O Brasil está experimentando uma variedade inédita de eventos climáticos radicais nos últimos meses: tornados no Sul, seca no Sudeste e chuvas torrenciais no Norte, contando ainda com alternâncias de temperaturas atípicas para o calendário, registrando frio no verão e calor do inverno.
Só nas últimas semanas, nos estados do Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul, a combinação de chuva bem acima dos 100 milímetros numa única ocorrência, ventos de mais de 110 km/h e granizo do tamanho de uma laranja provocaram estragos nas cidades e no campo, deixando centenas de pessoas desabrigadas e muitas até machucadas e levando pânico para as regiões afetadas.
“A cada ano, as mudanças climáticas estão se intensificando e aumentando o grau de destruição. E mais: Os eventos radicais do clima estão acontecendo em regiões onde nunca houve esse tipo de registro, o que deve servir para acender o alerta vermelho para todos nós”, afirma a diretora da 350.org Brasil, Nicole Figueiredo de Oliveira.
Representante no Brasil e América Latina do movimento global que denuncia as mudanças climáticas e prega o desinvestimento em combustíveis fósseis – emissores de CO2 – e causadores das alterações do clima no planeta, a diretora ressalta que “seca, enchentes, tufões, furações, nevascas, ondas de calor são sinais de que algo maior irá acontecer, caso nada seja feito”.
Nicole explica que, assim como no Brasil, em outras partes do mundo há registros de mudanças climáticas radicais e inéditas. Tudo porque a concentração de CO2 na atmosfera terrestre ultrapassou 400 partes por milhão (ppm) durante todo o mês de março desse ano, segundo dados da Agência Nacional de Observação Atmosférica – NOAA (sigla em inglês) dos EUA, intensificando o efeito estufa.
Embora os níveis de CO2 já tenham ultrapassado a marca de 400 ppm antes, essa foi a primeira vez que os níveis superaram essa marca por um período tão longo. Segundo a ONU, o limite para que a temperatura média no planeta não suba entre 2 a 2,4 graus Celsius é 350 ppm.
“A elevação da temperatura está derretendo as geleiras da Antártida e da Groelândia, elevando o nível dos mares e alterando o equilíbrio ambiental do planeta inteiro. A missão da 350.org é mostrar como essa elevação influencia a sua vida de todos e o que podemos fazer para evitar um problema ainda maior para o planeta”, explica Nicole.
Uma das soluções é desinvestir em combustíveis fósseis, como defende a 350.org. Entre muitas ações, o movimento denuncia os severos impactos e propõe o fim das operações de fracking no mundo, tecnologia usada para a exploração de petróleo e do gás do xisto, altamente poluidora e danosa à biodiversidade, à saúde humana e que têm contribuído em muito para as mudanças climáticas.