Hoje, segunda-feira, 4 de dezembro, na COP28, em Dubai, o Brasil recebeu o prêmio “Fóssil do Dia”, um título irônico dado diariamente, durante as COPs, aos países que se destacam por suas ações contra as soluções para a crise climática. O prêmio é concedido pela Climate Action Network (CAN), que reúne dezenas de organizações socioambientais de todo o mundo, inclusive do Brasil. Os vencedores são escolhidos em votações diárias com a participação das ONGs.

O Brasil é o vencedor de hoje, pois parece ter confundido produção de petróleo com liderança climática. Uma contradição que prejudica os esforços dos negociadores brasileiros na COP, que estão tentando romper velhos impasses e agir com senso de urgência.

Um pouco de contexto: o ministro da energia do Brasil, Alexandre Silveira, achou apropriado anunciar sua adesão à Opep+ no primeiro dia da conferência. O Brasil está planejando leiloar 603 novos blocos de petróleo em 13 de dezembro, apenas um dia após o término da COP28.

Segundo relatado ontem pela Agência Pública, as emissões projetadas de uma das novas fronteiras petrolíferas que o Brasil quer abrir, a Margem Equatorial (que inclui blocos na foz do rio Amazonas), anularão as reduções de emissões alcançadas pelo desmatamento zero até 2030. Porém, ao contrário do que as empresas petrolíferas nos dizem, não se pode compensar a destruição de um ecossistema inteiro com uma boa ação.

 

Peri Dias, representante brasileiro da organização 350.org na COP28:

“Lula foi à COP28 para tentar projetar uma imagem de liderança climática e aumentar as expectativas para a COP30 na Amazônia, mas o anúncio do flerte do Brasil com a OPEP+ jogou água fria nesses planos. Ainda há espaço para mudanças, mas precisaremos de uma posição clara do governo brasileiro para acabar com o petróleo, o gás e o carvão. Já ganhamos o prêmio ‘Fóssil do Dia’, mas podemos evitar ser os dinossauros da década.”

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