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A quem interessa prejudicar a 350.org? Será apenas coincidência ou toda vez que um leilão de petróleo e gás estiver perto de acontecer a sede da 350.org Brasil e da COESUS – Coalizão Não Fracking Brasil pelo Clima, Água e Vida sofrerá tentativa de invasão? Na noite desta quarta-feira (26), ao chegar ao local, membros da equipe se deparam com a triste constatação: câmeras danificadas, grades de segurança amassadas e cadeados serrados.

“Sabemos que a campanha contra o fracking e contra os combustíveis fósseis atinge grandes interesses econômicos. Mas não nos deixaremos intimidar. Pelo contrário, isso nos dá ainda mais vontade de seguir nosso trabalho, pois acreditamos que estamos no caminho certo, lutando por um mundo melhor, ambientalmente saudável e mais justo para todos”, afirmou a diretora da 350.org América Latina, Nicole Figueiredo de Oliveira.

Segundo o fundador da COESUS e coordenador de campanhas da 350.org, Juliano Bueno de Araújo, a polícia já foi acionada e as imagens das câmeras de segurança da vizinhança estão sendo analisadas. “Estamos alertas e cientes de que, ao apontar o dedo para a indústria fóssil, expondo sua responsabilidade na crise climática, estamos mexendo num vespeiro. Mas isso não vai nos abalar, seguimos fortes na causa em que acreditamos”, completou.

Essa não é a primeira vez. Em 2015, logo após um protesto realizado durante a 13ª rodada de leilões da ANP (Agência Nacional de Petróleo e Gás), no Rio de Janeiro, a sede da organização, localizada em Curitiba, também sofreu arrombamento. À época, após perícia e análise das evidências, a polícia científica do Paraná avaliou o evento como “roubo qualificado”, já que “quem entrou sabia o que estava procurando”.

Na ocasião foram levados notebooks, celulares, pen drives e pastas de documentos com informações da campanha Não Fracking Brasil. Foi um roubo direcionado, uma vez que muitas coisas de valor ficaram para traz, como data show, impressora a laser e até dinheiro em espécie, usado para despesas de manutenção local. Desta vez, a tentativa de invasão ocorreu dias antes da Mobilização Global pelo Desinvestimento e da 4ª Rodada de Acumulações Marginais da ANP, que ofertará nove áreas para exploração e produção de óleo e gás.   

Além do prejuízo financeiro, a recorrência das ofensivas traz também o sentimento de que há uma tentativa de intimidação. “Em outros países, as pessoas que lutam contra a poderosa indústria do hidrocarboneto também sofrem esse tipo de ação violenta. Não seria diferente aqui, pois as empresas petroleiras que querem entrar no Brasil para explorar petróleo e gás são as mesmas”, alertou Juliano.

Diversas entidades parceiras que lutam contra a entrada do fracking no Brasil e contra as mudanças climáticas em todo o mundo já enviaram mensagens de solidariedade e apoio.

“Não estamos sozinhos. Somos parte de um movimento global que luta pela manutenção da vida no planeta. Entre 05 e 13 de maio, milhares de pessoas em todo o mundo estarão reunidas em torno de um mesmo objetivo: colocar um ponto final na era dos combustíveis fósseis. Juntos, pediremos a nossos governos, igrejas, universidades e empresas para que retirem seus investimentos de projetos ligados a carvão, petróleo e gás, a fim de realizarmos de uma vez por todas a tão necessária transição para uma matriz energética 100% renovável”, frisou Nicole.

Assista aqui ao depoimento de Nicole Figueiredo sobre o triste episódio.