Por Caroline Kwasnicki
A cidade de Peruíbe, no sudeste do Brasil, está lutando contra a instalação de uma usina termelétrica, que poderia ser uma das maiores em área urbana do mundo. Os cidadãos se articularam, pressionaram os vereadores e os governantes, e estão prestes a conseguir a aprovação de emenda à lei orgânica do município, impedindo projetos que emitam gases poluentes e causadores de chuva ácida de se instalarem na cidade.
A comunidade de Peruíbe está há meses mobilizada e unida para impedir que a usina seja construída na região. Um grande exemplo do poder popular na luta por um mundo livre dos combustíveis fósseis.
Peruíbe tem energia limpa e sustentável de sobra e um potencial turístico inquestionável. A região é uma das últimas reservas de Mata Atlântica contínua no mundo, e mais da metade do território do município fica em área de preservação. Com a construção da termelétrica, não somente suas diversas praias, algumas até mesmo intocadas, seriam ameaçadas. A biodiversidade terrestre e marinha, as comunidades indígenas e os pescadores que têm sua subsistência, sua história e suas raízes ali, seriam colocados em risco.
Lugar nenhum do mundo merece uma termelétrica
O polêmico projeto industrial, orçado em R$ 5 bilhões, é da Gastrading Comércio de Energia e prevê a construção de uma usina termelétrica movida a gás natural, uma rede de transmissão de energia, dois gasodutos subterrâneos e um porto offshore. O projeto “Verde Atlântico” – que de verde não tem nada – teria a capacidade de gerar até 1,7 gigawatts de energia. Em dezembro do ano passado, a Companhia Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb) já negou o pedido de licenciamento da Gastrading, mas isso infelizmente não é suficiente para impedir a construção da usina de uma vez por todas.
O poder está em nossas mãos
O processo de votação da emenda à lei orgânica vem acontecendo desde o ano passado. O projeto já foi apresentado diversas vezes na Câmara Municipal de Peruíbe e durante uma das votações a comunidade foi surpreendida por uma manobra: seis vereadores “fugiram” da votação e não foram atingidos os dez votos mínimos para a aprovação final da emenda. Outros vereadores que são contra a usina se comprometeram a levar o projeto para uma nova votação. E eles cumpriram a promessa.
Chegamos agora, mais uma vez, no processo final para barrar definitivamente a construção da termelétrica em Peruíbe. A aprovação da lei continua nas mãos dos vereadores, mas a comunidade vai comparecer em peso e mostrar que a decisão é nossa. A decisão é do povo. E a população de Peruíbe já deixou claro o que quer: desenvolvimento de verdade e um futuro com energia 100% limpa, renovável e livre!
Nós da 350.org Brasil apoiamos a luta e junto com a comunidade queremos impedir a instalação desse projeto de energia do passado. Quarta-feira será um dia histórico e decisivo para o futuro da cidade. Mande sua mensagem de apoio usando #UsinaNão #TermelelétricaNão.
E você, o que faria para proteger o seu lar? De onde estiver, você também pode se unir ao movimento Zero Fósseis.