Enquanto os negociadores se encontram em Lima, no Peru, para participar da Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas, nós levaremos você por um tour através das alterações do clima que já estão trazendo severas consequências para a região e também por aquelas previstas por especialistas e mencionadas no mais recente relatório do Painel Intergovernamental sobre as Mudanças Climáticas (IPCC, na sigla em inglês).
Fechando 2014 como o ano mais quente já registrado, é impossível ignorar que precisamos de ações urgentes para impedir que os piores impactos das mudanças climáticas se concretizem. Mas será que os negociadores climáticos estão realmente ouvindo nossos apelos?
Secas severas e enchentes devastadoras estão ficando mais frequentes
O ano de 2014 registrou secas graves e sem precedentes (no Brasil), assim como enchentes extremamente destrutivas (na bacia do rio da Prata no Brasil, Paraguai, Argentina e Uruguai). E as previsões são, infelizmente, nada animadoras. O volume de precipitações anual deve diminuir na maior parte da América Central e do Caribe, nas áreas mais ao nordeste da América do Sul (Venezuela, Guiana, Suriname, Guiana Francesa e nordeste brasileiro) e em algumas porções do sudoeste do continente (no Chile e no sul da Argentina) – algumas destas áreas já severamente afetadas pelas secas. Por outro lado, o volume de chuvas deve aumentar em regiões do oeste da América do Sul (no Equador e em algumas áreas da Colômbia) e no Uruguai.
Está ficando quente
Foi observado um aumento de temperatura de 0,4°C a 2,5°C, especialmente em áreas mais ao leste do continente (principalmente no Brasil). Para o período entre os anos 2046 e 2065, é projetado um aumento entre 1°C e 2°C nas temperaturas. E no longo prazo (entre 2081 e 2100), este aumento deve chegar a números entre 2°C e 5°C.
A rica biodiversidade está criticamente ameaçada
As temperaturas em elevação combinadas à expansão das fronteiras agrícolas e à industrialização colocaram a biodiversidade em risco. A perda de habitat está aumentando, e muitas espécies estão entrando em risco de extinção, já que não há mais para onde elas possam fugir.
O aumento do nível dos mares e a acidificação dos oceanos causam sérias preocupações
O aumento do nível dos mares vai afetar mais de 600 milhões de pessoas vivendo em áreas costeiras na América Latina e no Caribe, com a previsão de intensificação das inundações costeiras. Por outro lado, o aquecimento e a acidificação dos oceanos associados às mudanças climáticas devem reduzir a pesca marinha. Algumas previsões indicam que o recife de corais localizado na América Central, vai entrar em colapso em 2050 devido à acidificação do oceano.
A segurança alimentar está em perigo
Já foi antecipado que nas próximas décadas, aproximadamente 50% das terras dedicadas à agricultura em certas regiões serão afetadas pela desertificação e pela salinização. A mudança nos padrões de disponibilidade de água em toda a América Latina também está colocando a segurança alimentar em perigo. Mudanças no fluxo e na disponibilidade de água já foram observadas, e devem continuar se intensificando no futuro. Por exemplo: o gelo e os glaciares nos Andes estão diminuindo em uma velocidade alarmante, afetando o fluxo e o volume sazonal de água. Observa-se um aumento da vazão na bacia do rio da Prata (no Brasil, Paraguai, Argentina e Uruguai) e uma diminuição na região central dos Andes (Chile e Argentina) e na América Central.