Estudos recentes lançados nos Estados Unidos comprovam que a saúde das pessoas e animais que vivem próximos aos poços onde acontece a exploração de gás de xisto por fraturamento hidráulico, conhecido como Fracking, está em perigo.

Investigações epidemiológicas conduzidas pelo Professor Brian Scwartz, da Universidade Johns Hopkins em Baltimore, comprovaram de forma definitiva que viver perto de fracking aumentam as gestações de alto risco, provocando uma assustadora taxa de nascimentos prematuros e elevando ainda mais o índice de mortalidade infantil nos Estados Unidos.

Já o estudo da Universidade do Missouri organizado por Susan Nagel e equipe testou em ratos produtos químicos utilizados no fracking e registrou a baixa contagem de espermatozoides em animais que foram expostos antes do nascimento.

“É o tipo de ameaça, agora comprovada por estes e outros estudos, que a sociedade brasileira não vai admitir”, afirma o Dr. Eng. Juliano Bueno de Araujo, fundador e coordenador da COESUS – Coalizão Não Fracking Brasil.

De acordo com Juliano, “nossa campanha não é contra o gás de xisto ou o desenvolvimento, e sim contra a tecnologia suja e perversa.  Queremos crescer com segurança e de forma sustentável, sem riscos ao ambiente e às pessoas”.

A campanha Não Fracking Brasil informa a sociedade brasileira sobre os riscos e perigos do fracking e mobiliza entidades, gestores públicos e parlamentares para impedir que o método aconteça e ameace o futuro do país.

O que é fracking

Para liberar o gás metano que está no subsolo, fratura-se a rocha de xisto com milhões de litros de água, areia e um coquetel de 600 produtos químicos e cancerígenos em alta pressão. Mais de 65% do que é injetado permanece no subsolo e contamina o lençol freático e aquíferos, como já esta comprovado por outros estudos. O restante volta para a superfície e contamina a água, o solo e ar.

Nos Estados Unidos, o coração de fracking, o gás não convencional passou de 16% para 35% da produção de energia em 15 anos. Além dos danos na saúde como câncer e doenças cardíacas, o fracking já está sendo responsabilizado por terremotos.

“Além de todos esses efeitos, as mudanças climáticas também são intensificadas pelo fracking, pois o metano é um gás de efeito estufa 86 vezes mais prejudicial que o CO²”, ressalta Nicole Figueiredo de Oliveira, diretora da 350.org Brasil, parceira da COESUS na campanha contra o fracking no Brasil e América Latina.

Para Nicole, na Conferência do Clima 2015 (COP 21) que acontece em Paris em novembro, “o desinvestimento em combustíveis fósseis e todos estes aspectos estarão em pauta, pois a vida no planeta depende de uma aliança global para diminuir as emissões e investir na geração de energia limpa e renovável”.

Gravidez de alto risco

Os dois estudos foram publicados no Segundo o Professor Brian Schwartz, o estudo sugere que os efeitos na saúde de quem vive perto de fracking devem preocupar as autoridades, pelo menos durante a gravidez.

A Pensilvânia passou de 100 poços de gás não convencional em 2006 para mais de 8.000 hoje: “O crescimento da indústria de fracking nos tirou a capacidade de avaliar os danos para o meio ambiente e, tão importante quanto, os impactos na saúde pública “.

Schwartz examinou registros de nascimentos de 10.946 bebês no Norte e Centro da Pensilvânia entre 2009 e 2013 e comparou os endereços das mães e a localização dos poços de gás, tendo em conta fatores como profundidade e quantidade de gás produzido.

As mães que vivem nos locais com maior atividade de fracking foram 40% mais propensas a ter bebês prematuros do que aquelas que vivem bem longe das zonas de fracking. Obstetras também foram 30% mais propensos a rotular a gravidez como de “alto risco”, com base em fatores como a pressão arterial alta e ganho de peso excessivo.

Ratos contaminados

Na Universidade de Missouri,  foram testados 24 produtos químicos utilizados no fracking e 23 deles baixaram a contagem de espermatozoides em ratos que foram expostos antes do nascimento, enquanto 30% interferiu com hormônios da tireoide.

A pesquisadora Susan Nagel afirmou que não é difícil provar danos causados por produtos químicos em concentrações suficientes, porém só expôs os ratos a níveis encontrados em torno de poços de fracking.

Além disso, a pesquisa observou que algumas combinações de produtos químicos causaram mais danos do que qualquer um por conta própria. “É claro que há uma alteração no sistema endócrino por produtos químicos utilizados no fracking, que podem agir sozinhos ou em combinação com outros produtos para interferirem com a função hormonal do corpo”, disse Nagel.

Leia texto original dos estudos no site IFlScience.com

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