O Papa Francisco, junto a Juan Pablo Olsson, coordenador de campanhas da 350.org América Latina (à esquerda), e o Senador Argentino Fernando Pino Solanas (à direita), adere à campanha contra o fracking (Foto: Flexa Correa Lópes).

O Papa Francisco completou ontem, 13 de Março, cinco anos como chefe supremo da Igreja Católica e do Vaticano. Desde que foi eleito em 2013, após a renúncia de Bento XVI, Francisco prestou especial atenção ao futuro das novas gerações e ao cuidado com o meio ambiente, preocupado com a grave situação da Mãe Terra. Ele é o primeiro Papa a abordar a questão da ecologia como uma filosofia integral, expressada em seu excelente trabalho, a Encíclica Laudato Si, onde ele diz “apenas olhe a realidade com sinceridade para ver que há uma grande deterioração de nossa Casa Comum.”

Em sua carta, Francisco alerta para o desafio urgente de proteger nossa Casa Comum, o planeta, para o qual precisamos de uma conversão ecológica global. Para fazer isso, diz o Papa, “é preciso sair da espiral de autodestruição em que estamos nos afundando”. Ele conclui que “não se trata apenas de uma nova reforma (…), mas um novo começo”, propondo criar uma mística que mobilize as pessoas para que vivam em equilíbrio ecológico.

Pouco antes da publicação da Encíclica, o Papa Francis aderiu à campanha global contra o fracking, apesar das fortes pressões recebidas pelas corporações petrolíferas, que afirmam que o texto não inclui conclusões científicas sobre os efeitos da atividade humana de exploração de combustíveis fósseis como causas do aquecimento global e, consequentemente, de impacto direto ao clima.

Para Nicole Figueiredo de Oliveira, diretora de 350.org Brasil e América Latina, esse compromisso e coragem demonstrado pelo Sumo Pontífice significou a possibilidade de promover uma grande campanha de desinvestimento em combustíveis fósseis, que também conseguiu envolver vários órgãos da Igreja Católica.

“A Diocese de Umuarama, no Paraná, por exemplo, foi a primeira Diocese e a primeira instituição da América Latina a anunciar publicamente seu compromisso com o desinvestimento, colocando em andamento o projeto de se tornar uma Diocese de Baixo Carbono. Isso influenciou diversas outras instituições católicas a também se comprometerem, além de ter mobilizado milhares de fiéis em torno da causa, como durante a Grande Vigília pela Criação e pelos Refugiados Climáticos, realizada no ano passado”, completou.

“Como balanço destes cinco anos, nós valorizamos muito a adesão do Papa Francisco na luta global contra o fracking, o que permitiu a sensibilização e apelo para que amplos setores religiosos e não-religiosos da sociedade se unam em defesa da água e da vida”, afirmou Juan Pablo Olsson, coordenador da 350.org América Latina.

O coordenador de campanhas da 350.org Brasil e um dos fundadores da Coalizão Latino-americana contra o Fracking (Coesus), Juliano Bueno de Araújo, disse que “o compromisso do Papa Francisco com a gestão ambiental significa, tanto para o Brasil quanto para outros países da América Latina, uma grande revitalização dos movimentos ambientalistas. E especificamente para a luta contra o fracking. Sua contribuição foi essencial para travar a voracidade das companhias petroleiras.”

Reforçando a luta pelo cuidado com o meio ambiente nos países latino-americanos, uma Carta Aberta foi divulgada recentemente na Argentina pela Comissão Episcopal da Pastoral Social dirigida a Juan José Aranguren, Ministro das Minas e Energia, onde é fortemente questionada a intenção de alguns funcionários do governo em avançar com a modificação da Lei de Glaciares para promover a exploração da mega-mineração na zona andina.

Dada a gravidade que ganhou o aquecimento global e a crise ambiental em todo o mundo, a imagem e as mensagens do Papa Francisco figuram como um farol que lança luz sobre a necessidade urgente de se unir e trabalhar juntos em defesa da vida, com a consciência de que está em risco a sobrevivência humana no planeta.