Ativistas protestam contra o fracking em Coahuila (Foto: Miguel Ángel Reyna).

O presidente do México, Enrique Peña Nieto, aprovou no último dia 02 de março a técnica do fraturamento hidráulico, mais conhecida como fracking, para exploração e extração de petróleo e gás de xisto. O secretário de energia, Pedro Joaquín Coldwell, anunciou que o governo lançará nove áreas para exploração, e terá a chamada Round 3.3 para hidrocarbonetos não convencionais.

Os nove blocos estão localizados na bacia de Burgos, ao norte de Tamaulipas, estado ao norte do país. Para os projetos foi estimado um investimento de 2,3 bilhões de dólares. Enquanto isso, o impacto recairá sobre um total de 300 quilômetros quadrados, onde vivem 158 comunidades.

Frente ao anúncio das propostas, uma rede de organizações ambientalistas que integram a Aliança Mexicana contra o Fracking, lançou uma campanha que exige a suspensão da entrega de territórios para esse fim. “A técnica do fracking representa uma grave violação aos direitos humanos, além de colocar em perigo a água, o meio ambiente e o clima do planeta”, diz a petição lançada pela Avaaz.

“Antes do final de seu mandato, o atual governo tem a intenção de liberar áreas para exploração e extração de hidrocarbonetos por meio do fracking. Exigimos que, pelo princípio da precaução, esta rodada seja interrompida”, diz outra parte do comunicado.

A prática do fracking é criticada por organizações ambientalistas em todo o mundo, uma vez que o processo exige a utilização de grande quantidade de produtos químicos que são prejudiciais para o consumo humano e também para o ambiente e o clima.

Por conta de seus impactos socioambientais, incluindo a alta poluição do subsolo e das águas subterrâneas, este procedimento já foi banido em vários países da Europa, como a França, Irlanda, Bulgária, Alemanha e Escócia, bem como nos estados de Nova York e Maryland, nos Estados Unidos, na província de Entre Ríos, na Argentina, e em mais de 350 municípios no Brasil.

Outro ponto crítico do anúncio é que, para fazer uso da grande quantidade de água necessária para injetar o subsolo, é preciso reformular a Lei Nacional da Água. O objetivo é deixá-la mais flexível, a ponto de permitir o desvio do recurso que pode ser tratado para consumo humano e destiná-lo à extração de hidrocarbonetos.

“Esta não é apenas uma preocupação dos cidadãos do México, mas de toda a América Latina. No Brasil, estamos trabalhando para que o fracking seja definitivamente proibido em todos os estados e, posteriormente, para que tenhamos uma lei federal. Além de causar danos ambientais, a técnica também traz impactos à saúde das populações, à economia, por causar prejuízos a atividades como a agricultura, e até mesmo ao clima, por emitir grandes quantidades de gases causadores do efeito estufa”, defendeu Nicole Figueiredo de Oliveira, diretora da 350.org Brasil e América Latina.