Mais de 130 eventos já foram registrados nos seis continentes, reunindo milhares de pessoas com um mesmo objetivo: parar a indústria dos combustíveis fósseis
Entre os dias 05 e 13 de maio, a campanha global que tem o crescimento mais rápido da história terá um de seus momentos mais importantes: em diversas partes do globo acontecerá a Mobilização Global pelo Desinvestimento. O objetivo é alertar as pessoas e os líderes mundiais sobre os efeitos destruidores das mudanças climáticas e a urgência do rompimento com a indústria dos combustíveis fósseis.
Entidades de diversos segmentos da sociedade já se juntaram ao movimento global que pede a governos, empresas, organizações, igrejas, universidades e indivíduos a retirada de investimentos em carvão, petróleo e gás. Instituições de renome, como as universidades de Glasgow e Standford, respectivamente na Escócia e Estados Unidos, já anunciaram publicamente seus compromissos.
Capitaneadas pela 350.org mais de 700 instituições em 76 países já aderiram à campanha pelo desinvestimento, o que significa mais de U$5 trilhões já retirados de investimentos em projetos ligados a combustíveis fósseis. Para a semana de mobilização já foram registrados, até o momento, mais de 130 eventos ao redor do mundo.
“As pessoas estão encontrando formas criativas para manifestar sua insatisfação com o modelo energético corrupto e sujo que temos hoje, e que já se anuncia catastrófico com os registros de secas severas, enchentes devastadoras, degelo nos polos, aquecimento e acidificação dos oceanos”, afirma Nicole Figueiredo de Oliveira, diretora da 350.org Brasil e América Latina. Para ela, “se é errado destruir o planeta, é errado lucrar com essa destruição.”
No Brasil, uma grande vigília à luz de velas será realizada na Catedral da Diocese do Divino Espírito Santo de Umuarama, no Paraná, e vai reunir milhares de fiéis em preces pelas pessoas afetadas pelas mudanças climáticas na América Latina e em todo o mundo.
Destacando a importância da causa ambiental e trazendo para o cerne do debate público a preocupação com a “Casa Comum”, a Encíclica Laudato Si, lançada pelo Papa Francisco em junho de 2015, jogou luz sobre uma questão que afeta a todos os seres vivos. A partir de uma visão integral do que deve ser a “ecologia”, diversos grupos e indivíduos da Igreja uniram-se ao movimento global de combate aos principais emissores de gases do efeito estufa: os combustíveis fósseis.
Na Argentina, o Prêmio Nobel da Paz Adolfo Perez Esquivel se somou à chamada para o Movimento Global pelo Desinvestimento junto com outras personalidades. Eles participarão de conferências sobre a temática com jovens de várias universidades e estão organizando atividades para acompanhar a campanha pelo Desinvestimento na Universidade de San Martin, através do Centro de Alunos da Escola de Política e Governo. Na Universidade de Buenos Aires será realizada uma palestra do Frei Eduardo Agosta, sacerdote da Diocese de Lomas de Zamora e docente do curso de pós-graduação “Variabilidade Climática e seus impactos”.
“Para se ter uma ideia da abrangência, a 350.org Japão está organizando um dia de workshops e eventos abertos ao público em Tóquio, para encorajar as pessoas a escolherem bancos que não invistam seu dinheiro em projetos e empresas ligadas aos combustíveis fósseis ou energia nuclear”, explica Nicole.
Pessoas na Nova Zelândia e na Austrália também irão unir forças e se manifestar em frente a centenas de agências do Banco Westpac, pedindo que a instituição se junte ao movimento #StopAdani e retire seus investimentos da desastrosa e gigantesca mina de carvão de Adani.
Atividades para todos os gostos
No Reino Unido, dezenas de eventos abrangem desde a construção de uma arca para enfatizar os riscos das enchentes, até eleitores pressionando seus parlamentares para que desinvistam seus fundos de pensão dos combustíveis fósseis, e ações que simbolizam o “fracking” em frente a agências do Banco Barclays.
No Vietnã, jovens farão marchas com um par de pulmões infláveis gigante, passando por cinco universidades. A ação vai denunciar os impactos da poluição do ar causada pelos combustíveis fósseis. Enquanto isso, performances de arte de rua vão espalhar a mensagem do Desinvestimento em Taipei, Taiwan.
Na África do Sul, estudantes da Stellenbosch e da Universidade de Cape Town vão pedir às instituições para que retirem seus investimentos dos combustíveis fósseis. Uma delas será a primeira universidade do continente africano a desinvestir.
Performances artísticas “oleosas” acontecerão de forma coordenada em várias instituições culturais em todo o mundo, em lugares icônicos como o Museu do Louvre, a Fundação Nobel e o British Museum, pedindo a essas instituições para que rompam seus laços com os patrocinadores do ramo dos combustíveis fósseis.
“E estas são apenas ideias de ações que chamaram atenção pela clareza e firmeza. Todos, em qualquer lugar do planeta, podem aumentar a pressão para que suas instituições desinvistam dos combustíveis fósseis e passem a priorizar projetos para a geração de energia renovável, segura, justa e livre”, completa Nicole.