Funcionários do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) foram informados nesta semana de que o órgão será presidido por Cairo Tavares, indicado para o cargo sem ter nenhuma experiência técnica na área. Na ânsia por manter o que resta de poder para sua administração, o presidente Michel Temer quer entregar as unidades de conservação federais à barganha política, fragilizando ainda mais a proteção a essas áreas, num momento em que o meio ambiente, o clima e as populações tradicionais se encontram sob forte ataque de diversos setores.

Em Nota de Repúdio, a 350.org manifesta veementemente sua posição contrária à negociação política de cargos de natureza técnica nos espaços do mais alto escalão de órgãos administrativos federais, com a nomeação de pessoas sem qualquer experiência em gestão socioambiental, e se solidariza com os funcionários do instituto em sua oposição a tal medida.

As unidades de conservação são, junto com as terras indígenas, as principais protetoras das florestas brasileiras, que por sua vez influenciam diretamente o regime de chuvas, o equilíbrio dos diversos ecossistemas brasileiros e o clima do planeta. No Brasil há hoje 333 UCs federais sob a competência de gestão do ICMBio, que somam 9% de todo o território nacional.

É notório que desde meados do ano de 2017 entidades ambientais de natureza federal vêm sendo desmontadas por meio de indicações políticas do governo federal, que opta por indicar para as presidências e diretorias aliados sem qualquer respaldo técnico socioambiental, com objetivos meramente políticos. Isso já aconteceu com o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), com a Fundação Nacional do Índio (FUNAI) e agora ocorre também com o ICMBio.

Favores políticos vêm se tornando usuais no nosso sistema político, em franco detrimento dos interesses da população brasileira, que se vê de mãos atadas no seu trabalho de fiscalização das atividades públicas de interesse socioambiental. A motivação de nomeações políticas serve apenas aos interesses pessoais de governantes e seus aliados políticos, num balcão de negócios onde vale tudo pela manutenção do poder e pela irrestrita exploração dos já escassos recursos naturais.

Junto a milhões de brasileiros, a 350.org é adepta de políticas públicas que tenham como norte o real desenvolvimento sustentável, o respeito aos povos tradicionais, aos agricultores, pescadores, defendemos uma transição energética responsável rumo às energias limpas, o fortalecimento da agroecologia, entre outras.

Encampamos a bandeira pela valorização dos servidores técnicos responsáveis e comprometidos com sua função institucional, sem que o meio ambiente e a sociedade fiquem à mercê de poluidores e oportunistas mal-intencionados. Como representantes civis da sociedade brasileira, a 350.org exige o fim das nomeações de caráter político, em detrimento das aptidões de ordem técnica.

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