normal, passando por todas comissões antes de ir à votação no plenário.

“Depois da fuga de seis dos nossos vereadores da votação passada, mostraremos que não desistiremos de salvar Peruíbe e o resto de Mata Atlântica que ainda há no mundo. Pressionaremos até a emenda ser aprovada”, declaram ativistas do movimento.

Em defesa da vida

A emenda trata de uma proposta de alteração da Lei Orgânica do Município de Peruíbe, que visa proteger a cidade de mega-empreendimentos poluidores e fortalece os empreendimentos hoteleiros e comércios de baixo impacto socioambiental. Peruíbe é um município com título de estância balneária e 46% do território é composto por unidades de conservação, com presença de aldeias indígenas. Além da poluição do ar, estudos apontam que a termoelétrica usará água do mar e devolverá essa água dessalinizada e contaminada, impactando em perda  da biodiversidade marinha.

A mobilização contra o projeto reúne a sociedade civil, organizações e coletivos que seguirão lutando pra impedir os perigos do projeto industrial da Gastrading Comércio de Energia. Representantes da COESUS – Coalizão Não Fracking Brasil pelo Clima, Água e Vida, a 350.org Brasil e América Latina e a Fundação Arayara estarão novamente presentes em Peruíbe, nesta quarta-feira, para apoiar o movimento em mais uma ação do programa “Litoral no Clima”.

“Não podemos permitir que um dos mais belos balneários de São Paulo seja destruído para atender interesses de poucos. Defendemos o desenvolvimento sustentável e o incentivo a fontes de energia renováveis”, afirma Juliano Bueno de Araujo, coordenador de campanhas da 350.org Brasil e América Latina e coordenador nacional da COESUS.