18 novembro, 2016

350.org: Retirada dos EUA do Acordo de Paris trará ‘danos sem precedentes’

Decisão do novo presidente eleito é retrocesso, e significará mais esforços de empresas e governos locais para parar de uma vez por todas os investimentos em combustíveis fósseis

 

WASHINGTON, DC — Rondam os corredores da COP 22, em Marrakesh, rumores de que o presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciará nesta sexta-feira (18) a retirada do país do Acordo de Paris. Para o movimento climático internacional, se isso se concretizar, irá trazer consequências irreversíveis. Segundo May Boeve, diretora-executiva da 350.org, se Trump cancelar o Acordo de Paris e os Estados Unidos não cumprirem suas metas climáticas, “isso causará danos sem precedentes em uma escala global.”

Poucos presidentes propuseram um rumo de ação que resultaria em impactos tão devastadores quanto estes, não só para o meio ambiente, mas também para a saúde global, o desenvolvimento, a economia e a segurança internacional.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) calcula que, se não for controlado, o aquecimento global resultará em mais 250.000 mortes por ano entre 2030 e 2050. “Com tantas vidas em jogo, não podemos permitir que a negação e o egoísmo de Trump ditem a escala de nossa ação. Os líderes mundiais devem intervir, e agora”, frisa May.

“O Acordo de Paris representa o mínimo necessário para preservar um planeta habitável. Precisamos de mais ação, não menos. Os cientistas são muito claros quando afirmam que nós não temos quatro anos a desperdiçar esperando para que os Estados Unidos voltem à mesa de negociações. É nossa responsabilidade assegurar que continuemos a elevar o nível de ambição, em vez de deixar Trump nos arrastar ladeira abaixo”, completa.

Para a diretora da 350.org Brasil e América Latina, Nicole Figueiredo de Oliveira, “este não é um desacordo político, é uma crise moral.” “O custo de sua inação será contado em vidas humanas, no desaparecimento de nações insulares inteiras e nos impactos econômicos insondáveis que virão com a catástrofe climática”, advertiu.

“Se Trump deixar o Acordo de Paris, caberá ao resto dos Estados Unidos e do mundo assegurar que conseguiremos atingir nossas metas climáticas com ou sem a Casa Branca. Isso significa apelar a todos os estados, empresas e instituições públicas para que dobrem sua ambição. Nós, ativistas, seguiremos fazendo tudo o que pudermos para manter os combustíveis fósseis no subsolo. Não iremos tranquilamente para um futuro devastado pelas mudanças climáticas. Vamos lutar a cada passo do caminho”, assegurou Nicole, que também é coordenadora nacional da COESUS – Coalizão Não Fracking Brasil pelo Clima, Água e Vida, que batalha contra o avanço da técnica do fraturamento hidráulico no país.

A 350.org está convidando outros líderes mundiais a pressionarem o presidente eleito para que faça o que é certo e reafirme os compromissos assumidos pelos Estados Unidos de reduzir suas emissões de gases de efeito estufa de acordo com o que os estudos científicos exigem.