Agressões diversas contra povos indígenas vem se intensificando no país e nesse processo vê-se claramente um contorno político. “Vemos diversas autoridades brasileiras, formadoras de opinião pública fazendo discursos xenófobos, incentivando a violência contra nossos povos, como falas de políticos incentivando fazendeiros a atacar indígenas no Mato Grosso”, aponta Kretã Kaingang.
O tema será abordado no debate público “De Galdino a Marcondes”, no dia 18 de janeiro na Universidade Federal da Bahia, em Salvador, com a presença de diversas lideranças indígenas, para encaminhamento de uma proposta de luta nacional contra o racismo.
A violência contra os indígenas é sistemática e os povos “sobreviventes” ao processo de dominação vem resistindo aos efeitos dos embates territoriais e pela luta de direitos com o Estado. No mesmo momento em que ressoa na mídia a morte do professor indígena, Marcondes Nambla Xokleng, diversos povos sofrem agressões diárias na luta pela defesa de territórios, sem que seja dada publicidade aos fatos.
Nesta semana, indígenas do povo Anacé, no município de Caucaia – foram tratados com hostilidade e ameaçados por policiais militares em um acampamento de retomada em um território indígena Japoara. A área de cerca de 9 hectares, segundo o Cacique Roberto Anacé, está a mais de dez anos parada e foi ocupada por dez famílias, que visam o resgate da terra para moradia e plantio.
“O Posseiro disse que resolveria a situação do jeito dele e está usando policiais como guarda-costas. A polícia não pode atuar no local por se tratar de terra indígena. Mas eles chegaram e derrubaram nossas barracas, ameaçaram agredir indígenas e sinalizaram que voltariam”, relata o cacique.
A 350.org Brasil e o Instituto Arayara manifestam indignação aos eventos recentes, apoiam as lutas indígenas e reforçam a desejo de justiça – e apuração aprofundada dos fatos, em especial ao assassinato de Marcondes Xokleng. “Além da urgência por justiça, defendemos a o combate a discursos que propagam o desrespeito, o racismo e a violência contra os povos e a culturas indígenas”, defende Juliano Bueno de Araujo, coordenador de campanhas da 350.org Brasil e diretor do Instituto Arayara.