Durante todo o domingo, as pessoas que estiveram no Parque São Lourenço puderam conversar sobre as causas e impactos das mudanças climáticas na nossa vida
Por Silvia Calciolari
Curitiba, definitivamente, não é para amadores. Numa cidade em que as quatro estações do ano acontecem num mesmo dia – e não raramente mais de uma vez – o clima sempre foi seu diferencial, e maior causa de protesto entre moradores e turistas. Mas em época de mudanças climáticas, o que seria apenas um aspecto pitoresco da capital do Paraná agora ganha contornos mais dramáticos quando se registra em uma hora volume de chuva de um mês ou com temperaturas mínimas em torno de 10 graus em plena Primavera e com ocorrência de geadas.
Mas o que está acontecendo com o clima? Por que temos a sensação que o caos climático de Curitiba agora faz parte da realidade de inúmeras outras cidades no planeta? O aquecimento bate todos os recordes e está promovendo alterações que podem ganhar contornos trágicos. No Alasca, o verão atinge impressionantes 30 graus. Na Índia, a temperatura máxima ultrapassou em maio os 50 graus e matou milhares de pessoas. Com o derretimento das geleiras, o nível do mar aumenta assustadoramente e ilhas e cidades litorâneas já são impactadas. Os oceanos estão mais quentes e a vida marinha, especialmente os corais, já sentem os efeitos das mudanças climáticas.
Em sua quinta edição, a Virada Climática de Curitiba realizada no último domingo (6) coincidiu com o início da Conferência das Partes de mudanças climáticas que acontece de 07 a 18 de novembro, em Marrakesh, Marrocos, e que será a primeira após o Acordo de Paris, que acaba de entrar em vigor. Apesar do frio atípico para a Primavera, centenas de pessoas estiveram no Centro de Criatividade de Curitiba das 10 às 17 horas deste domingo para atividades artísticas, culturais e muita animação.
O evento é uma promoção da 350.org Brasil, Fundação Internacional Arayara, Instituto Lixo Zero e COESUS – Coalizão Não Fracking Brasil pelo Clima, Água e Vida e outras entidades parceiras. “O objetivo é propor o debate sobre as causas das mudanças climáticas e como podemos adotar atitudes individuais para conter os impactos”, explica Nicole Figueiredo de Oliveira, diretora da 350.org Brasil e América Latina.
Segundo Nicole, podemos não ter a consciência exata, mas sentimos que o aquecimento global causado pela queima dos combustíveis fósseis e consequente emissões dos gases de efeito estufa está intensificando as mudanças climáticas e promovendo a radicalização do clima. “Não temos mais tempo para fazer a transição para uma economia de baixo carbono. É preciso abandonar de vez os projetos fósseis, investir em energias renováveis sob o risco deste planeta se tornar hostil a todos os seres vivos”, alerta
Roda de conversa
O objetivo desta edição especial da Virada Climática foi chamar a atenção das pessoas para a importância de exigirmos dos governantes políticas públicas para diminuir as emissões dos gases de efeito estufa, especialmente o dióxido de carbono (CO2) gerado a partir da queima do petróleo, carvão e gás, para contermos o aquecimento global que provoca as mudanças climáticas.
Numa roda de conversa, também foi debatido o fraturamento hidráulico, tecnologia altamente poluente usada para extração do gás de xisto, o metano (CH4), do subsolo conhecida como Fracking, e que o governo quer implantar no Brasil. Associados, os dois gases de efeito estufa estão contribuindo para o aquecimento do planeta e impondo a populações do mundo todo os efeitos devastadores das mudanças climáticas.
Para Juliano Bueno de Araujo, o coordenador de Campanhas Climáticas da 350.org Brasil e fundador da COESUS, “o objetivo da Virada Climática é promover uma corrente em torno da construção de um mundo sustentável, com atitudes coletivas e justiça climática, oferecendo alternativas saudáveis para o corpo e a alma e para o planeta”.
Confira as imagens e vídeos da Virada Climática Verão 2016 – Especial COP 22