10 novembro, 2021

350.org reage ao esboço de declaração final da COP26

Às vésperas dos últimos três dias de negociações da Cúpula do Clima da ONU, realizada em Glasgow, na Escócia, o governo do Reino Unido publicou o primeiro esboço da declaração final do encontro. Em resposta, os ativistas da 350.org afirmaram:

Cansin Leylim, porta-voz da 350.org:

“Esse esboço de declaração contém alguns pontos importantes que devem ser celebrados. Por exemplo, há uma decisão de que sejam produzidos relatórios de síntese anuais. Caso isso não se torne mais um fardo para os países das regiões mais afetadas, poderemos impedir que os governos espalhem desinformação sobre como suas promessas nos ajudarão a manter o aquecimento em 1,5 ºC. Isso é essencial, pois seguimos rumo a quase 3 ºC de aquecimento, o que é devastador para as comunidades do mundo inteiro, especialmente no Sul Global.

O texto pede o fim do uso de carvão e dos subsídios aos combustíveis fósseis. Esta é a primeira vez que os combustíveis fósseis são nomeados em 25 anos de negociações climáticas da ONU. Trata-se de uma grande demonstração do poder popular e das ações de base que pressionam continuamente pelo abandono dos combustíveis fósseis. Mas deixar de usar carvão apenas não é suficiente. Todos os combustíveis fósseis devem ser gradualmente deixados para trás. Se nos concentrarmos apenas no carvão, corremos o risco de criar uma dinâmica em que os países pobres com infraestrutura de carvão serão punidos, enquanto os países ricos, com mais gás fóssil em sua matriz energética, serão recompensados. Todos os combustíveis fósseis devem ser abandonados de uma única vez.”

 

Agnes Hall, ativista da 350.org:

“Como sempre, não é o que o texto diz, mas sim o que ele não diz. Ainda há uma omissão flagrante sobre qualquer aspecto financeiro do acordo. Se os países desenvolvidos não abrirem a carteira, tudo isso é discurso vazio. Seguimos aguardando o texto final, mas agora é o momento de levantarmos nossas vozes na Cúpula do Clima da ONU. Se os países desejam se adaptar e mitigar os impactos das mudanças climáticas, é fundamental que vejamos um movimento significativo em termos financeiros. Precisamos nos mobilizar para garantir que os compromissos dos Estados sejam implementados mais rapidamente e em maior escala.

Além da questão financeira, também não há menção às negociações sobre transparência, mercados de carbono e perdas e danos – pontos que serão cruciais no final desta semana.”