CONTATO: Hoda Baraka, Gerente Global de Comunicação da 350.org, +39 320 8226797, [email protected] (em Roma)
ROMA — Religiosos, organizações da sociedade civil e comunidades afetadas pela mudança climática marcharam unidos em Roma nesse domingo para expressar gratidão ao Papa Francisco pela divulgação de sua encíclica sobre o meio ambiente, Laudato Si’, e para pedir aos líderes globais uma ação climática mais ousada.
Sob um banner dizendo “Uma Terra, uma família”, a marcha uniu católicos e outros cristãos, religiosos de outras fés que não a cristã, ambientalistas e pessoas de boa vontade. A marcha terminou na Praça de São Pedro, a tempo do Angelus semanal do Papa. [2]
A marcha comemorativa foi animada por uma banda musical, um coral climático e coloridas obras de arte desenvolvidas por artistas da Itália e de outros países, cujo trabalho desempenhou um papel importante na Marcha Climática dos Povos na cidade de Nova York em setembro do ano passado. Entre essas obras, havia uma placa de 75 metros no formato de uma folha verde, com trechos das Escrituras que falam do amor de Deus por sua criação e pelos pobres.
“Enquanto estamos nessa conjuntura crítica para a abordagem da crise climática, estamos particularmente gratos ao Papa por lançar essa encíclica como uma forma de despertar o mundo para a compreensão de como os impactos das mudanças climáticas afetam pessoas em todas as regiões”, disse Arianne Kassman, uma ativista climática da Papua Nova Guiné que estava participando da marcha para falar sobre as realidades das mudanças climáticas na região do Pacífico onde ela vive. “A verdade nessa questão é que a humanidade inteira precisa se unir para resolver essa crise dos nossos tempos. As mudanças climáticas são uma questão para qualquer pessoa que tenha uma consciência moral”, ela acrescentou.
Dentre as mensagens repetidamente endereçadas ao Papa ao longo da marcha, estava um pedido para que o desinvestimento dos combustíveis fósseis se torne parte da mensagem moral dele sobre a necessidade urgente de resolver a questão climática.
“A campanha de desinvestimento dos combustíveis fósseis se baseia na mesma premissa moral comunicada pelo papa Francisco em sua encíclica”, disse o padre Edwin Gariguez, secretário executivo da Cáritas das Filipinas. “A campanha serve para dar destaque à imoralidade de investir na fonte da injustiça climática que vivemos atualmente. É por isso que esperamos que, avançando e se apoiando nessa mensagem poderosa, o Papa Francisco possa transformar o desinvestimento dos combustíveis fósseis em uma parte de seu argumento moral por uma ação climática urgente”.
Uma petição conclamando o Papa Francisco a livrar o Vaticano dos investimentos em combustíveis fósseis já reuniu dezenas de milhares de assinaturas. [3] Ao longo dos últimos meses, dezenas de instituições religiosas [4] desinvestiram de empresas de carvão, petróleo e gás ou endossaram esse esforço, incluindo o Conselho Mundial de Igrejas, que representa meio milhão de cristãos em 150 países. Em maio de 2015, a Igreja da Inglaterra anunciou ter vendido £ 12 milhões em investimentos em carvão-vapor e areia betuminosa, e essa semana mesmo a Federação Luterana Mundial (LWF, na sigla em inglês) anunciou que vai excluir empresas de combustíveis fósseis dos seus investimentos, e pedir às suas igrejas-membro, com seus 72 milhões de integrantes, que façam o mesmo. No total, mais de 220 instituições se comprometeram a desinvestir dos combustíveis fósseis. O maior grupo dentre essas 220 é o das instituições religiosas.
À medida que os líderes mundiais se preparam para se reunir em Paris no final desse ano, para as rodadas climáticas da ONU, esse movimento crescente de desinvestimento continuará sendo o combustível para a revolução ética e econômica necessária para prevenir mudanças climáticas catastróficas e a desigualdade cada vez maior, uma mensagem fundamental da encíclica do Papa Francisco.
