19 agosto, 2014

Campanha clama a Papa Francisco para que livre o Vaticano dos investimentos em combustíveis fósseis

GLOBAL – Uma campanha climática global organizada pela 350.org clama ao Papa Francisco para que retire os investimentos do Banco do Vaticano da indústria dos combustíveis fósseis e para que apoie o crescente movimento de desinvestimento dos combustíveis fósseis. A petição para o chefe da igreja Católica foi lançada hoje e diz: “O seu reconhecimento da terrível ameaça que as mudanças climáticas representam, os esforços do Vaticano para se tornar o primeiro país neutro em emissões de gás carbônico e a sua dedicação ao Cuidado da Criação nos dão uma grande esperança. Nós clamamos a você para que use o poder de seu posição para dar um exemplo para o mundo”.

 

O Papa Francisco foi franco quando falou das ameaças das mudanças climáticas, taxando a destruição ambiental como “um ato de pecado”. Ele alertou que “se destruirmos a Criação, a Criação nos destruirá”, e pediu aos cristãos para que sejam “Guardiões da Criação”. O Papa Francisco está escrevendo uma encíclica, uma das formas mais altas de ensinamentos católicos, sobre o papel da humanidade no cuidado do planeta Terra. Ele também iniciou uma revisão radical do Banco do Vaticano para aumentar a transparência, a responsabilidade e o combate a corrupção. O Banco do Vaticano tem investimentos de US$ 8 bilhões. Como os combustíveis fósseis não estão explicitamente excluídos, parte destes recursos é inevitavelmente investida em companhias de combustíveis fósseis.

 

Jamie Henn, diretor de Estratégia e Comunicações da 350.org, afirmou que “o Papa Francisco compreende a ameaça das mudanças climáticas e a nossa responsabilidade moral de agir. Nós clamamos à ele que tome as medidas necessárias para impedir que a igreja Católica continue alimentando a crise climática através de seus investimentos, e use o poder de sua posição para pedir aos cristãos e não-cristãos para que também alinhem seus investimentos aos seus valores”.

 

A petição é acompanha por uma carta endereçada ao Papa, escrita por grupos religiosos da Austrália e América do Norte, que diz ser “imoral” lucrar com os combustíveis, e que pede a ele para que defenda a retirada de investimentos da indústria dos combustíveis fósseis.

 

O desinvestimento dos combustíveis fósseis ganhou força entre as comunidades de fé. No último mês, o Conselho Mundial de Igrejas, uma associação de mais de 300 igrejas que representa aproximadamente 590 milhões de pessoas em 150 países, decidiu eliminar progressivamente seus investimentos na indústria dos combustíveis fósseis, e encorajou seus membros a fazerem o mesmo. Os Quakers no Reino Unido, A Igreja Anglicana de Aotearoa, na Nova Zelândia e na Polinésia, a Igreja Unida de Cristo, nos Estados Unidos, e muitas outras igrejas locais e regionais também se uniram ao movimento de desinvestimento [1].

 

O vencedor do prêmio Nobel e ex-arcebispo anglicano na África do Sul, Desmond Tutu, já clamou por um “boicote ao estilo anti-apartheid à indústria dos combustíveis fósseis”. O chamado de Tutu recebeu apoio da chefe para o Clima na ONU, Christiana Figueres, que pediu aos líderes religiosos para que também retirem seus investimentos das empresas do setor de combustíveis fósseis.

 

A 350.org e seus parceiros estão encorajando instituições e indivíduos a firmarem um compromisso em desinvestir os combustíveis fósseis e investir em soluções climáticas para a Cúpula do Clima que o secretário geral da ONU, Ban Ki-moon, estará coordenando neste mês de setembro em Nova York. Cerca de 100 mil pessoas devem participar de uma grandiosa mobilização – a Marcha Climática dos Povos – no domingo, dia 21 de setembro, dois dias antes da Cúpula. Neste mesmo final de semana, centenas de ações coordenadas em todo o mundo também farão parte da mobilização. [2]”

 

 

 

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NOTAS AOS EDITORES

 

[1] Lista de compromissos de desinvestimento dos combustíveis fósseis

 

CONTATO: Melanie Mattauch, Europe Communications Coordinator, [email protected], +49 151 5812 0184