Querid@s amig@s,
Tanta coisa aconteceu no último ano que nós gostaríamos de ajudar vocês a conectar os pontos das histórias que vão ler agora.
Desde que a 350.org começou, nossa meta comum tem sido construir um movimento climático que possa vencer rapidamente a batalha de ideias sobre o clima, de modo que ela seja significativa para que as mudanças de política pública necessárias sejam feitas. Nós damos o nosso melhor e trabalhamos como uma maré que ganha força, reunindo o movimento climático de modo que ele se transforme numa grande onda. É por isso que, em 2017, continuamos a incubar numerosos esforços, criar parcerias, fazer crescer uma rede de centenas de afiliad@s e construir uma capacidade estratégica em países-chave.
Mantemos relações genuínas com muitos grupos, ampliando fronteiras em campanhas de ações diretas – e, em 2017, ajudamos a Ende Gelände, na Alemanha, a juntar milhares de pessoas para parar uma das maiores minas de carvão da Alemanha por um dia. Também trabalhamos com aliados para atingir importantes grupos de investidores europeus. Em 2017, peticionamos para que o Caisse des Dépôts Group, uma instituição financeira do setor público francesa que vale bilhões de euros, desinvestisse.
Também ajudamos a convocar numeros@s parceir@s para momentos importantes de campanhas e mobilizações, além de conectar pessoas através de diferentes políticas e abordagens estratégicas. Fizemos isso em 2017 com a Marcha Climática dos Povos, com a Promise to Protect (Prometa Proteger, em traduação livre) contra o oleoduto Keystone XL, com a campanha anti-faturamento hidráulico no Brasil e com a nova estratégia regional para parar ou diminuir a produção carbonífera no leste da Ásia.
Em 2017, continuamos a contratar defensores e defensoras locais talentos@s, em quem grupos de movimentos confiam e que podem também influenciar pessoas com informações privilegiadas – ou seja, insiders. Por essa razão, nunca seremos vistos exclusivamente apenas como outsiders ou insiders, o que nos garante a agilidade fundamental e a habilidade para convocar e reunir, enquanto perseguimos e encaminhamos nossa agenda.
A abordagem única da 350.org também foi descrita no jornal Organization and Environment: “Enquanto… ideias radicais abriram caminho, eles [350.org] trouxeram consigo ideias liberais (taxação sobre combustíveis carboníferos, cap-and-trade, subsídios à energia limpa, livre e renovável, etc.) para o centro dos debates. A posição conservadora foi encurralada e expelida, pelo menos parcialmente. A posição radical de desinvestimento ajudou o debate mais recente nos EUA no que toca soluções alternativas(ao invés de “não fazer nada” versus “fazer algo”) de forma continuada.”
Utilizamos essa abordagem para forçar as mensagens “energia 100% llivre e renovável” e “mantenha no subsolo”, precisamente porque a exigência 100% se tornou uma demanda compartilhada por diversos atores-chave. As demandas que temos trabalhado para construir ainda mais apoio e que estão sendo notadas por economistas são por “nenhum novo projeto de combustíveis fósseis” e por “nem mais um centavo para financiar petróleo, carvão e gás”. Em dezembro levamos essas demandas para a Cúpula Financeira de Macron e estamos, agora, levando-as a milhares de cidades e vilas em todo o mundo. Além disso, em setembro de 2018, vamos levá-las à Cúpula Global da Ação Climática.
Vocês sempre estiveram ao nosso lado em cada passo do caminho e estamos ansiosos para nos juntarmos ombro a ombro com vocês para o futuro do movimento climático enquanto expandimos nosso trabalho ainda mais para surfar nessa próxima onda da luta por Zero Fóssil.
Com profunda gratidão e determinação,
May Boeve, Diretora Executiva.
Trabalhamos com mais de 100 organizações parceiras para planejar a Marcha Climática dos Povos, uma mobilização massiva para defender o clima, empregos e a justiça, além de pressionar e resistir contra a agenda retrógrada da administração Trump em diversas cidades nos EUA.
Após meses de organização e trabalho conjunto com os parceiros da coalisão, aproximadamente 200 mil pessoas marcharam por Washington, DC, no dia 29 de abril de 2017, para demonstrar uma resistência que transpassa diversos movimentos e que avança nossa visão de uma economia de energia limpa que funcione para tod@s. Não apenas isso, mas centenas de milhares estiveram presentes em 370 marchas irmãs por todo o país. Apoiamos a participação de muitas organizações de vanguarda na Marcha Climática dos Povos amplificando seu trabalho nas mídias sociais, chamando a atenção para o processo organizacional de vanguarda e provendo apoio financeiro.
