Confesso que como facilitador e organizador, meus níveis de ansiedade estavam bem mais altos do que o normal. Tanta coisa poderia dar errado. Meu maior receio era justamente esta tremenda diversidade. Teríamos conflitos? As pessoas iriam se respeitar? Todos teriam seu espaço? Como garantir um ambiente seguro e inclusivo?
Ao final do primeiro dia do encontro, o receio caiu por terra. Virou empolgação e inspiração. Ouvimos histórias fortíssimas de todas as regiões do mundo de como estão enfrentando a indústria dos combustíveis fósseis e as violações aos direitos humanos em seus territórios. Relatos de ameaças, mortes, estratégias de sucesso e vitórias.
Ficou claro para todos os participantes, que mesmo não falando a mesma língua ou estando em um continente diferente, ninguém está sozinho. Todos estamos do mesmo lado e lutando contra inimigos semelhantes. Foi esse sentimento de família, união e solidariedade que possibilitou que tivéssemos 4 dias com inúmeras trocas de experiências, muito aprendizado, algumas lágrimas, e muitas risadas. Risadas? Sim. Mesmo o tema sendo muito pesado é como diz um amigo meu: “a resistência se faz com alegria, com bom humor”.
Mas afinal, o que é ser um defensor climático? Essa era uma das perguntas que me fazia antes de começar o encontro. Posso afirmar que agora eu sei. É defender a natureza, os povos marginalizados, o próximo, os territórios, mas sobretudo, é defender a vida.
Ilan Zugman – Mestre em sustentabilidade, organizer da 350.org Brasil e voluntário da Coalizão Não Fracking Brasil pelo Clima, Água e Vida