Mais de 50 organizações e movimentos sociais brasileiros que atuam nos segmentos de meio ambiente, clima, direitos humanos, direitos dos trabalhadores, povos indígenas e comunidades tradicionais, incluindo a 350.org Brasil, protocolaram nesta terça-feira (11) no Ministério do Meio Ambiente e no Ministério das Relações Exteriores a “Carta em defesa da posição histórica do Brasil sobre offsets florestais”. Trata-se de uma reação a tentativas de viabilizar o uso de florestas em mercados de compensação de emissões de carbono (offsets), vista como uma falsa solução ao desafio das mudanças climáticas.
Alguns atores têm usado o momento de negociação da implementação do Acordo de Paris, a crise política e a turbulência econômica pela qual o país e o mundo passam como pretexto para demandar medidas a favor de offsets. O esforço beneficiaria aqueles que continuariam emitindo gases de efeito estufa ou receberiam recursos mobilizados, mas traria graves conseqüências para o Brasil e o mundo.
A Carta traz oito pontos que explicam porque os offsets florestais apenas agravariam a crise climática. Entre os argumentos, está a falsa equivalência entre o carbono emitido por combustíveis fósseis e o capturado pelas árvores; o aprofundamento de desigualdades; e o fato de que a compensação via offsets geraria incentivos para países segurarem a ambição de suas metas de redução de emissões perante a ONU.
Defendemos o posicionamento histórico do Brasil de não considerar projetos de redução de desmatamento, conservação e recuperação de florestas elegíveis para a geração de créditos de carbono. “Não podemos desviar a atenção das verdadeiras soluções e das políticas necessárias de enfrentamento à crise climática”, afirma o documento.