21 agosto, 2019

Enquanto a Amazônia queima, sociedade civil pede ação imediata por florestas e clima

No dia em que o aumento assustador no número de queimadas na Amazônia virou destaque na imprensa global, dezenas de membros de organizações da sociedade civil juntaram suas vozes para exigir mudanças imediatas nas políticas do país para o clima. Eles participaram de um protesto pacífico, durante um painel com autoridades na Semana Latino-Americana e Caribenha sobre Mudanças do Clima, em Salvador.

Segurando cartazes e gritando frases como “Queremos nossas florestas vivas”, os manifestantes expressaram sua indignacão com medidas recentes do governo federal, durante discurso do ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles.

Ao mesmo tempo em que ele afirmava, no palco principal do evento, que o governo brasileiro está ouvindo as vozes da sociedade e trabalhando pela meio ambiente, os manifestantes exibiam cartazes com exemplos de aspectos em que o governo definitivamente não está ouvindo as demandas da população.

Algumas mensagens nas placas apontavam o retrocesso na conservação de florestas, em um contexto de forte aumento nas taxas de desmatamento e queimadas na Amazônia. Outros cartazes criticavam as recentes tentativas do governo de reduzir a participação da sociedade civil nas decisões relacionadas ao meio ambiente.

A ativista da 350.Org, Suelita Rocker, foi uma das manifestantes. Segurando cartazes com as mensagens “Sim para a vida” e “Não ao desmantelamento das políticas ambientais”, ela sentou-se em silêncio em uma cadeira bem na primeira fila da platéia, onde o ministro pudesse vê-la.

“Os dados recentes sobre incêndios na Amazônia, junto com uma série de outras informações científicas recentemente compartilhadas na imprensa, mostram que as políticas ambientais atuais estão nos levando a ainda mais emissões de carbono. Cientistas, povos indígenas, estudantes e outros grupos estão claramente dizendo que querem uma transição rápida e completa para energias limpas, além de medidas mais fortes para a conservação das florestas e participação real das comunidades nas decisões do governo ”, ela afirma.

Parte significativa da plateia vaiou o ministro, que também recebeu aplausos, mas em proporção bem menor.

Pedidos de mudanças profundas nas políticas ambientais brasileiras também surgiram no próprio palco principal da Semana do Clima. Em um painel logo após a fala do ministro, uma representante da ONG Engajamundo, que organiza mobilizações em todo o país, falou sobre a urgência da crise climática e da falta de espaço para a juventude na tomada de decisões. Ela também criticou a falta de representatividade de pessoas indígenas, negras e de mulheres nas discussões como a própria LAC.

“O governo precisa garantir a participação das pessoas mais vulneráveis no diálogo e nas decisões sobre a crise climática. Nesse sentido, é fundamental que todos os setores da sociedade invistam em projetos que viabilizem a educação climática” disse Kinda VanGastel, da Engajamundo.