Fotos e vídeos podem ser encontrados aqui – Créditos: Hugo Duchesne/350.org

Belém, Brasil – 20 de novembro de 2025 – À medida que a COP30 entrava em suas horas finais, grupos de justiça climática e lideranças de territórios de linha de frente realizaram uma ação dentro da Blue Zone para chamar atenção para as crescentes lacunas de ambição climática, financiamento e justiça que impedem avanços reais na luta contra a crise climática.

A ação de hoje respondeu diretamente às preocupações levantadas em análises da sociedade civil – incluindo a avaliação da 350.org sobre a versão mais recente do texto da Presidência da COP30 –, que alerta que o texto atual ainda não apresenta: um compromisso forte com uma “transição para longe dos combustíveis fósseis” rumo a uma eliminação rápida, justa e financiada desses combustíveis, principais responsáveis pela crise, além de financiamento climático adequado e acessível. A COP30 precisa entregar ambição real, financiamento real e uma eliminação real dos combustíveis fósseis — não gestos simbólicos.

A ação intitulada “Mind the Gap-ybara” reuniu 100 capivaras de pelúcia, cabeças de capivara, faixas e cartazes como “Capybaras for a Fossil-Free Future”, “No oil in capybara land” e “Capybaras want rivers, not pipelines.”

Declarações curtas foram feitas por porta-vozes da Amazônia, do Pacífico, da África e do movimento climático global, ressaltando a urgência de fechar essas lacunas antes do fim da COP.

Declarações de porta-vozes presentes na ação

Johan Rockström, Diretor do Instituto Potsdam para Pesquisa sobre Impacto Climático (PIK):
“A curva global das emissões de GEE precisa começar a cair no próximo ano, 2026, não em algum momento indefinido no futuro. Precisamos começar a reduzir agora as emissões de CO₂ provenientes de combustíveis fósseis, em pelo menos 5% ao ano. Isso significa chegar o mais perto possível de zero emissões fósseis até 2040 e, no máximo, até 2045. Isso exige que não haja mais novos investimentos em combustíveis fósseis, a eliminação de todos os subsídios a estes, e um plano global para incorporar fontes de energia renovável e de baixo carbono de forma justa. O financiamento dos países ricos para os países em desenvolvimento é também imprescindível.”

Brianna Fruean, integrante do Pacific Council da 350.org:
“Essa lacuna entre ambição e ação não pode ser ignorada. Nosso povo do Pacífico está lutando com todas as forças para manter o mundo abaixo de 1,5 graus e nossas ilhas acima do nível do mar. Por que precisamos ser constantemente a ponte entre o mundo e a sobrevivência? Nossos anciãos merecem descansar, e nossos jovens merecem prosperar livres da crise climática.”

Samuel Okulony, Diretor do Environment Governance Institute (EGI) de Uganda e ativista da campanha StopEACOP:
“Eu venho de Uganda, um país na linha de frente da crise climática, onde seus impactos fazem parte da vida cotidiana. Para nós, a eliminação dos combustíveis fósseis não é uma moeda de troca, é o único resultado justo e central que esperamos desta COP. Falo com as vozes de milhares de comunidades de linha de frente, povos indígenas, jovens e mulheres que recusam ser ignorados por mais tempo. Se esta é realmente a COP da verdade, então é hora de sermos honestos sobre quem causou a crise climática e finalmente colocar um fim aos combustíveis fósseis.”

Savio Carvalho, Diretor de Campanhas e Redes, 350.org:
“O texto preliminar da Presidência ainda não responde à urgência fora dessas salas de negociação. Sem um mandato forte para um caminho rápido, justo e financiado de eliminação dos combustíveis fósseis, a COP30 corre o risco de se tornar mais uma oportunidade perdida. Povos da Amazônia, do Pacífico e da África estão soando o alarme, e a ação de hoje tornou isso impossível de ignorar. Os governos precisam fechar as lacunas de ambição, financiamento e justiça, porque sem isso não há transição crível nem segurança climática para ninguém.”

Carolina Marçal, Coordenadora de Projetos, Instituto ClimaInfo
“É urgente que a COP30 entregue o mapa do caminho para a eliminação gradual, justa e equitativa dos combustíveis fósseis – a única solução real para conter a crise climática. Diante de avanços limitados e da crescente desconfiança no multilateralismo, o Brasil deve mostrar liderança e responder à altura da urgência da crise climática. É fundamental ter compromissos claros e vinculantes.” 


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