“O caminho evidente e necessário para abordar a crise climática é aquele que liberta a humanidade da prisão em que os combustíveis fósseis colocam nossa vida e o planeta. Essa encíclica reforça a mudança abissal que está acontecendo, nós simplesmente não podemos continuar tratando a Terra como uma ferramenta para nossa exploração”, disse Hoda Baraka, Gerente Global de Comunicação da 350.org, um dos grupos organizadores da marcha. [6]
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NOTAS AOS EDITORES:
[1] Fotos da marcha disponíveis para download aqui.
[2] O Angelus semanal acontece aos domingos quando o Papa está em Roma. Ao meio-dia, ele aparece na janela de seu apartamento e profere uma pequena fala, seguida pela Oração do Angelus e terminando com a Bênção Apostólica.
[3] A petição que pede ao Vaticano para retirar seus investimentos dos combustíveis fósseis está disponível aqui.
[4] Grupos religiosos que já se comprometeram com o desinvestimento até agora:
Diocese Anglicana de Canberra e Goulburn, Austrália
Diocese Anglicana de Melbourne, Austrália
Diocese Anglicana de Perth, Austrália
Anglican National Super (Fundo Nacional Anglicano de Pensões), Austrália
Igreja de Brighthelm, Brighton, Reino Unido
Igreja da Suécia
Colorado Ratnashri Sangha, USA
Earthsong, Australia
Diocese Episcopal de Massachusetts, Massachusetts, EUA
Diocese Episcopal do Oeste de Massachusetts, Massachusetts, EUA
Igreja Evangélica Luterana do Oregon, Oregon, EUA
Primeira Paróquia da Igreja Unitária Universalista de Cambridge, Massachusetts, EUA
Primeira Igreja Presbisteriana de Palo Alto, Califórnia, EUA
Primeira Sociedade Religiosa de Newburyport, Massachusetts, EUA
Primeira Igreja Unitária de Pittsfield, Maine, EUA
Primeira Igreja Unitária de Salt Lake City, Utah, EUA
First Congregação Unitária de Ottawa, Ontário, Canadá
Primeira Sociedade Unitária de Milwaukee, Wisconsin, EUA
Irmãs Franciscanas de Maria, Missouri, EUA
Corporação Fiduciária Friends, USA
Unitária Universalista Jamaica Plain, Nova York, EUA
Federação Luterana Mundial
Conselho de Igrejas do Maine, Maine, EUA
Igreja Unitária de Melbourne, Austrália
Igreja Unitária Universalista Portsmouth Sul, New Hampshire, EUA
Presentation Sisters (Irmãs da Apresentação), Queensland, Australia
Quakers na Bretanha, Reino Unido
Sociedade Religiosa Quaker dos Amigos, Austrália
Comunidade Quaker de Amigos, Ohio, EUA
Sociedade para o Trabalho Comunitário, Califórnia, EUA
Igreja Metodista Unida, EUA
Igreja Memorial Thomas Jefferson, Virginia, EUA
Igreja Unida da Trindade de São Paulo, Toronto, Ontário, Canadá
Seminário Teológico União, Nova York, EUA
Sociedade Unitária de Northampton & Florence, MAssachusetts, EUA
Igreja Unitária Universalista da região da Primeira Paróquia de Sherborn, Massachusetts, EUA
Associação Unitária Universalista, EUA
Sociedade Unitária Universalista de Amherst, Massachusetts, USA
Sínodo da Igreja Reformada Unida da Escócia, Reino Unido
Igreja Unida na Austrália
Igreja Unida de ACT e NSW, Austrália
Igreja Unida de Cristo, Massachusetts, EUA
Igreja Unida de Cristo, Minnesota, EUA
Congregação Universalista de South County, Rhode Island, EUA
Congregação Unitária Universalista de Corvallis, Oregon, EUA
Conselho Mundial de Igrejas
[5] Uma lista completa de compromissos com o desinvestimento está disponível aqui (em ingles).
[6] A organização da marcha inclui: o grupo de ativistas contra as mudanças climáticas 350.org, a FOCSIV, uma coalizão de mais de 60 grupos italianos católicos nas áreas de desenvolvimento, assistência e justiça social, e a OurVoices, a campanha climática internacional e plurirreligiosa liderada pela GreenFaith e pela Conservation Foundation.