A 350.org esteve na frente da resistência à agenda abastecida por combustíveis fósseis de Donald Trump. Em janeiro passado, logo após a posse de Trump, nós demonstramos oposição pública massiva à indicação do ex-CEO da ExxonMobin, Rex Tillerson, para Secretário de Estado. A 350.org organizou mais de 200 pessoas para protestar ao lado de fora da audiência de Rex Tillerson no Senado dos EUA. Também organizamos milhares de pessoas no mesmo mês para protestar nos gabinetes de seus senadores no ‘Day Against Denial ’ (Dia Contra a Negação, em tradução livre) e conclamá-los a se oporem às marionetes da indústria de combustíveis fósseis que Trump nomeou para seu gabinete. Enquanto os nomeados por Trump eram confirmados pelo Senado e investidos em seus cargos, nós ajudávamos a conduzir a narrativa sobre sua negação climática e seus estreitos laços com a indústria de combustíveis fósseis.
Também respondemos de forma rápida aos novos desenvolvimentos da míope administração Trump. Quando Trump afirmou que retiraria os EUA do Acordo Climático de Paris, organizamos uma resistência em defesa pelo clima a plenos pulmões. Imediatamente após o anúncio de Trump, realizamos centenas de mobilizações ao redor dos EUA para solicitar ações climáticas aos governos locais. Mais de 2,5 milhões assinaram uma petição, feita em conjunto com parceir@s para incitar líderes mundiais a avançar em matéria de ação climática. Nós ajudamos a entregar essas assinaturas para as Nações Unidas em junho, antes da COP23.
Continuamos a promover soluções e integrar novas ideias em nossas campanhas. Nós nos mobilizamos ao redor do projeto de lei por energia 100% livre e renovável , que foi introduzido no Senado dos EUA e tem como meta que não haja mais nenhuma infraestrutura de combustíveis fósseis depois de 2020. Essa é a proposta de legislação climática mais ambiciosa da história e algo que nós e noss@s aliad@s na comunidade da justiça climática ajudamos a construir. Temos uma alternativa clara e estimulante aos planos desastrosos de Trump e sabemos como alcançar um futuro livre de combustíveis fósseis. Continuaremos a apoiar este exemplo do que nós queremos dos membros do Congresso dos EUA: 100% de energia limpa e nenhum novo projeto de combustíveis fósseis.
Também trabalhamos para construir soluções no solo. Em junho, juntamente com parceir@s, adotamos a estratégia de lançar a campanha #SolarXL. Solar XL é uma onda de resistência baseada em energia livre e renovável que está construindo painéis solares diretamente na rota do oleoduto proposto pela Keystone XL – ou seja, colocando soluções de energia limpa no meio do caminho do problema. Trabalhamos com parceir@s para construir três painéis solares no caminho do oleoduto e criamos planos para protegê-los. Essa luta é maior que um oleoduto; ela é sobre resistir por meio de soluções de energia limpa que apoiem comunidades e protejam nosso clima.
Também encorajamos e apoiamos nossa rede de 160 grupos locais afiliados à 350 ao redor dos EUA para que iniciem novas campanhas. Esses grupos tocam campanhas de base efetivas que se focam em manter os combustíveis fósseis no subsolo e em criar uma transição rápida e justa para 100% de energia limpa para todos. Aqui estão alguns poucos exemplos desse incrível trabalho local:
Após anos de luta, o Energy East — maior dutoviário de areias betuminosas já proposto e que teria transportado 1,1 milhão de barris de óleo de areia betuminosa por dia — está oficialmente cancelado.
Nosso time no Canadá realizou um trabalho importante com diversos parceir@s indígenas de vanguarda nessa luta. Em maio passado, trouxemos os Guerreiros do Clima das Ilhas do Pacífico, ativistas organizados contra combustíveis fósseis, para as areais asfálticas canadenses a fim de construir solidariedade com aliad@s indígenas. O filme que produzimos sobre essa conexão e sobre a experiência dos Guerreiros do Clima do Pacífico acumulou mais de 500.000 visualizações nos meios sociais. Enquanto a Energy East foi derrotada, continuamos lutando contra o oleoduto Kinder Morgan na Colúmbia Britânica. Organizamos milhares de pessoas para enviar comentários contra o projeto e, em novembro passado, mais de 100 ativistas de caiaque fecharam o terminal de exportações do oleoduto em Vancouver, mostrando que o Kinder Morgen não será construído sem resistência.
O presidente Trump trouxe de volta o projeto do oleoduto Keystone XL e, mais uma vez, estamos lutando contra ele em cada passo do caminho.
