Global, 19 de julho de 2021 – Parlamentares brasileiros e de diversos outros países lançam, nesta segunda-feira, a Aliança Global para um Novo Pacto Verde (“Global Alliance for a Green New Deal“). O grupo reúne 21 congressistas, unidos na crença de que os governos precisam ir além das promessas, para que realmente consigamos limitar as mudanças climáticas globais.
Cada um dos legisladores da Aliança já vem trabalhando, na esfera nacional, em políticas transformadoras para uma renovação social, econômica e ecológica. Agora, eles estão se reunindo para chamar os líderes mundiais para uma transição rápida e justa em resposta à pandemia de Covid-19, para soluções concretas frente à crise climática e para a construção de um novo internacionalismo, baseado na cooperação e na colaboração.
A Aliança visa a dar impulso a processos internacionais estagnados, lentos e insuficientes. Seus fundadores são:
- Caroline Lucas e Clive Lewis, co-presidentes do Grupo Parlamentar Multipartidário pelo Novo Pacto Verde no Reino Unido
- Ilhan Omar, membro do Congresso dos Estados Unidos
- Joenia Wapichana (Rede-RR), parlamentar federal brasileira e membro do povo indígena Wapichana
- Manon Aubry, co-presidente do Grupo de Esquerda no Parlamento Europeu
- Paola Vega Rodríguez, presidente da Comissão Ambiental do Congresso da Costa Rica
Além dos seis membros fundadores da aliança, outros 15 parlamentares de vários países, incluindo o senador brasileiro Jaques Wagner (PT-BA), já assinaram a Declaração para um Novo Pacto Verde, que lista os princípios e as propostas do grupo.
Compromissos
Em reunião pública realizada nesta segunda-feira, os membros fundadores comprometeram-se a fazer todo o possível para promover um Novo Pacto Verde em seus países. Também chamaram os líderes mundiais a:
- Não esperar pela COP26, em novembro, para embarcar em ações ousadas de transformação para tornar o mundo mais justo e mais verde imediatamente.
- Trabalhar em grupos mais representativos globalmente, melhor posicionados para entender os desafios que o mundo enfrenta, combater a Covid-19 e reconstruir um mundo mais justo e verde.
- Responder à necessidade de colaboração global em temas como vacinas e reestruturação da dívida para as nações mais pobres do mundo, a partir de um novo internacionalismo, baseado em cooperação, colaboração e justiça global, e que também deve contribuir para uma resposta às crises climática e ambiental.
- Colocar um Novo Pacto Verde, nacional e globalmente, no coração da recuperação social e econômica frente à pandemia da Covid-19.
A aliança reúne legisladores pioneiros de todos os continentes, desde as maiores nações do mundo até os menores estados insulares. Trabalhando juntos, os legisladores esperam impulsionar um Novo Pacto Verde que, se concretizado, proporcionará justiça e solidariedade globais e construirá um novo e vibrante internacionalismo.
Os membros da Aliança conclamam legisladores progressistas de todo o mundo a se comprometerem com uma carta de princípios conhecida como a “Declaração para um Novo Acordo Verde“.
A Aliança surge a menos de quatro meses da COP26, organizada pelo Reino Unido, e um mês após a cúpula do G7 realizada em junho, que, segundo os membros da Aliança, não conseguiu fornecer o que era necessário para as pessoas e países mais pobres do mundo e para o clima.
O sexto relatório de avaliação do IPCC, previsto para o início de agosto, deverá revelar que o mundo está perigosamente próximo de ultrapassar um aumento de temperatura de 1,5 grau. Os membros da Aliança dizem que os planos que estão sendo considerados atualmente nos fóruns globais estão longe de ser suficientemente ambiciosos para fazer jus às necessidades atuais. Eles trabalharão juntos para aumentar a ambição climática e demonstrar uma nova maneira de fazer política, baseada na colaboração e na solidariedade globais.
Aspas dos membros fundadores da Aliança
Ilhan Omar, membro do Congresso dos EUA
“A mudança climática já está aqui e é uma ameaça existencial para a humanidade”.
“Já vimos as repercussões horríveis da inação: incêndios que assolam a Costa Oeste dos EUA, furacões extremos, ondas de calor na Austrália e grandes inundações ao redor do mundo. Desastres naturais como estes só vão piorar a menos que atuemos como uma comunidade global para combater a devastação. Tenho orgulho de trabalhar com parceiros globais para fazer avançar o Novo Pacto Verde e trazer mudanças transformacionais para nossa resposta internacional ao clima”.
