Posts: Page 184

Segunda sem carne

 

O que as mudanças climáticas têm a ver com o nosso atual padrão de consumo de carnes?

Segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), muito. Desde 2006, a organização reconhece que aproximadamente 18% das emissões globais de gases do efeito estufa (GEE) oriundas de atividades humanas vêm precisamente do setor pecuário. Mais do que isso, a FAO alega que a produção animal é uma das maiores causas dos mais urgentes problemas ambientais, incluindo também poluição de terra e água e perda de biodiversidade.

São muitas as razões pelas quais o setor pecuário é tão impactante sobre o meio ambiente, mas uma delas é a ineficiência no uso dos recursos alimentares, já que grandes quantidades de ração são utilizadas para produzir pequenas quantidades de carnes, laticínios e ovos. Disto decorre, por exemplo, que mais de 97% do farelo de soja produzido em todo o mundo é usado para alimentação de animais, o que também ocorre com mais de 60% do milho e cevada.

Por estes e outros motivos, o desmatamento na Amazônia brasileira tem, hoje, a pecuária como sua causa principal. O desmatamento da Amazônia, por sua vez, emite mais gases de efeito estufa do que qualquer outra fonte de emissões no nosso país. O Brasil tem hoje mais bois do que gente e é o maior exportador de carne bovina e de frango do mundo. Tamanho crescimento deste setor implica não apenas em impactos sobre as mudanças climáticas e o meio ambiente, mas também sobre a saúde das pessoas e o bem-estar dos animais. Enquanto isso, o consumo per capita de carnes do brasileiro e da brasileira só aumenta, atingindo a marca de cerca de 220 gramas por pessoa por dia — um exagero em relação a qualquer padrão de referência do mundo.

Existem várias propostas por aí para fazermos a nossa parte na redução de tamanhos impactos do setor pecuário. Uma delas, que tem demonstrado ter um bom apelo junto à sociedade, às organizações e mesmo aos governos é a Segunda Sem Carne. Fácil: um dia por semana, tire a carne do prato — e descubra novos sabores. Presente em mais de vinte países, a campanha conta com o apoio de dezenas de instituições e celebridades, incluindo a Prefeitura de São Paulo e o ex-Beatle Paul McCartney, padrinho da campanha na Inglaterra. Longe de “apontar o dedo” ou exigir mudanças drásticas em hábitos de consumo, a Segunda Sem Carne parece uma maneira particularmente amigável e poderosa de reduzir os impactos do nosso comportamento de consumo sobre o meio ambiente, os animais e as pessoas.

Por tudo isso, a 350.org Brasil apoia a Segunda Sem Carne. E você? Vai aderir?

Dia do Petróleo

 

No sábado passado (29/9), dia do petróleo, ativistas da 350.org protestaram pedindo o fim dos subsídios aos combustíveis fósseis. O protesto aconteceu simultaneamente em São Paulo e Salvador, onde os ativistas sujos de óleo pediram o não subsídio das mudanças climáticas.

Todos os anos, empresas de petróleo, carvão e gás natural recebem cerca de US$ 1 trilhão em subsídios ao redor do mundo.

Balanço da Rio+20: uma perspectiva mobilizatória

 

Paula Collet, coordenadora da 350.org no Brasil, escreveu um artigo para a edição de julho de 2012 do periódico Pontes. Confira abaixo.

Neste artigo, a autora realiza um balanço das atividades da ONG 350.org na Rio+20. Embora reconheça a necessidade de muitas mudanças no que diz respeito à participação da sociedade civil e ao desenvolvimento sustentável, a autora considera que a Rio+20 conferiu uma grande responsabilidade aos movimentos sociais nesse processo de transformação.

A 350.org é uma organização não-governamental (ONG) que surgiu com o objetivo de ajudar organizações, governos, instituições e pessoas a empoderarem-se e fazer da 15ª Conferência das Partes (COP, sigla em inglês) – realizada em Copenhague – um momento decisivo das negociações climáticas, que nos liderasse para a redução das emissões de carbono até 350 partículas por milhão (ppm) de CO2 na atmosfera.

Depois de Copenhague, o movimento climático – inclusive a 350.org – passou por um processo de amadurecimento e reflexão sobre como dar continuidade ao objetivo referido acima em outras frentes, para além dos possíveis tratados globais. Nesse processo, algumas coisas ficaram claras: o movimento climático é forte e global, e as ações que conectam pessoas dentro das negociações com as que estão protestando fora, mais os milhares de espectadores que estão em seus países acompanhando as notícias e querendo influenciar seus governos de alguma forma, produzem uma união de forças poderosa e necessária. Além disso, também ficou claro que os motivos que impedem que os países alcancem um acordo não têm origem nas negociações, mas sim nos governos – que muitas vezes não refletem o interesse de suas populações.

Por isso, em 2010, a 350.org criou uma campanha mundial voltada ao empoderamento das pessoas, bem como a estimulá-las a criar as soluções que queriam para o mundo e convocar seus líderes políticos a acompanhá-las. Em 2011, a ONG incentivou sua rede a pressionar os governos para que cuidassem das pessoas e do meio ambiente, em detrimento dos interesses econômicos de uma minoria. Nesse mesmo ano, a 350.org enviou uma grande equipe a Durban (África do Sul) para participar da COP 17 sem grandes mobilizações ou intervenções; a proposta era aproximar os integrantes da equipe global e os parceiros da ONG para que trocassem ideias, apresentassem planos e articulassem novas parcerias.

Durante a COP, a equipe observou que as negociações estavam enfraquecidas e que sua presença naquela Conferência a afastava de seus objetivos. Para uma equipe global que promove mobilizações, treinamentos e campanhas locais (nacionais e regionais), esse quadro exigia novas medidas. Nesse sentido, a 350.org juntou-se com outras organizações e jovens e realizaram uma manifestação semelhante ao “Occupy Wall Street”, à frente do local onde se realizava a plenária da COP. Negociadores de países parceiros, lideranças africanas e todos aqueles que não se sentiam representados pelas decisões da reunião foram convidados para fazerem suas vozes serem ouvidas em um enorme jogral – prática utilizada no movimento “Occupy” e conhecida como “microfone humano” – nos corredores da negociação.

Apesar da importância dessa iniciativa, a 350.org decidiu que não mais deslocaria um grande número de seus integrantes de todo o mundo para as conferências internacionais. Após Durban, a ONG concentrou-se em levar equipes pequenas e regionais para as conferências, dar oportunidade para organizadores locais se destacarem e utilizarem o momento para reforçar as redes e parcerias regionais.

Leia mais aqui

 

350.org na Rio+20

 

5 a 13 de junho – Treinamento para multiplicadores com a participação de organizadores da rede da 350.org no Brasil e América Latina

7 a 12 de junho – Youth Blast – Conferência de Jovens para a Rio+20

17 de junho – “Ativistas Abrem Nota Enorme de US$ 1 Trilhão na Praia de Copacabana durante a Rio+20”

18 de junho – Tuitaço global pelo fim dos subsídios aos combustíveis fósseis

20 de junho – Jamie Henn, diretor de comunicação da 350.org, participando dos Diálogos Intergeracionais para a Sustentabilidade na Cúpula dos Povos

21 de junho – Bill McKibben, da 350.org, participando da Assembleia dos Povos no Riocentro

21 de junho – Membros da sociedade civil se retiraram do Riocentro, onde aconteceu a Rio+20, após decisão da Assembleia dos Povos. “O futuro que queremos não está aqui.”

22 de junho – Encontro de ativistas e mobilizadores promovido pela Escola de Ativismo na Cúpula dos Povos