Aconteceu durante a COP 25, protestos contra o mercado de créditos de carbono.
Temos um único objetivo conjunto: conter o aquecimento global e manter o planeta no limite de 1.5 graus. E a maneira de conseguirmos isso é reduzindo a quantidade de emissões de carbono na atmosfera.
Para isso foi criado o Acordo de Paris que como soubemos pelos relatórios do IPCC e ONU, não será suficiente para atender à emergência climática que vivemos. O cenário é grave e urgente e por isso, a COP25 é de extrema importância para os mais afetados pelas mudanças climáticas.
Nesse cenário conturbado, existe um mercado chamado: “mercado de créditos de carbono” que basicamente usa a lei da compensação: “Se você não polui o suficiente, deixa que eu poluo por você em troca de dinheiro”
Colocamos aqui alguns argumentos para você também ser contra o mercado de crédito de carbono:
- Não temos tempo para trocar “papel”: estamos vivendo uma emergência climática e não há o que discutir, precisamos de medidas imediatas os combustíveis fósseis precisam ficar no chão e ponto! Continuar emitindo e comprando créditos não vai atender à nossa demanda existencial.
- Risco de contabilizar o mesmo crédito duas vezes: é possível que os créditos sejam contabilizados duas vezes, a empresa que vendeu os créditos e o governo podem contabilizar os mesmos créditos, fica lindo no relatório de ambos e péssimo para o meio ambiente.
- Geração de florestas sem biodiversidade: quando o mercado de carbono envolve REDD (Redução das Emissões por Desmatamento e Degradação florestal), ou seja, plantam árvores para compensar o carbono, as árvores plantadas são floresta de pinus ou de eucalipto, tornando a região um grande deserto verde sem biodiversidade, criam uma floresta fake.
E, retomando o objetivo central: SE estamos todos buscando conter o aquecimento global e manter o planeta a 1.5 graus, quem se beneficia com essa venda?
Nenhum ser vivo!
Nenhum ser vivo é beneficiado com a venda de créditos de carbono. O mercado de carbono serve apenas para atender às demandas das indústrias que pouco fazem para efetivamente conter as mudanças climáticas.
Por isso acreditamos que as negociações da COP25 não devem cometer os mesmos erros do passado, colocando as indústrias como centro da tomada de decisões. São os mais impactados que devem ser ouvidos.
Durante o ano de 2019, fizemos uma consulta a todos os povos indígenas da América Latina para que colocassem suas demandas em uma carta para ser entregue às autoridades durante a COP 25.
Livia Lie – coordenadora de Campanhas Digitais da 350.org Brasil e América Latina, comunicóloga e Voluntária da Coalizão Não Fracking Brasil pelo Clima Água e Vida.