Em 2019, milhões de pessoas tomaram as ruas para exigir ações em prol do clima. Liderada por jovens, mulheres, povos indígenas, trabalhadores e movimentos que lutam por justiça climática, a sociedade civil se fez ouvir como nunca e acordou o mundo para a emergência climática.
Agora nossas vozes estão sendo silenciadas. Hoje centenas de pessoas protestaram nos corredores da COP25 em Madri – não para impedir os trabalhos, mas para fazê-los avançar. Nosso lema: “Step up, pay up!” [Entre, pague!]. A mensagem foi dirigida aos países ricos e industrializados que se recusam a cumprir os compromissos relacionados ao Acordo de Paris e aos direitos humanos, deixando de prover apoio financeiro às comunidades que sofrem com desastres cada vez mais severos. Foi uma mensagem para as empresas poluidoras, que circulam pelos salões da COP25 tentando lucrar em cima de um mundo que sofre com suas falsas soluções de combate às mudanças climáticas – sem adotar uma transição justa, abandonando a economia baseada em combustíveis fósseis e pagando pelo estrago que já foi feito.
Em vez de retirar esses poluidores, a Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas de 2019 expulsou as pessoas. Em vez de ouvir suas vozes, a COP25 preferiu silenciá-las. Fomos empurrados, intimidades e tocados sem consentimento. Fomos retirados das salas onde ocorrem as negociações. Disseram-nos que podíamos levar nossa ação para a rua, ao passo que ergueram uma enorme porta de metal e nos levaram para fora. Não tínhamos sido avisados sobre as intenções da segurança da ONU de retirar nossas credenciais. Ficamos no frio, muitos sem seus abrigos, e depois vimos uma enorme porta de metal deixando-nos no frio da rua. Uma mulher indígena não foi autorizada a voltar para alimentar seu bebê.
Em 25 anos de negociações, isso nunca havia acontecido. De qualquer forma, não haveria melhor símbolo da crise que estamos enfrentando. Pessoas em todo o mundo estão exigindo justiça e lutando contra a opressão, enquanto quem está no poder tenta nos calar. Eles dizem palavras vazias, agradecendo pelas nossas ações, mas quando chega a hora de agir, batem a porta na nossa cara, enquanto dão espaço para os poluidores. A ONU e os países que a integram querem reconhecer o conhecimento tradicional dos povos indígenas, mas optaram por não reconhecer os direitos desses povos. Esse padrão é observado no mundo inteiro, do Chile aos corredores da COP25, em todo lugar onde comunidades locais e povos indígenas lutam por seus direitos e por seu futuro.
Não vamos recuar. Exigimos total acesso para que a sociedade civil e as pessoas de todo o mundo participem das negociações e de todos os processos internacionais. Exigimos que nossas vozes sejam ouvidas.
O povo unido jamais será vencido!
Assinam:
Nathan Thanki (Climate Justice Now!)
Tasneem Essop (CAN International)
Bert de Wel (International Trade Union Confederation)
Bridget Burns (Women & Gender Constituency)
Tom Goldtooth (Indigenous Environmental Network / Conselheiro do Indígena Minga-Madri)
Organizações da Sociedade Civil (em ordem alfabética) – somente os nomes das organizações
350.org
ActionAid
Amnesty International
Asian Peoples’ Movement on Debt & Development
British Columbia Council for International Cooperation
CCFD-Terre Solidaire
Climate Action Network South Asia
Climate Reality Project
Corporate Accountability
Ecologistas en Acción
Friends of the Earth Bulgaria
Friends of the Earth International
Indigenous Environment Network
Interamerican Association for Environmental Defense
La Ruta del Clima
Oil Change International
SustainUs