A Conferência da ONU para o Clima que reúne em Paris governantes do mundo, representantes da sociedade e ativistas ambientais de todas as partes do globo começa daqui a 20 dias com uma certeza: A ação do homem está provocando fenômenos que indicam o real aumento da temperatura no planeta.
Estudos científicos confirmam o que a experiência já nos faz sentir no dia a dia: o regime de chuva está ‘diferente’, com chuvas torrenciais trazendo enchentes ou secas rigorosas comprometendo o abastecimento, furacões e tornados em locais nunca registrados, derretimento das geleiras e o consequente aumento no nível do mar e desastres ecológicos sem precedentes na história. Isto sem falar na radicalização das temperaturas, com frio atípico no verão e calor no inverno, desrespeitando completamente o calendário e afetando a agricultura e outas atividades humanas.
Todos os ecossistemas também sofrem os efeitos da ‘bagunça’ do clima. Isto tudo é causado pelas mudanças climáticas. Para evitar o agravamento desse cenário, a COP 21 é o momento para colocar o clima na pauta de discussão e buscar um consenso entre os líderes mundiais nas metas de diminuição das emissões.
“Com o fracasso do cumprimento das metas definidas na Conferência de Copenhague, realizada em 2009, os sinais da natureza são claros: Não há mais tempo para conversações!”, afirma Nicole Figueiredo de Oliveira, diretora da 350.org Brasil e coordenadora nacional da campanha contra o fracking, que participará da COP 21.
Para Nicole, “é preciso partir para a ação imediatamente e diminuir as emissões de CO², promover o desinvestimento nos combustíveis fósseis e buscar alternativas para a produção de energia limpa e renovável”.
Níveis de emissão
A 350.org é um movimento global que denuncia as mudanças climáticas e defende que os combustíveis fósseis fiquem no solo. O nome da organização é inspirado na afirmação de James Hansen, diretor do Instituto Goddard para os Estudos Espaciais (uma entidade ligada à Nasa), que na década de 80 afirmou que as emissões deveriam ser reduzidas a 350 partes por milhão (ppm), nível seguro para preservar um planeta similar àquele em que a civilização se desenvolveu.
Hansen, em uma sessão realizada no Congresso, disse que a taxa de carbono seria a forma mais eficiente de diminuir as emissões e encorajar a utilização de fontes de energia não-fósseis. Para ele, essa seria a única forma de começarmos a avançar rumo a uma economia livre de carbono.
Segundo o cientista, seria preciso adotar medidas urgentes para diminuir as emissões de dióxido carbono (CO2), um dos gases responsáveis por aquecer o planeta e provocar o derretimento de gelo no Ártico.
Recorde nas emissões
Hansen, há mais de 20 anos, já alertava que o efeito estufa estava alterando o nosso clima. E os alertas continuaram ano após ano sem que nada fosse feito para mitigar os efeitos das mudanças climáticas. Boletim da Organização Meteorológica Mundial (OMM) divulgado nesta segunda-feira, 9, mostrou que o acúmulo na atmosfera dos gases que causam o efeito estufa bateu recorde em 2014.
O relatório alerta que a concentração atmosférica de CO² atingiu 397,7 partes por milhão, em 2014. No Hemisfério Norte, o acúmulo de dióxido de carbono superou a barreira simbólica de 400 partes por milhão, ppm, na primavera. O mesmo aconteceu este ano.
Segundo a OMM, entre 1990 e 2014 houve um aumento de 36% na força radioativa, que causa o efeito de aquecimento devido a grande concentração de dióxido de carbono, metano (CH4) e óxido nitroso (N²O). Esses gases são expelidos por fontes naturais ou atividades industriais, agrícolas e domésticas.
Os especialistas da agência da ONU citam ainda que a interação entre o dióxido de carbono e o vapor d’água amplifica o aquecimento.
Pelos recentes números, é preciso medidas urgentes e globais para garantirmos a manutenção da vida no Terra. E muitas dessas medidas serão definidas em Paris.