O que as mudanças climáticas têm a ver com o nosso atual padrão de consumo de carnes?

Segundo a Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação (FAO), muito. Desde 2006, a organização reconhece que aproximadamente 18% das emissões globais de gases do efeito estufa (GEE) oriundas de atividades humanas vêm precisamente do setor pecuário. Mais do que isso, a FAO alega que a produção animal é uma das maiores causas dos mais urgentes problemas ambientais, incluindo também poluição de terra e água e perda de biodiversidade.

São muitas as razões pelas quais o setor pecuário é tão impactante sobre o meio ambiente, mas uma delas é a ineficiência no uso dos recursos alimentares, já que grandes quantidades de ração são utilizadas para produzir pequenas quantidades de carnes, laticínios e ovos. Disto decorre, por exemplo, que mais de 97% do farelo de soja produzido em todo o mundo é usado para alimentação de animais, o que também ocorre com mais de 60% do milho e cevada.

Por estes e outros motivos, o desmatamento na Amazônia brasileira tem, hoje, a pecuária como sua causa principal. O desmatamento da Amazônia, por sua vez, emite mais gases de efeito estufa do que qualquer outra fonte de emissões no nosso país. O Brasil tem hoje mais bois do que gente e é o maior exportador de carne bovina e de frango do mundo. Tamanho crescimento deste setor implica não apenas em impactos sobre as mudanças climáticas e o meio ambiente, mas também sobre a saúde das pessoas e o bem-estar dos animais. Enquanto isso, o consumo per capita de carnes do brasileiro e da brasileira só aumenta, atingindo a marca de cerca de 220 gramas por pessoa por dia — um exagero em relação a qualquer padrão de referência do mundo.

Existem várias propostas por aí para fazermos a nossa parte na redução de tamanhos impactos do setor pecuário. Uma delas, que tem demonstrado ter um bom apelo junto à sociedade, às organizações e mesmo aos governos é a Segunda Sem Carne. Fácil: um dia por semana, tire a carne do prato — e descubra novos sabores. Presente em mais de vinte países, a campanha conta com o apoio de dezenas de instituições e celebridades, incluindo a Prefeitura de São Paulo e o ex-Beatle Paul McCartney, padrinho da campanha na Inglaterra. Longe de “apontar o dedo” ou exigir mudanças drásticas em hábitos de consumo, a Segunda Sem Carne parece uma maneira particularmente amigável e poderosa de reduzir os impactos do nosso comportamento de consumo sobre o meio ambiente, os animais e as pessoas.

Por tudo isso, a 350.org Brasil apoia a Segunda Sem Carne. E você? Vai aderir?