Pressionamos a Comissão de Serviços Públicos de Nebraska, que tem a última palavra sobre se o oleoduto obterá permissão para ser construído em Nebraska, para adiantar suas audiências para agosto. Ajudamos a organizar uma marcha de 200 pessoas em Lincoln, em Nebraska, e, junto com nossos parceiros, submetemos mais de 500.000 comentários contra o projeto. Entretanto, em 20 de novembro, em uma votação apertada de 3 a 2, a Comissão aprovou a permissão, mas não a rota que a Trans-Canadá havia requerido. Isso nos deu uma oportunidade estratégica para continuar bloqueando o progresso da Keystone XL. Agora, por meio da campanha Promise to Protect (Prometa Proteger, em tradução livre), encabeçada por aliados indígenas, cerca de 20.000 pessoas se comprometeram a entrar em treinamento e participar de mobilizações futuras no percurso da rota planejada se e quando isso for necessário. Sabemos que, com a resistência de vanguarda, esse oleoduto não será construído.
Mesmo que pareça impossível, pessoas comuns de vários lugares estão se levantando e lutando contra todos os maiores projetos de combustíveis fósseis nos EUA. Esse movimento está crescendo e nós mapeamos as lutas atuais contra os combustíveis fósseis em todo o país.
A 350 do Brasil, juntamente com a Coalisão Latino-americana Contra o Fracking (COESUS), conseguiu mais de 350 banimentos municipais aos frackings no Brasil, com campanhas ativas em 75 cidades. O número de municípios banindo o fracking aumentou 50% quando comparado com o ano passado e chegou a 51 municipalidades em 2015!
Apenas em 2017, tivemos 900 encontros anti-fracking e instruímos mais de 100 organizações no país sobre como lutar contra os combustíveis fósseis. Mantendo o impulso e a força adquiridos, pressionamos mais um estado brasileiro a banir o fracking e realizar ações anti-fracking em leilões de terras. Também estamos usando nossa rede de treinadores e treinadoras para alavancar a reforma da agricultura no Brasil, o que tem um impacto significativo na mudança climática e na produção livre de fósseis.
As vitórias contra o fracking não ocorrem apenas no Brasil. No Uruguai, a 350 América Latina e a COESUS ajudaram a organizar a marcha contra o fracking em dezembro passado. Dois dias após, a empresa Petrel Energy anunciou que suspenderia suas atividades de fracking na cidade uruguaia de Palomas. Então, apenas uma semana depois, o Senado do Uruguai aprovou unanimemente uma moratória de quatro anos para o fracking! Esse foi um importante passo no esforço de manter os combustíveis fósseis no subsolo na América Latina.
Na Europa, o governo da França aprovou uma lei com o objetivo de congelar a exploração de combustíveis fósseis e extração de gás no país e em territórios franceses. Embora isso seja um precedente histórico, ainda fica aquém da ambição; permissões atuais para extração de óleo e gás poderiam continuar por mais 25 anos. Nosso time continuará a protestar e a realizar campanhas para fortalecer essa legislação e expandi-la para que inclua mais tipos de combustíveis fósseis.
O carvão continua sendo popular em muitas áreas do globo, e a 350.org tem sido fundamental para impedir que esse combustível fóssil sujo siga sendo desenvolvido. Nosso time na África lançou uma nova e estimulante campanha chamada deCOALonise Africa (Descolonizar a África, em tradução livre. O nome da campanha em inglês joga com as palavras “colonização” e “carvão”, explicitando os laços entre a neocolozição e as empresas de combustíveis fósseis no continente africano).
O legado da colonização e as semelhanças da indústria de combustíveis fósseis em seus comportamentos extrativos na África inspiraram esta campanha. Desenvolvemos essa campanha com parceir@s para enfatizar uma clara narrativa africana para apoiar lutas existentes e fazer nascer novas organizações contra o carvão. Desde o lançamento da iniciativa em novembro passado, já existem oito campanhas ativas em quatro diferentes países.
Também pudemos celebrar algumas vitórias resultantes de árduas lutas contra o carvão. Na Turquia, ajudamos a parar três plantas de carvão planejadas. Um tribunal turco revogou a licença ambiental da estação de carvão Izdemir, fechando a planta de 350 megawatts por um período de tempo estendido. Ademais, devido à intensa oposição local que nós apoiamos, outros dois projetos de carvão na região da Aliaga foram engavetados ou cancelados! Enquanto a Turquia permanece ligada ao carvão, esses desenvolvimentos são importantes para construir progresso.
Nós também estamos ativos contra o carvão na Ásia, onde é crucial mantê-lo no subsolo enquanto países buscam mais fontes de energias. Em Taiwan, aproximadamente 5.000 pessoas marcharam nas ruas de Tauchung para protestar contra a poluição do ar que provém do carvão e de outros combustíveis fósseis. Na Indonésia, estamos ajudando a organizar comunidades contra propostas de numerosas usinas elétricas de carvão, especialmente as grandes usinas Cirebon e Indramayu. May Boeve, diretora executiva da 350.org, visitou a região e nosso time em solo para ver os impactos da poluição por carvão.
