Cacique Roberto Anacé participou da 22a Conferência do Clima a convite da 350.org Brasil, e levou para Marrakesh os conhecimentos tradicionais de seu povo junto à natureza

 

Por Silvia Calciolari

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Apoiador da campanha Não Fracking Brasil, o Cacique Roberto Anacé, ao lado de Nicole Figueiredo de Oliveira, participou do evento ‘Fossil Free’ junto com representantes de outros povos tradicionais (Foto: 350.org).

 

“Preservem nosso subsolo! E que a energia do sol e dos ventos sirva a todas as pessoas e não as colonize.” Este foi o apelo que o cacique Roberto Anacé, liderança do povo indígena Anacé que vive no Ceará, Nordeste do Brasil, fez para os líderes mundiais durante ação de conscientização realizada na manhã desta segunda-feira (14), na COP 22, para exigir o fim dos investimentos em projetos que tenham como base os combustíveis fósseis – ‘Zero Fóssil’.

Junto com lideranças indígenas de várias partes do mundo que participam da Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, Roberto Anacé defendeu o congelamento dos projetos para petróleo, gás e carvão, e para toda e qualquer forma de utilização do fraturamento hidráulico (fracking) para a produção de energia.

O cacique Roberto está em Marrakesh a convite da 350.org Brasil e América Latina, organização que denuncia as mudanças climáticas e luta contra o fraturamento hidráulico, método não convencional para extração do gás de xisto, também conhecido como fracking.

 

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Realizado pela 350.org, Anistia Internacional e Track0, o painel ‘Spotlight on Environmental Defenders’ contou com a participação de lideranças defensoras do meio ambiente e dos direitos humanos de países como Brasil, África, Marrocos e representantes da República das Ilhas Marshall (Foto: 350.org).

 

O Povo Anacé, assim como outros povos e comunidades tradicionais na América Latina, participa do movimento de resistência contra o avanço da indústria dos combustíveis fósseis, que está impactando suas culturas e meios de subsistência.

“Defendemos as nossas reservas culturais, espirituais e a nossa alma e é essa herança que nos faz resistir pela biodiversidade, por nossos filhos e netos, pela nossa essência”, destacou o cacique.

Durante a sua participação na COP 22, Roberto Anacé enfatizou a importância dos povos indígenas terem espaço para defender a preservação dos recursos naturais e o fim da devastação promovida pela indústria do hidrocarboneto. “Espero que a sociedade civil saiba do seu papel nesse processo para que mais tarde a gente não tenha que dizer ‘por que vocês chegaram tão tarde?’ quando tudo estiver perdido”, alertou.