Eu não sou um perfeito escritor, mas não posso deixar de relatar o que estou testemunhando agora. Tanto na 350 quanto em um movimento climático mais amplo, acredito que estamos dando um novo passo – e é muito emocionante fazer parte disso e imaginar onde isso pode nos levar. Deixe-me explicar melhor.
Nós estamos a menos de uma semana da Marcha e Mobilização Climática dos Povos (PCM, na sigla em inglês). Dezenas ou milhares de pessoas irão às ruas de Nova York para participar do que provavelmente será a maior e mais diversa manifestação climática da história. Em todo o mundo, mobilizações estão planejadas em mais de 1.500 locais, em 138 países – e este número segue aumentando a cada dia. Se você ainda não está envolvido, não perca esta oportunidade: https://peoplesclimate.org/pt/participar/ (ou organize um evento você mesmo, aqui: https://peoplesclimate.org/pt/registre-seu-evento/)
Vai ser um momento gigantesco, poderoso e lindo. E não é somente a sua grandeza que o faz especial. Talvez ainda mais interessante seja o que está surgindo no processo e organização e coordenação deste momento.
Começando com o que está mais próximo a mim, aqui vai uma prévia do está acontecendo na 350 em meio ao processo de organização da PCM:
Na Índia e na Indonésia, nossas equipes estão conectadas mais profundamente do que nunca com grupos locais para intensificar as ações para pressionar a substituição do carvão por fontes de energia renovável de base comunitária – uma luta que vai continuar o quanto seja necessário para atingir este objetivo. Na Europa e na Austrália, onde nossos amigos do Avaaz e do GetUp! estão planejando alguns dos maiores eventos da PCM, nossas equipes estão trabalhando em parceria com eles para mobilizar grupos de Desinvestimento dos Combustíveis Fósseis, para que se unam a este processo de ampliação do movimento de desinvestimento nestes continentes, assim como nos EUA e no Canadá. (Ah! E para completar, nós estamos pedindo ao Vaticano que retire seus investimentos também!). Na África, nossa equipe lançou recentemente a campanha #WeLeadYou, para exigir justiça climática nos locais que estão sendo atingidos com mais força pelas mudanças climáticas. No Brasil, nós estamos colocando nossas forças na campanha contra os Ruralistas, mirando nas próximas eleições, em outubro. No restante da América Latina, nossa equipe está colaborando com comunidades na Argentina para intensificar a luta antifracking, e nós estamos trabalhando em cooperação com os grupos que estão se preparando para a Cúpula dos Povos sobre o Clima, na próxima Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre as Mudanças do Clima (UNFCCC, na sigla em inglês) em Lima, no Peru, no próximo mês de dezembro. E na Oceania, os Guerreiros do Pacífico estão trabalhando junto a grupos locais em Newcastle, na Austrália, para bloquear as operações do maior porto de exportação de carvão do mundo, no dia 17 de outubro. Em todos estes lugares, grupos do Global Power Shift estão entre os principais organizadores, fazendo com que todos estes esforços se tornem realidade.
Todas essas ações e campanhas criativas são reflexo do progresso que um movimento muito mais amplo está fazendo.
A ação dos Guerreiros do Pacífico na Austrália também será parte das manifestções anticarvão planejadas para a semana de ação que acontecerá em outubro, chamada Reclaim Power, da qual também será parte o Global Frackdown Day. O Greenpeace recentemente organizou em todo o mundo eventos relacionamos à campanha #SaveTheArtic, e a mobilização continua com o #IceRide, no dia 4 de outubro. A Jornada Mundial pelo Trabalho Decente, da Confederação Sindical Internacional, no dia 7 de outubro, é voltada para a Justiça Climática. As comunidades atingidas pelo tufão Haiyan estão preparando uma ação na data que marca 1 ano desde aquela terrível tempestade. E há, sem dúvidas, muito mais eventos sendo organizados localmente, nacionalmente e regionalmente em todo o mundo, além daqueles que nós seríamos capazes de enumerar em um único post.
www.peoplesclimate.org/timeline
Todos estes esforços, e outros mais, estão unidos neste movimento sempre crescente. E como grupos locais, organizações e redes, nós estamos encontrando cada vez mais formas de criar sinergia, nos unir e alcançar nossas audiências. Como diz o slogan da Marcha Climática dos Povos em Nova York: para mudar tudo, nós precisamos de todos. E eu incluiria: nós precisamos trabalhar juntos.
Seja através de alianças formais ou de cooperação ad hoc, nós precisamos nos mobilizar, juntos – mais estrategicamente e com mais poder. Nem todos podem fazer parte de todas as mobilizações que existem, mas uma única mobilização, sozinha, também não será suficiente. É a coletividade, clamando em uníssono, que criará condições culturais, políticas e econômicas para que a transformação que estamos buscando se realize.
A PCM é a mobilização que temos agora, mas com certeza não será a última. E com a PCM nós estamos aprendendo a nos conectar e a nos unir da maneira que precisamos. Eu não vejo a hora de observar como vamos usar em 2015 e depois todo o conhecimento e energia coletiva que adquirimos agora. Mas talvez eu esteja me precipitando. Neste momento, nosso foco é nos dias 20-21 de setembro: #PeoplesClimate!
*****
Will Bates é o Diretor Global de Campanhas da 350.org