28 outubro, 2018

Novo governo brasileiro deve apoiar compromissos climáticos e defender os direitos humanos, diz 350.org

GLOBAL – A vitória do candidato Jair Bolsonaro neste domingo, dia 28, nas eleições no segundo turno para a presidência do Brasil, depois de uma campanha eleitoral polarizada que promoveu ódio e divisão, terá consequências históricas para o país.

Bolsonaro havia prometido retirar o país do Acordo de Paris, mas voltou atrás na proposta dias antes do pleito. No entanto, indicou que vai enfraquecer a forma e o cumprimento das políticas climáticas brasileiras, inclusive permitindo o desenvolvimento do fracking (exploração de gás de xisto por faturamento hidráulico), método altamente contaminante, no Brasil.

Disse ainda que vai afrouxar a regulamentação que protege os direitos dos povos indígenas e não permitirá que nem mais um centímetro quadrado seja demarcado como território para suas comunidades. O capitão reformado também afirmou que quer restringir a atuação das ONGs e o ativismo da sociedade civil, limitando os direitos ao protesto público e outras formas de participação democrática.

O Brasil comprometeu-se em Paris a reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 37% até 2025, de acordo com os patamares de 2005, aumentando a participação de fontes renováveis de energia, promover a restauração de 12 milhões de hectares de florestas e zerar o desmatamento até 2030, impedindo a extração ilegal de madeira, particularmente na Amazônia.

 

May Boeve, Diretora Executiva da 350.org, divulgou a seguinte declaração:

“A eleição do candidato de extrema-direita Bolsonaro para o mais alto cargo no Brasil representa uma ameaça real aos direitos humanos no país e um risco para o progresso das ações climáticas no exterior. O compromisso do Brasil no Acordo de Paris é de importância global, e qualquer recuo seria profundamente preocupante. O afastamento do Brasil em relação a seu compromisso com a proteção florestal e a mudança para combustíveis com carbono zero poderia minar o progresso feito nas ações climáticas nos últimos anos, algo profundamente impopular e perigoso.

O direito dos brasileiros de protestar e de responsabilizar seus representantes eleitos pelas políticas relacionadas ao meio ambiente, ou por qualquer assunto, deve ser respeitado e protegido. O Brasil tem um papel de liderança a desempenhar na proteção e promoção dos direitos dos povos indígenas, bem como na preservação dos pulmões do mundo – os brasileiros não querem abdicar dessa liderança.

Estima-se que 85% dos brasileiros estão preocupados com as mudanças climáticas. Eles sabem que são um dos países mais vulneráveis aos cada vez mais intensos impactos climáticos e querem mais ação, não menos. Bolsonaro deve trabalhar pelo interesse de todos os brasileiros, incluindo os povos indígenas, cujos direitos sobre suas terras ancestrais continuam a ser desafiados, muito embora tenham um conhecimento tradicional extraordinariamente valioso sobre como podemos viver de forma sustentável no planeta que compartilhamos.

Um planeta em aquecimento será fatal para muitas pessoas no Brasil. Os mais pobres serão especialmente atingidos pelo descontrole das mudanças climáticas. As comunidades pobres e vulneráveis ​no Brasil também sofrem mais com as atividades que impulsionam as mudanças climáticas – como a extração de combustíveis fósseis, o fracking e o desmatamento. Esses grupos devem ser prioridade para o novo presidente.

De nossa parte, continuaremos promovendo o engajamento cívico e a organização de base para deter a expansão do uso dos combustíveis fósseis e apoiar uma transição rápida e justa alimentada por energia limpa, livre e renovável. Vamos sustentar a necessidade da liderança brasileira sobre o clima na agenda nacional e global.

“Seremos resilientes. Nossa equipe no Brasil é resiliente, irá valorizar e engajar pessoas comprometidas em defender direitos humanos e  o ambiente sadio e seguro. Necessitamos de resiliência climática para todos.”

 

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