A foto acima é parte da ação realizada pelos voluntários da 350.org de Salvador, Brasil, no último dia 5 de maio, o Dia dos Impactos Climáticos. A situação ilustrada pode até parecer exagerada, mas pelo contrário, ela demonstra o que vai acontecer – e já está acontecendo – na vida das pessoas que moram em áreas de litoral.  Em todo o mundo, estima-se que cerca de 600 milhões de pessoas vivem em áreas de risco com o aumento do nível do mar. Somente no Brasil, são 42 milhões de habitantes – um quarto da população!

A ideia de realizar uma ação que pudesse mostrar às pessoas o perigo que estamos correndo ao ter eventos climáticos cada vez mais frequentes e extremos surgiu no Workshop “Mudanças Climáticas e Ativismo” realizado pela 350.org Brasil em Salvador. Mas para uma pessoa em especial, aquela cena não seria novidade. Essa pessoa era Raphael Gomes, coordenador dos voluntários da organização em Salvador.

Raphael e sua família moravam numa cidade do interior, onde sofriam todos os anos com grandes períodos de seca. Já na capital baiana, foram as enchentes um grande problema para toda a família. Assim, ao ver a pequena Naira Cerqueira, 7 anos, na cena em que a água do mar invade sua residência, Raphael reconstruía em sua cabeça sua própria infância. “Foram tempos difíceis, pois uma criança acordar e ver todas as suas coisas serem atingidas pela chuva é algo que a gente demora a superar – mas nunca esquece”, conta.

As dificuldades da vida não o desanimaram. Pelo contrário, elas serviram de incentivo para que Raphael pudesse seguir um caminho de solidariedade e de muito engajamento pelas causas relacionadas à preservação do meio ambiente. “Acredito que todos esses acontecimentos da infância me aproximaram da causa ambiental. Não de uma forma passiva, mas isso criou em mim uma necessidade de motivar as pessoas a entender as causas e consequências das mudanças do clima. Mas não só isso: também mostrá-las quais são as soluções e quem são os responsáveis por torná-las reais.”

Hoje, faz três anos que Raphael está à frente do grupo e, apesar da pouca idade, 21 anos, ele já sabe o que quer: “Nós queremos construir um movimento que possa embasar e empoderar as pessoas a fazer a diferença. A foto que tiramos na praia é uma amostra disso – mas queremos e precisamos fazer muito mais. Estamos muito felizes pela repercussão da imagem, e queremos cada vez mais pautar a mídia e a sociedade”, diz.

Texto e foto: Diêgo Lôbo