24 setembro, 2024

350.org responde ao anúncio do presidente Lula de entregar uma NDC alinhada a 1,5 °C este ano

Nesta terça-feira, em seu discurso na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva comprometeu-se a entregar ainda este ano uma Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC, na sigla em inglês) que esteja alinhada ao objetivo global de limitar o aquecimento do planeta a 1,5 °C acima dos níveis pré-industriais, como prevê o Acordo de Paris.

A 350.org celebra o compromisso do presidente Lula de entregar uma meta nacional de redução das emissões alinhada ao objetivo de 1,5 °C como um passo crucial em direção à ação climática de que o mundo precisa.

Ao mesmo tempo, a 350.org reitera a necessidade de que a NDC do Brasil inclua limites concretos ao consumo e à produção de combustíveis fósseis no país, em um momento em que parte do governo segue fazendo preocupantes declarações de que o país buscará expandir a produção de petróleo e gás em território nacional.

É evidente que os países ricos são os maiores responsáveis históricos pela crise climática e têm a obrigação de agir rapidamente para reduzir de maneira drástica suas emissões. Também devem financiar a transição energética justa e as medidas de adaptação nos países em desenvolvimento. No entanto, os países do Sul Global também possuem sua parcela de responsabilidade, e o Brasil não pode se eximir desse papel.

A ciência já mostrou que não há possibilidade de evitarmos os piores cenários da crise climática se não pararmos de expandir a extração e o uso dos combustíveis fósseis. O Brasil está prestes a se tornar o quarto maior produtor de petróleo do mundo, uma posição insustentável para uma nação que busca liderança climática.

Como anfitrião do G20 deste ano e da COP30, no ano que vem, o Brasil deve liderar pelo exemplo e estabelecer um precedente para outros países, apresentando uma NDC ambiciosa. As metas nacionais devem refletir um plano do país para deixar de lado petróleo, gás e carvão e promover a transição rumo às energias renováveis e produzidas de forma justa para todos.

Aspas

Ilan Zugman, diretor da 350.org na América Latina, afirma:

“​​Lula foi na direção certa em seu discurso, mas expandir a produção de combustíveis fósseis é incompatível com o papel de liderança climática que o Brasil busca e com o caminho global para limitar o aquecimento do planeta a 1,5 °C. Enquanto o governo brasileiro insistir em extrair petróleo e gás, especialmente na Amazônia, qualquer fala sobre descarbonização da economia e transição energética justa é um puro exercício de retórica”.

“Lula está certíssimo em exigir dos países ricos que cumpram sua obrigação de financiar ações de mitigação e adaptação em países do Sul Global, mas enquanto o Brasil não puser um ponto final nos planos de expansão de combustíveis fósseis, o presidente estará apenas minando sua própria credibilidade como líder climático”.

“Após um discurso correto, Lula tem a oportunidade de mostrar que não foram só palavras ao vento. Para a liderança que o Brasil quer exercer, é fundamental que o país apresente metas climáticas nacionais ambiciosas, que interrompam a expansão do petróleo e gás no país, especialmente na Amazônia, e incentivem uma transição justa para energias renováveis”.


Contato para a imprensa


Peri Dias
Comunicação da 350.org na América Latina
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