29 novembro, 2019

COP25 precisa corresponder à urgência que a crise climática exige

MADRI – Enquanto representantes de governos de todo o mundo se preparam para participar das negociações da COP25 em Madri, a partir de 02 de dezembro, a ONG de campanha climática global 350.org pede aos países que finalmente levem a sério o fim do financiamento e da produção de combustíveis fósseis e façam justiça às comunidades afetadas pela crise climática.

Nas últimas semanas de novembro, a Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou três relatórios sobre o aumento das emissões de carbono e o impacto desse fenômeno nas temperaturas globais. Os relatórios da ONU expõem o terrível estado de degradação do clima em todo o mundo e a necessidade urgente de nossas sociedades se afastarem dos combustíveis fósseis. 

Nesse sentido, 2019 tem sido um ano especial, em que testemunhamos milhões de pessoas saírem às ruas, em centenas de cidades de todos os continentes, para participar das Marchas Globais pelo Clima. É impossível para os governos seguir ignorando essa demanda manifestada por tantas pessoas, de origens tão diversas. Esses cidadãos estão exigindo que seus países acelerem a transição justa que devemos fazer para um mundo em que 100% da energia seja renovável.

A 350.org estará na COP25 para lembrar aos governos que as vidas, os lares, os meios de sobrevivência e o futuro das pessoas estão em jogo. Além disso, a 350.org trabalhará para ampliar, na COP25, as vozes das comunidades da América Latina e de todo o mundo que lutam pela justiça climática. 

“Este momento é crucial para os esforços globais de combate à mudança climática. Em poucas palavras, ou as grandes empresas de carvão, petróleo e gás ganharão um jogo perverso de negação climática, que tem como objetivo apelar para uma ação lenta, ou nós, as pessoas, avançaremos para um futuro de energia limpa que funcione para todos”, definiu May Boeve, diretora executiva da 350.org. 

Para a 350.org, os governos que participarão das negociações na COP25 têm que estar à altura da urgência moral que a crise climática exige. 

Entre as ações mais urgentes para enfrentarmos a emergência climática estão: cortar todo o financiamento público e privado aos combustíveis fósseis, proibir a exploração de novos combustíveis sujos e permitir uma transição justa para as comunidades que atualmente dependem de combustíveis fósseis para trabalhar ou obter energia. 

“A única maneira de esse processo ter sucesso é reconhecer, como define a ciência, que já passou da hora de colocar a discussão sobre os combustíveis fósseis no centro das discussões. É tempo de os governos estarem do lado certo da história”, afirma May.

A posição da 350.org

  • A diretora executiva da 350.org, May Boeve, emitiu a seguinte declaração:

“Os governos precisam urgentemente levar a sério o fim da produção de combustíveis fósseis. Os países ricos devem assumir a liderança na proibição de novos projetos de combustíveis fósseis, eliminando gradualmente a produção existente e zerando subsídios e outros apoios financeiros para esse setor. Além disso, cabe aos países desenvolvidos fornecer apoio financeiro para que os países em desenvolvimento possam lidar com os impactos da emergência climática e com a transição para 100% de energia renovável. Todos esses esforços seriam facilitados se expulsássemos da COP os lobistas da indústria de combustíveis fósseis. Eles só estão lá para bloquear o progresso que o mundo precisa fazer”.

  • Nicole Oliveira, diretora da 350.org América Latina, fez as seguintes declarações: 

“A COP25 será especialmente importante para as comunidades latino-americanas porque a necessidade urgente de fazer que os poluidores paguem por seus impactos está finalmente se tornando parte da principais conversas sobre o clima. As empresas de carvão, petróleo e gás precisam compensar os danos que causaram em nosso continente durante décadas, assim como os países ricos, que são historicamente os maiores emissores, devem financiar a transição para uma economia baseada nas necessidades das pessoas, e não nas das empresas do setor de combustíveis fósseis”.

“Desigualdade, desrespeito aos direitos humanos e racismo são algumas das causas da crise climática, e esses são os mesmos fatores que têm gerado protestos e turbulências em vários países da América Latina. As pessoas em nosso continente estão exigindo uma sociedade muito mais justa, e se os governos da região estão realmente dispostos a ouvir, eles terão que agir de acordo com essa demanda, inclusive na COP25. O papel dos representantes políticos na superação da crise climática é colocar as necessidades das pessoas acima da ganância dos poluidores habituais”.

Mais informações

Peri Dias
Gerente de Comunicação da 350.org na América Latina
+591 7899-2202