“Esta apresentação acontece para que todos entendam a gravidade da prática do fracking, podendo ver de perto a realidade”. Foi dessa forma que o presidente do Legislativo Municipal de Deodápolis (MS), Marcio Teles (PSB), iniciou o debate sobre o fraturamento hidráulico – técnica que perfura o subsolo vertical e horizontalmente, injetando milhões de litros cúbicos de água em conjunto a centenas de produtos químicos para a extração do gás de xisto – na noite de terça-feira (20).
Com a presença da população, vereadores, secretários da educação e saúde e também de estudantes da Escola de Jovens e Adultos (EJA) da região, a especialista em sustentabilidade e coordenadora da Coalizão Não Fracking Brasil pelo Clima, Água e Vida (COESUS), Suelita Röcker, ministrou uma palestra para conscientizá-los dos principais riscos da atividade – que podem trazer sérios impactos na economia e na saúde do município, por conta da contaminação de águas superficiais e reservas subterrâneas, como também o solo e o ar, agravando o aquecimento global – uma vez que libera o metano, um dos gases conhecidos por causar o efeito estufa.
Após o debate, o técnico e assessor da Promotoria de Justiça de Deodápolis (MS), Divany Thomaz Duarte Júnior, representante do promotor Anthony Brandão Santos, relatou que todos devem se unir para impedir as ameaças à região. “Nós temos que agir para evitar que exista essa exploração em nosso município. Não devemos agir visando apenas o lucro, a economia, e, sim, a saúde da população”, complementou.
Já o vice-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) do município, Roberto Cirilo, entrou em contato pela primeira vez com o assunto durante a audiência, ficando surpreso com os riscos apresentados. “Nós temos que debater e nos informar mais sobre o fracking para não sermos enganados. Como formadores de opinião, devemos auxiliar a população a proteger nossa casa, nosso planeta”, explica.
Na ocasião, também foi apresentado um projeto de lei que impede o fraturamento hidráulico aos parlamentares que, de acordo com Teles, deve ser colocado à votação ainda este ano. “Sem a COESUS ficaríamos como estátuas, parados em relação ao tema. Hoje, entendemos que realmente precisamos proibir a exploração de fracking na região para obtermos uma qualidade de vida melhor”, finaliza. A equipe da COESUS também fez audiência pública no município de Ivinhema (MS) e na sexta-feira (23) fará outro evento em Naviraí (MS).
***
Paulinne Rhinow Giffhorn — jornalista da Fundação Internacional Arayara e da Coalizão Não Fracking Brasil pelo Clima, Água e Vida (COESUS).
Contatos:
[email protected]
(41)99823-1660 ou (41) 3240-1160 (comunicação)