Com profundo pesar recebemos a notícia da execução do o ex-pescador artesanal Anísio Souza em Magé, Rio de Janeiro. Anísio e seu irmão, Alexandre Anderson, defenderam juntos bravamente as comunidades pesqueiras e os territórios dessas comunidades. Os dois estiveram presentes em ações que a 350.org, a ARAYARA, a COESUS e o Observatório do Petróleo e Gás realizaram em defesa do clima junto à AHOMAR (Associação Homens e Mulheres do Mar da Baía de Guanabara).
Nos solidarizamos à família de Anísio, sua esposa e seus três filhos, sua mãe e seu irmão Alexandre. Não cessaremos nossa luta e a tornaremos ainda mais intensa para honrar Anísio. Também não cessaremos até que o crime seja esclarecido e a justiça seja feita.
O luto por ver nosso amigo e parceiro Anísio morto barbaramente traduz o momento de perdas de direitos civis e do direito à vida de líderes e defensores do meio ambiente, da verdade e da vida. Com dor no coração nos despedimos, e com fé e coragem continuaremos a lutar pelo direito ao trabalho, em defesa do clima e do meio ambiente, por um mar sem petróleo e pela vida em todas as suas formas.
Anísio Souza foi executado no início da noite de quinta-feira, 12. Abordado no portão em frente à sua casa, ao chegar do trabalho, com seu filho Cristian, de seis anos de idade, Souza foi alvejado com diversos tiros que atingiram sua cabeça. Segundo testemunhas, os tiros foram disparados por homens encapuzados que saíram de um Onix prata.
A violência e brutalidade do assassinato chocaram a comunidade pesqueira local. Os relatos dos moradores são de medo, insegurança e ausência do Estado. Há relatos de presença de milícias na região.
A execução de Anísio aconteceu a menos de mil metros da casa de Alexandre.
Lado a lado os irmãos fizeram, por anos, o necessário enfrentamento pela defesa do meio ambiente e pela manutenção dos territórios pesqueiros. Em função dessa luta, Alexandre Anderson já foi alvo de outros atentados e por isso faz parte do Programa Nacional de Defensores Climáticos.