Também ajudamos a apoiar e amplificar as lutas contra o carvão já estabelecidas no Sudeste Asiático. Em janeiro de 2017, apoiamos um dia global de protesto nos Sundarbans, a maior floresta contínua de mangue do mundo, em Bangladesh. Organizador@s estimaram que aproximadamente 4.000 pessoas demonstraram sua solidariedade com o movimento de resistência, já com cinco anos de duração, em oposição à construção da usina Rampal. Grandes navios de carga da usina passariam nas proximidades das florestas, o que colocaria em risco seu frágil ecossistema e espécies ameaçadas de extinção. Também criamos e circulamos um vídeo sobre as ameaças a esse local, que é um Patrimônio da Humanidade da UNESCO.
A 350.org Austrália, uma entidade independente e parceira próxima da 350.org, tem liderado a campanha contra o projeto da mina de carvão Adani, a maior mina já proposta na história australiana. O time chamou a atenção de forma estratégica por meio de um show de estrada de abrangência nacional que tratou do tema da mina, contando com 4.000 espectadores presentes e mais 4.000 que o assistiram por live streams de suas casas. Por meio de seus esforços, o time gerou grandes obstáculos para a aprovação e o financiamento desse projeto: 28 bancos globais abandonaram o financiamento da Adani, a empresa que lideraria a construção da mina abandonou o projeto e o governo local negou um empréstimo de cerca de R$ 4 bilhões (1 bilhão de dólares) para a mina. Parar a mina Adani significa que 60 megatons de carvão por ano em 60 anos permanecerão no subsolo.
Em 2017, o desinvestimento em combustíveis fósseis se tornou dominante. O que começou como um movimento de um pequeno grupo em campi universitários, agora se transformou em um fenômeno mundial.
Nossa Mobilização Global pelo Desinvestimento, realizada de 5 a 13 de maio de 2017, mobilizou pessoas e encorajou mais ativistas em mais de 270 comunidades em 45 países a se unirem à luta. Essas ações chamaram atenção para a campanha de desinvestimento e para as lutas que vinham sendo realizadas, unindo-as numa narrativa global e expandindo o movimento. Tivemos 128 comitês de desinvestimento notáveis em 2017, incluindo 40 instituições confessionais, a cidade de Cape Town, na África do Sul, e o Estado da Irlanda. Com isso, o comprometimento com desinvestimento remonta a cerca de R$ 24,5 trilhões (6 trilhões de dólares) em ativos geridos!
Depois de mais de cinco anos de campanhas inspiradoras e criativas por parte do movimento climático, os fundos de pensão da cidade e do estado de Nova Iorque se comprometeram a retirar investimentos de reservas de carvão, óleo e gás. Dando um passo à frente, a cidade de Nova Iorque entrou com uma ação judicial contra as principais empresas de combustíveis fósseis. Isso é uma grande vitória. Juntos, os fundos de pensão municipais e estaduais têm valor superior a R$ 1,5 trilhões (390 bilhões de dólares), o que torna esse desinvestimento o maior do mundo. Isso ocorreu apenas alguns meses depois da marcha #Sandy5, na qual 5.000 pessoas clamaram, na cidade de Nova Iorque, pelo desinvestimento dos fundos de pensão municipais e estaduais no aniversário de 5 anos da supertempestade devastadora Sandy. Essa vitória é um testamento do poder de organização de base e do comprometimento de longo termo com as campanhas de organizações parceiras em Nova Iorque.
Continuamos a usar o desinvestimento criativamente, adequando-o a diferentes organizações regionais. No Japão, a campanha My Bank My Future (Meu Banco, Meu Futuro, em tradução livre) continua pressionando bancos de consumidores e instituições públicas de financiamento. Em setembro, mostramos que existe suporte de base para o desinvestimento ao entregar mais de mil assinaturas de petição de acionistas privados titulares de conta nos sete maiores bancos japoneses. A petição demanda que os bancos publicitem sua exposição financeira a combustíveis fósseis e energia nuclear, declarem apoio à meta de 1,5 a 2 graus estipulada pelo Acordo de Paris e retirem investimentos de combustíveis fósseis e nucleares. Nosso time tem produzido vídeos criativos to garner support for the campaign.
No decorrer dos últimos cinco anos, o movimento global pelo desinvestimento inspirou um discurso sério sobre risco climático e combustíveis fósseis na comunidade de instituições investidoras. O desinvestimento em combustíveis fósseis está agora no radar de uma porção significativa das maiores instituições do mundo e o movimento climático está pressionando para não haver novos financiamentos de combustíveis fósseis em lugar nenhum.