Caroline Lucas, co-presidente do Grupo Parlamentar Multipartidário pelo Novo Pacto Verde no Reino Unido
“Fazer promessas e estabelecer metas não evitará, por si só, mudanças climáticas catastróficas. O que pode impedir esse cenário é uma ação ambiciosa, algo que está em falta. O mundo está ficando sem tempo e sem desculpas”.
“Um Novo Pacto Verde não só evitaria o pior da crise climática, como também melhoraria a vida diária da grande maioria das pessoas em todo o mundo. Este é o ‘foguete para a lua’ dos nossos tempos, mas desta vez trata-se de melhorar a vida aqui na Terra, e a única maneira de fazer isso é trabalharmos juntos de forma inédita”.
Joenia Wapichana, deputada federal brasileira (Rede-RR) e membro do povo indígena Wapichana
“Os povos indígenas, os maiores guardiões da floresta tropical, são atores-chave nas ações contra a mudança climática. A Amazônia é a maior floresta tropical da Terra, e um terço dela é coberto por territórios indígenas. A proteção da floresta tropical é vital para cumprir o objetivo principal do Acordo de Paris: limitar o aquecimento global a 1,5° C”.
“Os povos indígenas protegem o carbono armazenado nas florestas de maneira mais eficaz do que qualquer outro grupo na Amazônia. O governo e as empresas devem parar de violar os direitos dos povos indígenas e usar isso como um ponto de inflexão para trabalharem juntos, de forma a evitar o colapso ecológico”.
Paola Vega Rodríguez, presidente da Comissão do Meio Ambiente do Congresso da Costa Rica
“A luta contra as mudanças climáticas é a principal agenda a ser priorizada por todos os parlamentos do mundo. Uma das formas pelas quais podemos conseguir isso é o estabelecimento da Aliança Global para um Novo Pacto Verde, um grupo em que tenho a honra de representar a Costa Rica, um pequeno país latino-americano, reconhecido mundialmente por suas práticas ambientais e por seu compromisso com a natureza”.
“Ao longo da minha vida, eu vi e vivi o impacto que a mudança climática teve em minha região, desde inundações em nossas costas até deslizamentos de terra em nossos vales. Essa situação me inspirou a ser uma defensora do meio ambiente. Estou muito entusiasmado com todo o trabalho que faremos como comunidade global e com toda a ajuda que daremos às comunidades afetadas pelas mudanças climáticas”.
Manon Aubry, co-presidente do Grupo de Esquerda no Parlamento Europeu
“À medida que a crise climática se agrava, as desigualdades aumentam e os mais pobres tornam-se os mais duramente atingidos pelos impactos de um clima em transformação”.
“Nossa Aliança Global por um Novo Pacto Verde trabalhará para enfrentar os dois desafios do nosso século: a desigualdade e a crise climática. O crescimento verde não é a solução, é apenas mais um engodo. O Novo Pacto Verde que propomos não é compatível com a forma como organizamos a economia atualmente. Se queremos políticas climáticas justas, sistêmicas e eficazes, precisamos de uma mudança radical do livre comércio e da ideologia do livre mercado”.
Clive Lewis, co-presidente do Grupo Parlamentar Multipartidário pelo Novo Pacto Verde no Reino Unido
“Não se pode negociar com a física do clima, nem empurrar seus efeitos para uma data posterior ou esperar por um ciclo eleitoral mais favorável. A única coisa que podemos fazer como políticos responsáveis é responder a esta realidade. No entanto, muitos de nossos líderes mundiais se recusam a reconhecer e agir com base nesta premissa básica. Sua hesitação frente ao problema, com políticas climáticas de ‘greenwashing’, representa um problema não só no nível político. Eles estão decepcionando a humanidade e os bilhões de pessoas que precisam de ações radicais e transformadoras para evitar o pior desta crise. É por isso que tenho a honra e o alívio de me juntar a essa aliança global”.
“Como milhões de pessoas ao redor do mundo, não estou mais disposto a esperar que outros falhem. Se os chamados líderes mundiais se recusarem a liderar, nós e os movimentos dos quais fazemos parte lideraremos”
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