Hoje queremos partilhar algumas histórias de mulheres líderes que nos inspiram nesta luta todos os dias.
A América Latina e o Caribe são as regiões mais vulneráveis aos efeitos das mudanças climáticas, com um impacto social e econômico significativo. Inundações, secas, pragas, etc., afetam diretamente a vida dos habitantes, mas em sociedades com desigualdades gigantescas e disparidades de gênero como na América Latina, o impacto é maior em lares de famílias mais pobres que são, majoritariamente, sustentados por mulheres.
De acordo com um relatório do PNUD de 2019, em eventos climáticos extremos nos últimos 20 anos, a proporção de mortes entre as mulheres foi superior a 60%.
Após as catástrofes climáticas, as mulheres são mais vulneráveis a sofrer de insegurança alimentar: quando os alimentos não estão disponíveis ou estão em condições precárias.
As mulheres, protagonistas da sua comunidade
Apesar do exposto, são também as mulheres as principais defensoras da natureza e do planeta, tanto nos meios urbanos como nos territórios tradicionais. Na 350 trabalhamos em aliança com mulheres maravilhosas que lutam todos os dias para preservar o bem viver nas suas comunidades, combatendo a destruição do extrativismo fóssil e procurando soluções baseadas em energias renováveis em harmonia com a natureza.
É o caso de Esneda Saavedra, uma líder Yukpa do território de César e Magdalena, na Colômbia. Esneda luta há muitos anos contra os efeitos da extração de carvão, que têm sido devastadores para o seu povo e para a Colômbia. A sua comunidade está em risco iminente de extinção física e cultural, de acordo com o Tribunal Constitucional da Colômbia. Foi reeleita duas vezes como governadora do povo indígena Yukpa e é também a delegada para a paz e os direitos humanos da ONIC (Organização Nacional dos Povos Indígenas da Colômbia), defendendo os direitos coletivos e o território contra o extrativismo. Convida a todos a nos unir a ela nesta luta de resistência:
“A mãe terra é a nossa vida, a nossa força, e nós os convidamos a se juntarem a nós. Da minha parte, como mulher, como líder, quero fazer este convite a todos nós para nos juntarmos a esta luta, porque Deus Aponto, que é a espiritualidade do povo Yukpa, nos deixou o território para que todos possam viver juntos e caber neste território. Respeitando o território, não o destruindo, não acabando com ele. É por isso que as minhas palavras para vocês são palavras de unidade e harmonia, nós devemos ser uma corrente de luta e resistência”. – Esneda Saavedra
Outro grande exemplo de liderança climática feminina é Txai Suruí, uma jovem líder indígena do Povo Suruí, localizado em Rondônia (Brasil), que luta pela sobrevivência do seu povo e da mãe natureza. Em momentos chave da luta pelo clima, como a COP28, ela também tem defendido corajosamente o fim dos combustíveis fósseis e uma transição energética justa.
Nas ilhas Caribenhas, Terica Drysdale, da Jamaica, e Mia Pierre, da Guiana, utilizaram os seus conhecimentos científicos e a sua paixão pela proteção das suas comunidades como uma ferramenta para liderar iniciativas locais centradas na justiça e na conservação.
São inúmeros os exemplos de mulheres que lideram diferentes projectos e trabalham incansavelmente para a preservação do planeta. Esneda, Txai, Terica e tantas outras enfrentam com enorme coragem grandes indústrias, estados e todo o tipo de ameaças na nossa região. Neste dia especial, queremos celebrar a sua existência e divulgar a sua luta, que é uma rica fonte de inspiração.