Na manhã desta quarta-feira, uma operação da tropa de elite da Polícia Militar do Ceará foi montada para destruir o acampamento das comunidades às margens do Lagamar do Cauípe, na localidade do Coqueirinho, em Caucaia, que lutam em defesa do direito à água e contra o beneficiamento de indústrias do Pecém. “A situação no Cauípe está crítica”, alertou o líder indígena Roberto Anacé. Segundo relatos de moradores, a PM ordenou que todos saíssem do local com ameaça de prisão e uso de spray de pimenta e bala de borracha.
Moradores de povoados de Caucaia se mobilizaram novamente no local para impedir a retirada de água da área de preservação ambiental, depois que operários da obra retornaram ao Lagamar nesta terça-feira. Os funcionários informaram na ocasião que uma decisão do presidente do Tribunal de Justiça do Estado do Ceará, Dr. Francisco Gladyson Pontes, atendeu ao pedido do Governo do Estado do Ceará para suspender os efeitos da liminar que determinou a paralisação da obra, em dezembro.
“A decisão do Presidente do TJ/CE deve acirrar ainda mais a ‘guerra pela água’ na região. Acreditamos que esse empreendimento que visa extrair 200 litros de água por segundo deverá comprometer a reserva de água na região. O Lagamar do Cauípe além de possuir importância ambiental, é referência nas atividades de subsistência das comunidades locais, à atividades pesqueira e referência turística na região”, afirma o advogado que acompanha o caso, Weibe Tapeba.
Segundo o advogado João Alfredo Telles Melo diversas ilegalidades estão sendo identificadas no processo de retomada dos trabalhos e providências já estão sendo tomadas para impetrar recurso à decisão da Justiça que suspendeu a liminar.
“O que vemos claramente é o roubo de água do povo para atender, sobretudo, a interesses empresariais. Vergonhosamente, o governo cearense, com apoio de sua força policial, está atuando contra a vida da população. Especialmente num momento de grave crise hídrica no estado, a água deve ser destinada prioritariamente para as pessoas, não para atender a uma termelétrica”, defende Nicole Figueiredo de Olivera, diretora da 350.org Brasil e América Latina.