Seja pressionando bancos a suspenderem empréstimos a projetos de oleodutos, demandando que companhias de seguros parem de segurar infraestrutura de combustíveis fósseis ou exercendo pressão para que cidades parem de usar bancos que financiam combustíveis fósseis, “nenhum novo financiamento de combustíveis fósseis” é uma estratégia de movimento impulsionadora. Realizamos também campanhas para deter o financiamento de alguns projetos específicos, como por exemplo o Gasoduto Transadriático, na Europa; a mina de carvão Thabametsi, na África do Sul; e a usina Rampal, em Bangladesh, enquanto continuamos trabalhando para alterar a grande narrativa ao redor do financiamento de combustíveis fósseis dentro do setor de investimento.
Colocamos essa teoria da mudança em ação durante uma das maiores e mais importantes cúpulas financeiras europeias. Em 12 de dezembro, a 350.org ajudou a organizar uma mobilização de centenas de pessoas no Place du Pantheon em Paris para exigir que “nem mais um centavo” seja investido na indústria de combustíveis fósseis. Mais de 500 pessoas protestaram enquanto líderes mundiais se reuniam na cúpula climática “Um Planeta” realizada pelo presidente da França, Macron, na capital do país, para discutir investimentos em soluções climáticas. Nós os pressionamos não apenas para que sejam responsáveis e firmem compromissos sérios no que diz respeito ao financiamento de soluções climáticas, mas também para que parem de apoiar a indústria de combustíveis fósseis. Mais tarde naquele mesmo dia, o Banco de Investimento Europeu anunciou que adiaria novamente sua decisão sobre um empréstimo massivo de cerca de R$ 7,1 bilhões (1,5 bilhões de euros) para o Gasoduto Transadriático. Nossa mensagem é clara e continuaremos pressionando os principais investidores de projetos de combustíveis fósseis.
Continuamos enfrentando o poder da indústria de combustíveis fósseis por meio de nossa contundente campanha #ExxonKnew (#ExxonSabia, em tradução livre). Apesar das tentativas da ExxonMobil de esmagar uma investigação sobre sua longa e bem documentada história de mentiras climáticas, o caso está apenas ganhando força.
Um tribunal de Massachusetts decidiu que a Exxon deve consentir e colaborar com a investigação da Procuradoria Geral do Estado e entregar mais de 40 anos de documentos internos. Enquanto isso, a Procuradoria Geral do Estado de Nova Iorque está mantendo a pressão sobre a Exxon e cidades de todo o país estão entrando com suas próprias ações judiciais contra as grandes empresas petrolíferas. Devido ao aumento de temperatura, uma parte da plataforma de gelo da Antártida do tamanho do estado norte-americano de Delaware se desprendeu e entrou no mar em julho. Em resposta, lançamos uma petição solicitando que o Comitê Consultivo sobre Nomes Antárticos desse a esse iceberg o nome de “ExxonKnew 1” (“ExxonSabia 1”, em tradução livre) devido ao papel desempenhado pela Exxon em enganar o público sobre a natureza da mudança climática. 10.000 pessoas se juntaram a nós para apelar para que a plataforma de gelo fosse denominada “ExxonKnew Iceberg”(“ExxonSabia Iceberg”, em tradução livre) e destacar de forma bem sucedida o impacto das décadas de mentira da Exxon.
Novos relatórios também deixaram claro que a #ShellKnew (#ShellSabia, em tradução livre) da mudança climática anos atrás e encobriu tudo. Em fevereiro de 2017, 5.000 pessoas participaram, na cidade de Groeningen, no norte da Holanda, do maior protesto contra a extração de gás já realizado na história holandesa. A extração de gás de xisto em Groeningen tem sido vinculada a terremotos e tremores de terra decorrentes da extração de gás em uma cidade que normalmente não é propensa à atividade sísmica. Jovens e adultos marcharam pelo centro da cidade exigindo o fim da extração de gás na região. Eles pediram à Shell e à Exxon que paguem pelos danos causados em suas casas em função de tremores de terra provocados pela extração. Também solicitaram que o governo holandês rompa seus laços com a indústria de gás e que líderes acelerem a transição para 100% de energia livre e renovável longe de combustíveis fósseis. Nossos esforços para expor as mentiras da indústria de combustíveis fósseis e revogar suas licenças sociais com o público estão funcionando, tornando possível a transição para um futuro com 100% de energia livre e renovável para tod@s.
As negociações anuais do clima são momentos cruciais para a 350.org fazer com que líderes mundiais realizem ações climáticas ousadas, colaborarem com a sociedade civil e ampliem as demandas de comunidades de vanguarda. A COP23, ainda que seja liderada por Fiji, ocorreu em Bonn, na Alemanha, em novembro passado.
