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Nova queda é registrada no nível de água do Sistema Cantareira, em São PauloDivulgação/Sabesp


Em audiência sobre a falta de água em São Paulo, o presidente da Agência Nacional de Águas, Vicente Andreu Guillo, afirmou que o uso da segunda etapa do volume morto do sistema Cantareira pode ser considerado uma “pré-tragédia”. A reunião, que aconteceu na manhã desta terça-feira (21) na Assembléia Legislativa de São Paulo (Alesp), foi organizada para discutir a crise vivida por Sâo Paulo desde o início do ano, quando os reservatórios de água que abastecem o estado de São Paulo atingiram indíces críticos.


“A Sabesp quer retirar o segundo volume morto, que é a pré-tragédia. Mas não há alternativa para São Paulo que não seja chover ou tirar água do volume morto do Cantareira”, afirmou Guillo durante o evento. O presidente lembrou ainda que há uma terceira cota que pode ser captada. Mas de acordo com sua avaliação, essa seria a verdaderia tragédia já que é a última opção para abastecimento de água da região. “Eu acredito que tecnicamente será inviável. Do ponto de vista ambiental, essa água terá problema. Se a crise se acentuar é bom que a população saiba que não haverá alternativa a não ser ir no lodo para captar água”, disse.

Guillo explicou que a capacidade de armazenamento do sistema Cantareira é de um trilhão de litros de água. Abaixo do nível de captação, existia cerca de 500 bilhões de litros. “Uma parte já foi tirada, de 182 bilhões, e agora o governo deseja tirar mais 106 bilhões de água. Em tese, vai sobrar 200 bilhões, uma terceira parte do volume morto”.

A primeira cota começou a ser captada pela Sabesp em maio deste ano, quando o Cantareira estava em 8,2%. Com a reserva, o nível de água disponível aumentou para 26,7%. Hoje, o sistema, que abastece um terço da população da Grande São Paulo (6,5 milhões de pessoas), está em 3,3% de sua capacidade de armazenamento. Esse percentual é o que resta da primeira parte do volume morto.

Ataque à ONU


O governador de São Paulo Geraldo Alckimin encaminhou no dia 9 de setembro um comunicado ao secretário geral da ONU Ban Ki-Moon. No ofício, que só veio a público agora, Alckmin reclama da declaração da portuguesa Catarina de Albuquerque, relatora especial da ONU para água e saneamento que visitou São Paulo em agosto. Albuquerque culpa o governo de São Paulo pela falta de água e afirma que a crise hídrica só aconteceu por falta de investimentos em obras de captação de água. 

De acordo com a carta do governador a Ban, a relatora cometeu “erros factuais” e fez uso político do tema ao conceder entrevistas às vésperas da eleição estadual, violando o código de conduta da ONU.

Ao concluir o texto, Alckmin afirmou que se não houvesse retificação das informações prestadas por Catarina de Albuquerque, ele ficaria em dúvida sobre a habilidade da organização para realizar a Cúpula do Clima, realizada nos dias 23 e 24 de setembro em Nova Iorque. O governador não compareceu à cúpula e segundo o governo, até o momento não recebeu uma resposta oficial de Ban Ki-moon ao ofício.