Responsável por mobilizar a comunidade Mbya Guarani do Rio Grande do Sul contra o projeto da mina de carvão Guaíba, na Grande Porto Alegre, o líder indígena Cláudio Acosta foi alvo de uma ameaça de morte e duas tentativas de intimidação, em menos de sete dias, por parte de homens desconhecidos dele e de moradores da Aldeia Guajayvi, onde vive, no município de Charqueadas (RS).
Nesta quinta-feira (19) Acosta registrou boletim de ocorrência na 17ª Delegacia de Polícia Regional do Interior e protocolou uma representação junto ao Ministério Público Federal, em Charqueadas, para pedir às autoridades de região que protejam sua vida e a de outros integrantes da comunidade indígena.
O boletim de ocorrência relata que, em 13 de setembro, por volta das 19 horas, um carro de cor prata parou em frente à aldeia e alguém de dentro do carro ficou filmando a movimentação dos indígenas. No dia seguinte (14), “dois homens altos, um negro e um branco, ambos de cabelo curto e sem barba” desceram de um carro branco portando pistolas e abordaram Acosta, dizendo que se registrassem “algum movimento estranho na aldeia”, tinham “a permissão para atirar e matar”.
Três dias depois, em 17 de setembro, dois homens em um carro vermelho pararam em frente ao ponto onde os indígenas vendem artesanato e ficaram filmando o movimento. Ainda segundo o boletim, um dos homens aparentava ter 50 anos e usava cabelo branco e óculos. Já o outro parecia ter 25 anos e usava cabelo preto e curto.
As ameaças surgem em um contexto de resistência, por parte dos indígenas da comunidade Mbya Guarani, aos planos da empresa Copelmi, uma das maiores companhias de mineração do Brasil, de instalar uma gigantesca mina de carvão a céu aberto em uma área que fica próxima à Terra Indígena onde vivem as comunidades. Caso seja concretizado o projeto, a Mina Guaíba trará riscos de contaminação ao solo e às fontes de água de todo seu entorno.
“A 350.Org expressa solidariedade ao líder indígena e ao povo Mbya Guarani. Também reforça o pedido feito por Acosta às autoridades competentes para que garantam a integridade física, a liberdade e o direito de livre expressão de todos os indivíduos na região”, afirma Rubens Born, diretor interino da 350.Org na América Latina.
Para reiterar o apoio aos defensores do clima e aos direitos de indígenas, um dos pilares do trabalho da 350.Org na América Latina, a organização convidou manifestantes do mundo todo a publicarem, em suas redes sociais, fotos suas segurando cartazes com a frase “Eu estou com os Mbya Guarani (I stand with Mbya Guarani)”. As hashtags indicadas para essa publicação são #ProtectClimateDefenders e #CarvãoAquiNão.
Saiba mais
Conheça os impactos que a Mina Guaíba trará aos moradores e ao meio ambiente da região, alé de seu efeito negativo para o clima, caso concretizada, visitando o site do Observatório do Carvão.
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Peri Dias | [email protected]