Caros amigos,

Bom, ninguém disse que ia ser fácil.

No ano passado, graças a vocês, criamos um imenso movimento por soluções em termos de clima. O dia global de manifestações que vocês organizaram em outubro acabou sendo “o mais abrangente dia de ação política na história do planeta”, de acordo com a CNN, com 5200 ações em 181 países.

E em Copenhague isso traduziu-se em 117 países – a maioria das nações do mundo – apoiando uma exigente meta de 350.

Mas isso não se traduziu em vitória política. Os maiores poluidores não alinharam. Ainda temos trabalho para fazer.

Na verdade, o nosso slogan para 2010 é “Mãos à Obra”. Mãos à obra para começar a mudar as nossas comunidades, e mãos à obra para fazer os nossos líderes compreenderem que eles precisam realmente de liderar. Depois de lermos milhares de e-mails vossos vindos de todo o mundo, criamos um plano de ação para este ano que achamos que pode ultrapassar o impasse e fazer-nos seguir em frente. Mas apenas, é claro, se trabalharmos em conjunto para que isso aconteça.

A primeira data para marcar no seu calendário: 10 de outubro. Trabalhando com os nossos amigos da campanha 10:10, vamos fazer com que o décimo dia do décimo mês do décimo ano do milénio seja um verdadeiro ponto de partida para ação concreta. Estamos chamando a isso a 10/10 Grupo de Trabalho Global, e temos esperança que em cada canto do mundo as comunidades ergam painés solares, isolem casas, construam moínhos de vento, plantem árvores, pintem ciclovias, cultivem jardins locais. Vamos nos certificar de que o mundo vê este enorme dia de esforço – e vamos usá-lo para enviar esta simples mensagem aos nossos líderes: “Estamos trabalhando. E vocês? Se nós podemos cobrir o telhado da escola com paineis solares, certamente que vocês pode aprovar legislação ou assinar um tratado que espalhe o nosso trabalho por todo o lado, e combater a crise climática a tempo.” 10/10/10 vai tirar um instantâneo de um futuro de energias limpas – o mundo das 350 ppm – e mostrar para as pessoas porque é que vale a pena lutar por isso. Não é cedo demais para se inscrever aqui.

Nem todas as nações são iguais nesta crise climática, é evidente. Se não conseguirmos levar os maiores poluidores e as maiores economias a mudar, então nunca iremos ganhar. Por isso vamos focar a maioria das nossas atenções na China, Estados Unidos e Índia com uma Grande Corrida – os campus irão competir para ver quem consegue conceber mais projetos com soluções de clima, e os mais criativos. Esperamos que esta amigável competição ajude os governos a verem que eles têm muito a ganhar mergulhando nas energias limas – e muito a perder se falharem esta oportunidade.

E vamos continuar a bolar meios de colocar pressão política onde ela faz a diferença – no senado dos EUA, por exemplo, onde vamos nos juntar a um grupo de grandes aliados nossos, apoiando a abordagem Cap-and-Dividend (limitação e dividendo) que iria deixar de permitir que os grandes poluidores lancem carbono nos céus gratuitamente. Noutras partes do mundo, vamos ter mais desses workshops de militância climática que criaram tantos grandes líderes no ano passado.

E à medida que se aproxima a próxima conferência da ONU no México em Dezembro, iremos apresentar a maior obra de arte pública na história do planeta – para lembrar que temos de trazer paixão para juntar à ciência e à economia se queremos fazer andar esse processo.

Sabemos, pelos telefonemas e e-mails que temos recebido, que tem gente pelo mundo inteiro preparada para deitar mãos à obra. Pensamos que este plano pode aumentar as possibilidades de ação real. Sabemos que não temos escolha. Quando, daqui a uns anos, a próxima geração perguntar o que fizémos para salvar o planeta, queremos poder dizer: “arregaçámos as nossas mangas e metemos mãos à obra.” Não há garantia de podermos vencer os ricos e poderosos a cujos interesses nos opomos – mas graças a vocês temos ímpeto suficiente para ter verdadeiramente uma chance. Vamos usá-lo agora.

Em frente,

Bill McKibben e a Equipe 350.org