Um vazamento de lama com produtos químicos foi registrado em Cerro Padilla, Paysandú, no Uruguai, em um poço da empresa Petrel Energy, petrolífera australiana que trabalha com perfuração em busca de hidrocarbonetos. Ambientalistas da região denunciaram o acidente e pediram o fim das perfurações.

As organizações Associação Civil Ambientalista de Salto (ACAS), Paysandú Libre de Fracking, Paysandú Nuestro, Asamblea Popular Ambiental Colón-Ruta 135, Rivera por la Vida Sustentable y el Agua, Tacuarembó por el Medio Ambiente, Uruguay Libre de Megaminería e a coordenadora ambiental de Todas las Manos denunciam o caso.

De acordo com informações da Direção Nacional do Meio Ambiente (Dinama), foram perdidos 125 mil litros de lama – o que evidencia, segundo as organizações ambientais, a falta de habilidade da empresa e de controles efetivos por parte da Dinama.

Os ambientalistas também afirmam que “a magnitude da perda e a demora para reagir adequadamente aponta falta de preparação para grandes contingências. Quando foi aprovada essa perfuração, foi estabelecido que qualquer incidente ocorrido durante a execução do projeto deveria ser imediatamente reportado a Dinama, mas, evidentemente, a empresa não o fez”.

Víctor Bacchetta, membro da Coalizão Latino-Americana contra o Fracking e do movimento Uruguai Libre de Megaminería, explicou que a queixa é baseada em um arquivo oficial do DINAMA e advertiu que os aquíferos da área estão em risco. A infiltração dessa lama contaminada pode afetar os aquíferos Tacurembó e Buena Vista, por exemplo.

Juliano Bueno de Araujo, coordenador de campanhas da 350.org Brasil e coordenador nacional da COESUS, lembra ainda que o acidente aconteceu a apenas 170 km do Brasil e onde está também localizado o Aquífero Guarani. “Esse aquífero abastece milhões de brasileiros, bem como uruguaios, argentinos e paraguaios. Acidentes como o ocorrido em Cerro Padilla só comprovam os danos ambientais que as explorações de petróleo podem causar. Precisamos agir em defesa da água e da vida, impedindo esses projetos”, afirma.

O incidente mostra, segundo as organizações ambientais, como as operadoras desconheciam a formação geológica onde a lama estava sendo drenada, além de não agirem a tempo para suspender e reduzir a magnitude do derrame. Os grupos defendem que as perfurações sejam interrompidas e cobram uma ação mais efetiva da Dinama para evitar novos acidentes como esse.

Fonte: El país