A Secretaria Especial de Saúde Indígena (SESAI) lançou nesta quinta-feira um boletim que enumera os casos suspeitos e confirmados de indígenas com COVID-19.
São 22 casos suspeitos de indígenas contaminados no país. São três no Distrito Sanitário Especial Indígena (Dsei) Interior Sul (RS-SC); três no do Litoral Sul (SP-PR); três no do Alto Rio Juruá (AC); três no Ceará; três no Maranhão; três em Manaus, um no do Alto Rio Solimões e um no de Parintins (AM); um no do Amapá e Norte do Pará; um no de Minas Gerais e Espírito Santo.
Na terça-feira, foi confirmado o primeiro caso em indígenas no país, uma jovem da etnia Kokama de 20 anos que é também agente indígena de saúde (AIS), do município de Santo Antônio do Içá, no Alto Rio Solimões, noroeste do Amazonas.
“Temo o impacto que essa pandemia terá nos povos indígenas. Há questões culturais, que os deixam distantes das informações sobre a gravidade da doença e o cuidado a ser tomado. Há questões estruturais, visto que as aldeias indígenas são longe dos hospitais, e que muitas não possuem saneamento básico. Há também questões políticas, e um histórico no qual o governo vem desestruturando os atendimentos médicos aos povos indígenas nas aldeias. O momento está sendo difícil para todos mas devemos olhar com atenção e solidariedade para a questão indígena e outros povos tradicionais, pois mais uma vez, eles poderão ser os mais impactados”, disse Nicole Oliveira, diretora da 350.org América Latina.
Desde a saída dos médicos cubanos do Programa Mais Médicos, os indígenas vêm sofrendo com a precariedade nos atendimentos. Em abril de 2019, 3 crianças do Xingu faleceram sem atendimento médico e o programa de saúde indígena foi aos poucos sendo desmantelado. Houveram mudanças estruturais na Secretaria que enfraqueceram o sistema de apoio e monitoramento às aldeias, e os funcionários ficaram meses sem receber salário.
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Livia Lie – comunicóloga, coordenadora de Campanhas Digitais da 350.org Brasil e América Latina, gerente de campanhas digitais do Instituto Internacional Arayara e e Voluntária da Coalizão Não Fracking Brasil pelo Clima Água e Vida.