Trabalhamos de forma próxima com nossa equipe nas ilhas do Pacífico e com os Guerreiros do Clima do Pacífico para criar uma narrativa poderosa e uma onda de apoio para a ação climática. Organizamos a campanha Have Your Sei (Erga sua Voz, em tradução livre. O slogan em inglês joga com as palavras “say”, verbo dizer, e “sei”. Em muitos lugares do Pacífico, um Sei é uma flor usada atrás da orelha. Essa palavra foi escolhida para mostrar a beleza e a resiliência das culturas do Pacífico.), que pedia para pessoas assinarem a Declaração do Guerreiro do Clima do Pacífico sobre Mudança Climática. A Declaração ressaltou como a mudança climática impacta o Pacífico e como a inação climática exacerba essa ameaça. Apelamos aos líderes mundiais para que se comprometam a construir um mundo melhor e mais justo para nós mesmos e para as gerações que estão por vir. Recebemos apoio de grandes jogadores de rúgbi, de vozes chave no Pacífico e da família real de Tonga.
Trouxemos 15 guerreiros do clima para a COP23; realizamos 25 eventos durante as conversas e entregamos 23.000 assinaturas para os delegados exigindo uma ação climática ambiciosa. Nossa mensagem foi ouvida por todos os lados: a campanha obteve 17.8 milhões de impressões nos meios sociais e apareceu nos telejornais de horário nobre na Alemanha.
Em resposta à completa falta de liderança climática por parte dos EUA na administração Trump, organizamos a Delegação Popular dos EUA para mostrar a força das comunidades baseadas nos EUA e dos norte-americanos e das norte-americanas do dia-a-dia na COP. A delegação incluiu membros das comunidades de vanguarda, comunidades indígenas, comunidades negras, juventude, advogados e formuladores de políticas públicas que estão exigindo ação climática de cidades e estados apesar da retirada dos EUA do Acordo Climático de Paris e de recentes recuos em proteções climáticas.
Dentro das exigências da delegação estavam uma transição justa e equitativa para 100% de energia livre e renovável em todas as cidades e estados e uma demanda por ação para que políticos e políticas tomem uma ação climática ambiciosa. A delegação foi constituída de 40 ativistas de base representando 11 organizações de base. Atuando de maneira conjunta, a delegação retratou as verdadeiras necessidades de comunidades baseadas nos EUA, fez a delegação Trump recuar de forma bem sucedida na COP23 ao revelar seus laços estreitos com a indústria de combustíveis fósseis e ganhou força para a ação climática em todo o decorrer da conferência. Organizamos dois eventos importantes que ressaltaram as histórias de comunidades dos EUA e iluminaram os motivos pelos quais necessitamos urgentemente de uma política climática focada em soluções por parte de nossos líderes:
A delegação logrou 114 reportagens de relevância na imprensa, incluindo publicações de renome, como The New York Times. Além disso, nossos meios sociais tiveram 46 milhões de impressões em todas as plataformas, assegurando, portanto, que nossas demandas por ação climáticas fossem ouvidas em todo o mundo. As organizações representadas na Delegação Popular incluíram: SustainUS (Ampare os Estados Unidos, em tradução livre), Sunrise Movement (Movimento Nascer do Sol, em tradução livre), Indigenous Environmental Network (Rede Ambiental Indígena, em tradução livre), Global Grassroots Justice Alliance (Aliança de Base pela Justiça Global, em tradução livre), e a Climate Justice Alliance (Aliança pela Justiça Climática, em tradução livre) como parte da It Takes Roots (São necessárias Raízes, em tradução livre), U.S Human Rights Network (Rede de Direitos Humanos dos EUA, em tradução livre), Climate Generation (Geração Clima, em tradução livre), Our Children’s Trust (A Confiança de nossas Crianças, em tradução livre), NextGen America, e 350.org .
Sabemos que para mudar tudo, precisamos de tod@s. Nós dependemos de grupos locais da 350 para lutar por ação climática em suas comunidades, em diversas esferas, de conselhos municipais a legislaturas estaduais. Nos EUA, a 350.org recrutou, em 38 estados, mais de 160 grupos locais afiliados com mais de 150.000 voluntários subscritos.
Todos os grupos atingiram resultados impactantes e aprenderam com as campanhas dos outros por meio de newsletters, teleconferência mensais e treinamentos. Nós oferecemos treinamento de habilidades, apoio de coaching, ferramentas e informações sobre campanhas para trabalhar de forma sincronizada com seus esforços. Por exemplo, nossos grupos parceiros 350NYC and 350 NYC e 350 Brooklyn foram importantes aliados na vitória DivestNY. Além disso, um número considerável de novas colaborações foi formado no último ano em resposta às políticas desastrosas da administração do Trump. Trabalhamos de forma contínua com muitos pares e organizações progressistas, como Color of Change (A Cor da Mudança, em tradução livre), Sierra Club, Moveon, NAACP, NARAL e outras em um movimento transeccional de grupos trabalhando em colaboração. Esses grupos são cruciais para ficarmos alinhados com parceiros em estratégia de longo termo para o movimento progressista, de modo que possamos alcançar nossas metas compartilhadas.
