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A 13.ª Cúpula das Nações Unidas para a Biodiversidade (COP 13), que reúne representantes de 190 países para discutir a preservação do meio ambiente em Cancún, no México, recebe no dia 13 de dezembro às 18h15 – 21h15 no horário de Brasília – um evento paralelo realizado por entidades de conservação brasileiras. Em pauta, a proteção de áreas marinhas ameaçadas e utilização das mesmas para fins turísticos. O painel é uma iniciativa da Rede Pró Unidades de Conservação (Rede Pró UC), do Instituto Augusto Carneiro, do projeto Divers for Sharks e do Instituto Baleia Jubarte.

Em 2014, durante a COP 10, no Japão, foram estabelecidas metas para a redução da perda de biodiversidade do planeta, as Metas de Aichi. O acordo tem o intuito de proteger pelo menos 10% das áreas marinhas e costeiras mundiais por meio de Unidades de Conservação até 2020. O acordo é de extrema importância, devido a alterações que ocorrem no ecossistema por conta das mudanças climáticas. O Brasil, no entanto, não está trabalhando para o cumprimento dessas metas, segundo Angela Kuczach, diretora executiva da Rede Pró UC. “”Nos últimos cinco anos, estabeleceu-se uma corrida mundial e diversos países criaram áreas protegidas marinhas para se adequar ao acordo e frear a degradação dos oceanos. O Brasil, que tem mais de 8.000 Kms de costa e uma biodiversidade impressionante… nada”, declara Angela, que firmou recentemente parceria entre a Rede Pró UC e a 350.org Brasil, com o intuito de conscientizar a população a respeito da importância da conservação da biodiversidade nos oceanos como maneira de conter as mudanças climáticas.

Segundo dados do Ministério do Meio Ambiente, o Brasil possui 164 áreas prioritárias marinhas, sendo que dessas, 101 estão desprovidas de Unidades de Conservação e 90 se encontram com prioridade extremamente alta para conservação da biodiversidade. “Regiões como Alcatrazes, Albardão, Babitonga e São Pedro e São Paulo esperam há anos uma decisão do governo brasileiro para serem protegidas, a sociedade precisa se mobilizar para que aconteça”, afirma a diretora executiva da Rede. E complementa: “Além da preservação de espécies, a criação de Unidades de Conservação combate a contaminação das águas e acumulo de lixo, além de outras ameaças diretas às quais os oceanos estão expostos, como o fracking, que é a perfuração do solo para extração de gás”.

O side event brasileiro na COP 13 pretende apresentar alternativas de uso das áreas marítimas nacionais, para que possam ser protegidas e, ao mesmo tempo, gerar renda para o País. “Mergulho recreativo e ecoturismo, por exemplo, funcionam muito bem neste tipo de área”, revela Angela Kuczach. E complementa: “O turismo nessas áreas gera emprego para as comunidades costeiras e cria um ciclo virtuoso de economia compartilhada que, por sua vez, ajuda na economia nacional. Isso tem sido aplicado com sucesso em outros países, como a África do Sul”, enfatiza a ambientalista.

Já no início da COP 13, o México decretou a proteção da maior extensão de áreas naturais de sua história, 91 milhões de hectares – em sua maioria, marítimos –, o que resultou na duplicação da área com a qual o país havia se comprometido inicialmente. Países como Austrália – que possui a maior barreira de corais do mundo – e Chile também estão fazendo sua parte e aproveitando o potencial de conservação de espécies e turismo de suas áreas marítimas.

Durante o painel serão apresentados cases como o de Palau, um país que possui uma área terrestre três vezes menor que a cidade de São Paulo, mas criou a quinta maior área protegida marinha do mundo, com 500.000 km², isto é, o território do estado de São Paulo, Paraná e Rio de Janeiro juntos. “Cerca de 80% do território marinho de Palau está sob proteção integral, enquanto no Brasil apenas 0.14% do território está sob esta modalidade de proteção”, revela Angela.

Segundo dados do Ministério do Meio Ambiente, os cerca de 7.367 quilômetros que compõem a costa brasileira possuem uma das maiores concentrações de espécies marinhas do mundo. Das sete espécies de tartarugas marinhas conhecidas, cinco se encontram no litoral brasileiro e duas das quatro espécies da ordem Sirenia existentes no mundo ocorrem aqui, sendo uma delas o peixe-boi-marinho, o mamífero aquático mais ameaçado de extinção atualmente. No total, são 53 espécies de cetáceos (golfinhos e baleias), 57 espécies de mamíferos marinhos e centenas de espécies de peixes, aves, moluscos e artrópodos.

O side event terá transmissão ao vivo e poderá ser acompanhado a partir das 21h15 da terça-feira, 13 de dezembro, em: facebook.com/diversforsharks.

Link do evento: https://www.cbd.int/side-events/1959.