Por Tim Radford

LONDRES, 2 de Março, 2016 – Ondas de calor que costumavam chegar apenas a cada 20 anos ou algo próximo a isso podem se tornar eventos anuais pelo ano de 2075, sobre quase dois terços do solo do planeta – se os humanos continuarem queimando mais combustíveis fósseis e liberando ainda mais gases do efeito estufa.

Tentando se refrescar na onda de calor no estado de Nova York. Foto: Josh Kesner via Flickr

Tentando se refrescar na onda de calor no estado de Nova York. Foto: Josh Kesner via Flickr

 

Claudia Tebaldi, cientista visitante no Centro Nacional dos EUA para Pesquisa Atmosférica (US National Centre for Atmospheric Research), e Michael Wehner, funcionário sênior, cientista no Laboratório Nacional Lawrence Berkeley (Lawrence Berkeley National Laboratory), relata no jornal Climatic Change que reduções de emissão rigorosas podem reduzir o risco de tais eventos climáticos extremos.

Claudia Tebaldi, visiting scientist at the US National Centre for Atmospheric Research, and Michael Wehner, senior staff scientist at the Lawrence Berkeley National Laboratory, report in Climatic Change journal that stringent emissions reductions could reduce the risk of such extreme heat events.

Mas, mesmo assim, pelo ano de 2075, estima-se que 18% da superfície da Terra pode continuar a experimentar estes uma vez raros eventos climáticos todo ano.

Benefícios consideráveis

“O estudo mostra que cortes agressivos nas emissões dos gases do efeito estufa resultarão em benefícios consideráveis, começando no meio do século, tanto para o número quanto para a intensidade de tais eventos climáticos extremos,” diz Dr Tebaldi. “Mesmo com as ondas de calor aumentando, nós ainda temos tempo para evitar uma grande porção dos impactos.”

Pesquisadores do clima ao redor do mundo tem advertido repetidas vezes sobre a crescente incidência de máximas de calor. Uma onda de calor – definida por três dias consecutivos de calor incomum – pode ser letal.

Um estudo recente feito pelo Escritório da ONU para Redução de Risco de Desastre relatou que dos 164,000 que pereceram quando o termômetro caiu ou subiu à níveis catastróficos, nos últimos 20 anos, 148,000 morreram durante ondas de calor, e 90% destas mortes foram na Europa.

“Isso terá um impacto perigoso nos mais pobres, nos mais velhos, e nos bem novos, que são tipicamente os que morrem durante ondas de calor”

Um outro estudo analisou níveis de umidade que podem acompanhar estes extremos e disse que algumas partes do mundo poderiam ser potencialmente inabitáveis sob tais condições.

Dois estatísticos estadunidenses olharam para duas questões: quão frequentemente no futuro essas ondas de calor que ocorrem a cada 20 anos irão acontecer, e quão intensas elas serão? A resposta não é nenhuma surpresa: se tais eventos que ocorrem apenas uma vez em 20 anos passarem a acontecer todo ano, no futuro as máximas de calor serão ainda mais extremas do que qualquer máxima que experimentamos até hoje.

Para 60% do globo uma sequência de dias 3ºC mais quente que o normal pode acontecer uma vez a cada 20 anos até 2050. Em torno de 10% do planeta pode experimentar máximas de 20 anos de 5ºC ou mais.

Reduzir Drasticamente

Pelo ano de 2075, supondo que seres humanos continuem a queimar combustíveis fósseis no ritmo atual, essas regiões sujeitas a ainda maiores máximas serão maiores. Uma estimativa de 54% do globo experimentará máximas 5ºC mais quentes a cada 20 anos.

Mesmo que as emissões sejam cortadas drasticamente – e 195 nações prometeram fazer exatamente isso na conferência climática de Paris de dezembro passado – os perigos decorrentes do calor extremo continuam altos. Um quarto da porção de terra do planeta pode experimentar uma onda de calor de 5ºC a cada duas décadas ou algo em torno disso.

“Mesmo com tais diminuições dramáticas nas emissões de dióxido de carbono, ondas de calor futuras serão bem mais perigosas do que são agora,” diz Dr Wehner.

“É o clima extremo que afeto a saúde humana. Essa semana pode ser 2ºC mais quente que a semana passada, e isso não importa. Agora, imagine o dia mais quente que você pode se lembrar e, ao invés de 42ºC, agora está 45ºC. Isso teria um impacto perigoso nos mais pobres, mais velhos, e nos bem novos, que são aqueles que estão geralmente morrendo em ondas de calor.”

Climate News Network