Paula Collet, coordenadora da 350.org no Brasil, escreveu um artigo para a edição de julho de 2012 do periódico Pontes. Confira abaixo.

Neste artigo, a autora realiza um balanço das atividades da ONG 350.org na Rio+20. Embora reconheça a necessidade de muitas mudanças no que diz respeito à participação da sociedade civil e ao desenvolvimento sustentável, a autora considera que a Rio+20 conferiu uma grande responsabilidade aos movimentos sociais nesse processo de transformação.

A 350.org é uma organização não-governamental (ONG) que surgiu com o objetivo de ajudar organizações, governos, instituições e pessoas a empoderarem-se e fazer da 15ª Conferência das Partes (COP, sigla em inglês) – realizada em Copenhague – um momento decisivo das negociações climáticas, que nos liderasse para a redução das emissões de carbono até 350 partículas por milhão (ppm) de CO2 na atmosfera.

Depois de Copenhague, o movimento climático – inclusive a 350.org – passou por um processo de amadurecimento e reflexão sobre como dar continuidade ao objetivo referido acima em outras frentes, para além dos possíveis tratados globais. Nesse processo, algumas coisas ficaram claras: o movimento climático é forte e global, e as ações que conectam pessoas dentro das negociações com as que estão protestando fora, mais os milhares de espectadores que estão em seus países acompanhando as notícias e querendo influenciar seus governos de alguma forma, produzem uma união de forças poderosa e necessária. Além disso, também ficou claro que os motivos que impedem que os países alcancem um acordo não têm origem nas negociações, mas sim nos governos – que muitas vezes não refletem o interesse de suas populações.

Por isso, em 2010, a 350.org criou uma campanha mundial voltada ao empoderamento das pessoas, bem como a estimulá-las a criar as soluções que queriam para o mundo e convocar seus líderes políticos a acompanhá-las. Em 2011, a ONG incentivou sua rede a pressionar os governos para que cuidassem das pessoas e do meio ambiente, em detrimento dos interesses econômicos de uma minoria. Nesse mesmo ano, a 350.org enviou uma grande equipe a Durban (África do Sul) para participar da COP 17 sem grandes mobilizações ou intervenções; a proposta era aproximar os integrantes da equipe global e os parceiros da ONG para que trocassem ideias, apresentassem planos e articulassem novas parcerias.

Durante a COP, a equipe observou que as negociações estavam enfraquecidas e que sua presença naquela Conferência a afastava de seus objetivos. Para uma equipe global que promove mobilizações, treinamentos e campanhas locais (nacionais e regionais), esse quadro exigia novas medidas. Nesse sentido, a 350.org juntou-se com outras organizações e jovens e realizaram uma manifestação semelhante ao “Occupy Wall Street”, à frente do local onde se realizava a plenária da COP. Negociadores de países parceiros, lideranças africanas e todos aqueles que não se sentiam representados pelas decisões da reunião foram convidados para fazerem suas vozes serem ouvidas em um enorme jogral – prática utilizada no movimento “Occupy” e conhecida como “microfone humano” – nos corredores da negociação.

Apesar da importância dessa iniciativa, a 350.org decidiu que não mais deslocaria um grande número de seus integrantes de todo o mundo para as conferências internacionais. Após Durban, a ONG concentrou-se em levar equipes pequenas e regionais para as conferências, dar oportunidade para organizadores locais se destacarem e utilizarem o momento para reforçar as redes e parcerias regionais.

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