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“Deve soar como uma sentença de morte para os combustíveis fósseis, antes que destruam o planeta”, diz Guterres, secretário-geral das Nações Unidas.

No dia 9 de agosto de 2021, o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas, comitê composto de centenas de cientistas do mundo inteiro escolhidos pelos governos com a missão de avaliar periodicamente o estado da arte do conhecimento científico sobre as mudanças do clima, divulgou o novo Relatório de Avaliação (AR6) demonstrando cinco cenários de emissões avaliados com projeções do que poderá ocorrer nos próximos anos caso a meta do Acordo de Paris de estabilizar o aquecimento em 1,5°C não seja concretizada.

Uma das conclusões que o relatório trouxe é a de que os seres humanos provavelmente causaram a quase totalidade do aquecimento global observado no último século através de atividades como a queima de combustíveis fósseis e o desmatamento. 

Segundo o Relatório, as concentrações de CO2 (gás carbônico), CH4 (metano) e N2O (óxido nitroso), os três principais gases de efeito estufa em mistura na atmosfera, são as maiores em 800 mil anos, e as concentrações atuais de CO2 não são vistas desde 2 milhões de anos atrás pelo menos. Como consequência, a temperatura global subiu mais rápido desde 1970 do que em qualquer outro período de 50 anos nos últimos dois milênios! As temperaturas desde 2011 excederam as do último período quente longo, que foi 6.500 anos atrás. 

Outro dado alarmante que podemos ver no Relatório demonstra como cada trilhão de toneladas de CO2 emitidas cumulativamente na atmosfera causa um aquecimento global de 0,27oC a 0,63C. Para que seja possível limitar o aquecimento global em qualquer nível será necessário que as emissões líquidas de CO2 sejam zeradas, e que outros gases de efeito estufa, como o metano, sejam substancialmente reduzidos.

Desde 1850, a humanidade já emitiu 2,390 trilhões de toneladas de CO2. Nosso limite de emissões de hoje até o fim dos tempos é 300 bilhões de toneladas de CO2 para termos a melhor chance de atingirmos 1.5°C. Emitimos por ano 52 bilhões de toneladas, ou seja, temos menos de 5 anos e meio para cortar nossas emissões drasticamente

“Para limitar o aquecimento global, são necessárias reduções fortes, rápidas e sustentadas de CO2, metano e outros gases de efeito estufa. Isso não só reduziria as consequências das mudanças climáticas, mas também melhoraria a poluição do ar nas cidades.”, Relatório de Avaliação (AR6), IPCC

O novo Relatório certamente aumenta a responsabilidade e a pressão que os tomadores de decisão irão sofrer em Glasgow, Escócia, durante a próxima Conferência das Partes (COP26). A última COP, realizada em 2019, deixou a humanidade decepcionada com a falta de atitude dos diplomatas e chefes de Estado em se comprometerem a realizar mudanças significativas visando o cumprimento do Acordo de Paris. Hoje, em 2021, com a Sibéria pegando fogo, a Alemanha e China debaixo d’água e a década mais quente já registrada, é impossível negar a ciência e continuar de braços cruzados. Nos próximos anos, precisaremos aumentar radicalmente e imediatamente a ambição das metas nacionais de corte de gases de efeito estufa (NDCs), visando as metas de 2030 e não medindo esforços para atingirmos emissão zero em 2050! 

Todas as nações, especialmente o G-20, precisam fazer parte da coalizão de emissões zero e reforçar os compromissos antes da COP-26, é possível evitar uma catástrofe climática, se houver, imediatamente, união de forças. A Era dos combustíveis fósseis está realmente no fim, e será através de legislação e pressão aos tomadores de decisões. O presente e o futuro são das energias renováveis!

 

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Renata Padilha – Colaboradora da 350.org, Fridays For Future e EcoPeloClima