Acreditamos que é crucial empoderar o movimento climático de forma global e, por isso, desenvolvemos um programa para apoiar a vanguarda de lutas contra combustíveis fósseis, comunidades impactadas pelo clima, campanhas promovendo iniciativas em termos de soluções e grupos ativistas climáticos com baixos recursos Em 2017, em colaboração com o Global Greengrants Fund, pudemos prover cerca de R$ 950.000 (234.000 dólares) para 23 grupos de base que lutam contra a mudança climática em todo o mundo. Esses grupos, dispersos por seis continentes, estão realizando organização de base crucial contra projetos de combustíveis fósseis e empoderando suas comunidades para lutar por 100% energia livre e renovável para tod@s.
Nosso Programa de Treinamento Global aumenta a capacidade do movimento climático, melhorando as habilidades de nossos organizadores regionais para que possam apoiar mais ativistas a se engajarem em campanhas maiores e mais ousadas. Nosso website de treinamento também serve como um laboratório de aprendizagem para times de campanhas compartilharem sucessos, dificuldades e aprendizados que encontram em seus trabalhos.
Em 2017, o website recebeu mais de 100.000 downloads e realizamos mais de 150 treinamentos em todo o mundo. Nossos treinamentos fomentam lideranças locais e acentuam a aprendizagem em tradições locais para gerar um ativismo poderoso, tal como é o caso do Programa de Treinamento do Guerreiro do Pacífico, que já mobilizou centenas de ativistas indígenas em muitas ilhas do Pacífico a engajarem suas comunidades em torno dos impactos da mudança climática e participarem de ações de massa confrontando a indústria de carvão na Austrália.
Continuamos organizando treinamentos presenciais em regiões específicas. Por meio de nossa Rede de Desinvestimento na Ásia Oriental (DEAN, na sigla em inglês), organizamos uma reunião de grupos de base anti-carvão para capacitação e treinamento em áreas como campanhas digitais e técnicas narrativas para campanhas maiores e mais efetivas. Estamos construindo, no sul da Ásia, uma rede de treinadores e treinadoras para apoiar o lançamento de “grupos de solidariedade” – voluntários operam organizações 350 que fomentam relações entre povos urbanos e rurais confrontando o carvão. Na Europa, expandimos um programa de treinamento expandido para apoiar o desinvestimento e campanhas Zero Fósseis para ajudar a aperfeiçoar estratégias e organizar habilidades.
Também inovamos e estamos testando novos treinamentos interativos online e avaliando seus impactos. Na América Latina, reconhecemos a necessidade de recursos adicionais para nossas redes na Argentina e no Brasil. Lançamos 11 cursos interativos de treinamento online em português e inglês para ajudar a capacitar nossos parceiros e parceiras voluntários no Brasil em diferentes aspectos da luta contra a mudança climática. Esses treinamentos têm sido amplamente bem sucedidos e utilizados mais de 2.7000 vezes em menos de um ano. Vamos continuar a criar treinamentos interativos grátis que vão empoderar mais ainda o movimento que pressiona por ação climática.
Em muitas partes da Europa do Leste e no Cáucaso, nossa equipe determinou que a formação climática é muito baixa e o poder político da empresa petrolífera Gazprom é tão significante que precisamos adaptar nossas campanhas e experimentar novas estratégias. Lançamos a campanha Cities for Life (Cidades pela Vida, em tradução livre) para nos adequarmos ao contexto da Europa do Leste, melhorar a conscientização climática e ajudar ativistas a exigirem soluções favoráveis ao clima em grandes cidades regionais.
Nosso time apoiou a criação de grupos de trabalho ativistas locais juntamente com governos locais para desenvolver estratégias climáticas escritas. Ajudamos a planejar dias de ação em 15 cidades de cinco países, onde as pessoas se mobilizaram para melhorar suas cidades renovando espaços públicos com soluções climáticas como separação do lixo, instalação de painéis solares, jardins urbanos e plantação de árvores. Também planejamos em outubro um evento Power Shift centrado na juventude, no qual 120 participantes de oito países participaram de um treinamento de campanha na Ucrânia. O time está agora lançando um programa de liderança climática para desenvolver mais ainda as habilidades desses líderes em pressionar por soluções favoráveis ao clima. Em regiões onde a liberdade de expressão é frequentemente reprimida e regulada, também encontramos formas de construir o movimento e as habilidades de ativistas para mudança futura.
No Quênia e em todo o continente Africano, como ocorre em tantos outros lugares, a 350.org não pode fazer seu trabalho crucial para lutar contra a mudança climática sem parceir@s e voluntári@s. Trabalhamos de forma próxima com noss@s parceir@s no local e apoiamos seus trabalhos para maximizar o impacto de seu progresso. Aqui está apenas um exemplo:
Walid Ahmed Ali, um ativista de Lamu, Quênia, foi um de nossos apoiadores mais fortes na campanha deCOALonise.africa deCOALonise.africa (Descolonizar a África, em tradução livre. O nome da campanha em inglês joga com as palavras “colonização” e “carvão”, explicitando os laços entre a neocolozição e as empresas de combustíveis fósseis no continente africano). Walid está envolvido com a Save Lamu (Salve Lamu, em tradução livre), uma organização de base que advoga pela inclusão da comunidade em decisões que impactam a integridade ambiental, social e cultural em Lamu. Walid é também o fundador da Aliança Jovem de Lamu, um grupo que ensina liderança na comunidade, trabalhando para o empoderamento da juventude, a justiça social e a igualdade de gênero. Save Lamu e Walid foram aliados cruciais em fazer retroceder a planta de carvão proposta para a cidade de Lamu, que aumentaria as emissões na região.
Walid, nascido e crescido em Lamu, é apaixonadamente dedicado e investido na luta para salvar a ilha. Quando perguntado sobre os motivos pelos quais é assim, ele respondeu que é porque é “diretamente afetado pela realidade da mudança climática e, mais importante, para prevenir milhares de mortes no futuro e a destruição da rica biodiversidade da ilha, algo que seria resultado da poluição por carvão.”
Wallid é um importante parceiro de base em nosso trabalho. Ele aparece em nosso vídeo deCOALonise.africa no qual relata sobre a oposição de sua comunidade contra a usina de carvão de Lamu. Ele nos ajudou na aproximação com a comunidade de Lamu, indicando-nos diversos líderes locais para entrevistas midiátias que visavam ampliar a resistência contra o projeto. Wallid também é um porta-voz da 350 África e um líder comunitário no movimento deCOALonise. Ele foi um dos ativistas representados na exposição de fotografias deCOALonise em Nairóbi, no Quênia, em outubro passado. O evento atraiu multidões, figuras políticas de alto escalão e artistas para construir oposição contra o carvão. Suas habilidades de defesa e sua experiência em organização de base são altamente respeitadas nos círculos ambientais e de justiça social.
Prince Papa, um organizador de campo subsaariano da 350.org, sabe que “pode sempre contar com Walid quando existe um pedido urgente relacionado com a campanha anti-carvão. Ele é altruísta e extremamente dedicado a empoderar sua comunidade. Eu fico imaginando se existe alguma coisa que ele ame mais do que sua comunidade em Lamu.”
Em janeiro de 2018, Walid se juntou ao time 350 do Quênia em um retiro de planejamento, com três dias de duração, que teve o objetivo de alinhar e refinar nossos esforços de mobilização contra o desenvolvimento carbonífero no Quênia. Ele é um ator-chave na fase de implementação de nossos planos deCOALonise na África.
Walid é um organizador climático de alto impacto. A 350.org depende da liderança de Walid e de incontáveis indivíduos e organizações de base para indicar o caminho. Nós somos muito grat@s por ajudar a organizar, treinar e mobilizar ao lado desses e dessas líderes locais. Nossos sinceros agradecimentos a Walid Ahmed Ali e a tod@s noss@s ativistas voluntários, parceiros e apoiadores ao redor do mundo!
2017 | 2016 | ||
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45% | Subsídios & Fundações | $7,528,814 | $7,314,102 |
55% | Doações individuais | $9,234,143 | $6,383,426 |
0% | Outros rendimentos | $78,294 | $111,825 |
Total | $16,841,251 | $13,809,353 |
2017 | 2016 | ||
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81% | Programas de Serviços | $10,462,347 | $9,129,553 |
15% | Administração & Generalidades | $1,955,557 | $1,180,945 |
4% | Angariação de Fundos | $490,882 | $345,315 |
Total | $12,908,786 | $10,655,813 |
2017 | 2016 | |
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Ativos | $12,387,561 | $8,034,303 |
Passivos e responsabilidades | $1,137,924 | $717,131 |
Ativos líquidos | $11,249,637 | $7,317,172 |
2017 | 2016 | |
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Sem restrições | $10,240,799 | $5,944,370 |
Temporariamente restringido | $1,008,838 | $1,372,802 |
Ativos líquidos | $11,249,637 | $7,317,172 |